Sem perigo mais na plataforma adernada, que não é da Petrobras. Da Petrobras, é o novo petroleiro “Irmã Dulce”
Fernando Brito
O nosso estimado - a gente estima mesmo, de verdade, porque é de direita, mas civilizado – comentarista Luiz Felipe Salvatore cobrou-me falar sobre o acidente com a plataforma “da Petrobras” que adernou – já está tudo controlado, felizmente, sem ninguémm ferido ou uma gota de óleo vazada – na Bacia de Campos, na sexta-feira.
Eu já havia antecipado a ele que a plataforma não é da Petrobras, mas simplesmente alugada para perfurar aqui. A Petrobras só cuida, nela, da parte da perfuração. O resto é responsabilidade da empresa inglesa Noble Corporation e de sua tripulação. Inclusive a operação e conservação das válvulas eletromagnéticas que controlam a entrada de lastro nas “pernas submarinas”, com as quais se controla a estabilidade da plataforma, como você pode ver no desenho esquemático ao lado e que deram defeito.
Agora posso lhe dar informações mais precisas.
A Noble recebe – e não é pouco – para trazer e cuidar de toda a operação do equipamento, e a equipe da Petrobras cuida da perfuração do poço. E não foi aí o problema.O que coube à Petrobras fazer foi feito com rapidez e perfeição, quando a sonda apresentou problemas: desconectar e selar o poço que ela está perfurando.
A Petrobras paga à Noble a bagatela de US$ 428 mil dólares por dia de aluguel e ela tem, por isso, a obrigação de manter impecável o seu funcionamento.
Veja: US$ 428 mil por dia, desde 2009…
Caro? Pois é esse o preço de uma sonda de perfuração em águas ultraprofundas e, sabendo que temos cerca de 40 sondas operando aqui dá para ter uma ideia do dinheiro que isso custa ao Brasil.
Porque só agora estamos investindo na construção de sondas de petróleo, com a contratação no Brasil de 27 navios-sondas (que também levam estas “pernas”, chamadas de lower hull, por baixo. Quem quiser ver uma e estiver no Rio, repare a estrutura que está sendo carregada por um navio laranja, fundeado à direita de quem segue pela Ponte, no sentido Niterói).
E não é só em sonda.
Sexta-feira foi lançado ao mar o petroleiro Irmã Dulce (o da foto lá em cima) , com capacidade para transportar 600 mil barris de petróleo em seus 40 metros de largura e 228 metros de comprimento. É o décimo navio construído recentemente no Brasil, que não construiu um petroleiro sequer entre 1997 e 2010.
Assim que o Irmã Dulce desceu a carreira, para receber as instalações e equipamentos no cais, foi colocada a primeira peça do próximo petroleiro a ser feito ali, no Estaleiro Mauá, em Niterói, a sétima embarcação que ele executará para a Petrobras.
Claro que se o dinheiro que está sendo investido na construção destes navios e navios-sonda estivesse sendo pago como aluguel de equipamentos como aquele da Noble, o lucro da Petrobras , no curto prazo, poderia ser maior.
E o lucro do país, em produção e empregos, nenhum.
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