sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Guerra das teles a golpes de machado

e Paulo Bernardo nem aí…                       

Fernando Brito                                         
oi
É de admirar a capacidade pleonástica do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, ao definir como “práticas anticoncorrenciais” o que a Oi é acusada de fazer contra a GVT.
Segundo a denunciante, a “Broi” – nome que a empresa ganhou de Paulo Henrique Amorim depois dos acertos entre Carlos Jereissati e Daniel Dantas, “teria cortado cabos de ligação de telefones da GVT na infraestrutura compartilhada entre prestadoras de serviços de telefonia e de TV a cabo em prédios residenciais”.
Reparem bem: cortar cabos telefônicos!
A matéria do Valor é estarrecedora:
(…)a Anatel e a Justiça Federal de Brasília chegaram a emitir decisões cautelares para que a Oi encerrasse a prática.
O processo iniciado pelo Cade investigará outras três práticas anticompetitivas. “A Oi também é acusada de provocar lentidão e supostas falhas técnicas no tráfego de dados da GVT quando esta concorrente utilizava-se de interconexões com a sua rede para operar”, explicou o Cade.
Além disso, funcionários da Oi teriam se passado por clientes pedindo o cancelamento de portabilidades de pessoas que haviam solicitado a migração para a GVT.
Uma terceira denúncia afirma que empregados da Oi “teriam ameaçado instaladores de sistemas de telefonia da GVT em Salvador, na Bahia”.
Isso é apenas “prática anticoncorrencial”?
Nem aqui nem na China!
Isso é crime contra as telecomunicações, e devia dar cadeia a quem o pratica.
O Ministério das Comunicações e a sua inútil Anatel, a esta altura, já deviam estar colocando a faca no pescoço da “Broi”.
Ou será que vocês acham que uma empresa que manda dar machadadas nos cabos telefônicos de outra pode ter uma concessão pública?
Porque telefonia e telecomunicações em geral são concessões pública, se é que alguém se lembra disso.
O Ministro Paulo Bernardo, infelizmente, está muito ocupado para ver se “cava” um lugarzinho na coordenação da campanha de Dilma Rousseff à reeleição – acha pouco a campanha de Gleisi Hoffmann no Paraná – e não pode agir diante deste absurdo.
De que adianta Lula suplicar por um plano que leve acesso à internet a todos os brasileiros se as concessionárias tratam um serviço público em clima de briga de fazendeiro  cortando cerca um do outro?
Ou isso é o que se entende por “telefonia de mercado”?

CÂNCER: LULA SE VACINA CONTRA

ILUSTRES JORNALISTAS                       

Como se sabe, a Folha/SP blinda a próstata de tucano de alta plumagem
Paulo Henrique Amorim                  CONVERSA AFIADA
Para evitar que a Globo e a Folha/SP(*) e suas Ilustres 'colonistas'(**) sociais' deturpem mais do que será inevitavelmente deturpado, o Instituto Lula emitiu o seguinte aviso público de vacinação :
NOTA À IMPRENSA                                                                                                      
LULA REALIZA EXAMES DE ROTINA                                                                              
São Paulo, 31 de janeiro de 2014                                                                                
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará exames de rotina na manhã deste sábado (1), no Hospital Sírio Libanês. Os exames, pré-agendados, são parte do acompanhamento periódico que todo o paciente deve fazer após o tratamento contra o câncer. O ex-presidente concluiu seu tratamento contra a doença no primeiro semestre de 2012.                                                                                        
Clique aqui para ler “Sírio e Folha protegem saúde de Cerra”
(*) Folha/SP é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha/SP é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

Anivaldo  Padilha:  o assassinato da reputação de uma figura referencial 

Em determinado momento, para atacar Fernando Henrique Cardoso, críticos apontaram as armas da difamação contra dona Ruth Cardoso. Foi uma ignomínia, repudiada por todas as pessoas responsáveis da política.

Os ataques sofridos por Anivaldo Padilha, pelo fato de ser pai do Ministro Alexandre Padilha, são do mesmo nível. Mais ainda: Anivaldo tem uma história ainda mais rica que a de dona Ruth.
Clique aqui para um pouco da sua história na Igreja Metodista. Clique aqui para seu depoimento sobre o projeto "Brasil Nunca Mais".
Nos anos 70, foi uma das figuras centrais da resistência contra a tortura, na condição de representante do Conselho Mundial das Igrejas (http://tinyurl.com/m99w3s5). Exilado, foi figura chave do inesquecível arco ecumênico que juntou a Igreja Católica de Dom Paulo, a comunidade judaica de Henry Sobel, a Igreja anglicana de James Wright e a esquecida Assembleia de Deus.
 Foi preso, torturado, exilado e sequer pode assistir ao nascimento do seu filho Alexandre Padilha.
Graças a ele foram preservados os principais documentos da tortura, englobados no projeto Brasil Nunca Mais.
De volta ao Brasil, em nenhum momento perdeu de vista a busca do bem comum
A ONG fundada por ele – e por outros grandes brasileiros, como Betinho e Rubens Alves – tem 20 anos de existência e faz um trabalho excepcional junto a comunidades negras, quilombolas, seja para questões de inclusão, saúde etc (http://www.koinonia.org.br/default.asp).
Tem reconhecimento internacional. Nesse período, a ONG firmou convênios, parcerias e contratos de cooperação com os principais organismos internacionais, como o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), União Europeia, Ford Foundation (EUA), Christian Aid (Reino Unido), Church World Service (EUA), Conselho Mundial de Igrejas (Suiça), Igreja Unida do Canadá, Igreja Anglicana do Canadá, ACT Alliance, Igreja da Suécia, Canadian Foodgrains Bank, Norwegian Church Aid, entre outros.
Mais: em 2013, 89% de seu financiamento saíram de fontes internacionais ou privadas.
Todas essas informações foram ignoradas na matéria da Folha, assim como a informação de que Anivaldo deixou de ser executivo remunerado da ONG quando seu filho assumiu o cargo de Secretário de Relações Institucionais da Presidência da RepúblicaUma ONG de reputação internacional foi tratada como uma ONG qualquer, atrás de boquinhas das verbas públicas e um brasileiro histórico sendo alvo de assassinato de reputação:
A manchete da Folha foi assim:
Padilha faz convênio com ONG fundada por seu pai” - Pré-candidato do PT ao governo paulista, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) assinou convênio de R$ 199,8 mil com ONG que tem seu pai como sócio e fundador.
Em pouco tempo, a matéria foi repercutida por diversos veículos, lançando a mancha da suspeita sobre uma figura inatacável:
Prestes a deixar o Ministério da Saúde para disputar o governo de São Paulo, Alexandre Padilha não apenas se utilizou da cadeia nacional da rádio e televisão para fazer campanha antecipada como assinou convênio no valor de 199.800 reais com uma entidade da qual seu pai, Anivaldo Pereira Padilha, é sócio e fundador."
Folhaoposição vai investigar ONG de pai de Padilha
TerraPadilha faz convênio de R$ 199 mil com ONG fundada por seu pai.

A TROCA DE EMAILS

Para fazer a reportagem, o jornal consultou a ONG. E dela recebeu as seguintes informações:\
Em 27.01.2014 12:30, Fernanda Odilla escreveu:
Prezado Rafael,
tudo bem?
Estamos fazendo matéria sobre os dois convênios que a Koinonia assinaram com o governo federal (Justiça e Saúde) no fim de 2013.
Assim, gostaria de saber:
- Em relação aos dois convênios: o que os projetos prevêem, eles já começaram e algum valor já foi liberado?
- O fato do sócio da Koinonia, Anivaldo Padilha, ser pai de Alexandre Padilha pesou, de alguma forma, na seleção dos projetos pelo governo federal? Como?
- Além desses dois convênios, a Koinonia tem alguma outra parceria com os ministérios da Justiça e da Saúde? Quais?
- Como sócio da Koinonia, quais são as atribuições de Anivaldo Padilha na instituição?
 Preciso dessas informações ainda hoje, segunda (27/01), até as 18h. Estou a disposição para qualquer dúvida.
Em 27 de janeiro de 2014 Rafael Soares de Oliveira escreveu:
Prezada Sra. Fernanda,
Com prazer responderemos as suas perguntas.
Todos os dados sobre os Convênios de KOINONIA estão disponíveis no Portal de Convênioswww.convenios.gov.br.
O Sr. Anivaldo é nosso associado e  tem por obrigação participar de nossas Assembleias.
Sempre participamos de editais públicos e submetidos às suas regras, com isenção e espírito público.
Se a Sra. necessita de maiores informações e detalhes poderemos fazê-lo a partir de quarta, 29 pela manhã, pois estamos em reunião interna de avaliação e planejamento até dia 29 e sem maior tempo para isso antes disso.
Atenciosamente,
Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo

KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço

Em 29 de janeiro, Fernanda Odilla escreveu
Prezado,
como combinamos, gostaria apenas de esclarecer essas dúvidas:
- qual é a participação dos associados nas assembleias anuais? eles decidem apenas linhas gerais ou participam da indicação e/ou sugestão de projetos?
- além do convênio firmado no ano passado e do repasse de R$ 60 mil para o seminário "Fortalecendo laços: Seminário Regional Inter-Religioso de incentivo ao diagnóstico precoce ao HIV" em 2011, quais são os outros repasses do Ministério da Saúde com a Koinonia?
- quem financia as principais atividades e projetos da Koinonia? São os convenios com o governo federal, com organismos internacionais, doações ou recursos próprios?
Em 29 de janeiro, Rafael Soares de Oliveira escreveu:
Prezada Fernanda,
Com Amor e pela Justiça!
A Organização Ecumênica KOINONIA é uma instituição sem fins lucrativos que completa - em 2014 – 20 anos de trabalho. Tem entre suas diversas fundadoras e fundadores o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, o escritor Rubem Alves e o educador Carlos Brandão e atua nas áreas de saúde, combate ao racismo, direitos civis e humanos e liberdades religiosas.
Durante esses 20 anos, a entidade firmou convênios, parcerias e contratos de cooperação com organismos internacionais - Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), União Europeia, Ford Foundation (EUA), Christian Aid (Reino Unido), Church World Service (EUA), Conselho Mundial de Igrejas (Suiça), Igreja Unida do Canadá, Igreja Anglicana do Canadá, ACT Alliance, Igreja da Suécia, Canadian Foodgrains Bank, Norwegian Church Aid, entre outros.
Cabe informar que grande parte da receita da entidade é obtida por meio do financiamento das entidades e organismos internacionais. Em 2013, por exemplo, do total do orçamento da KOINONIA, 85,96% foi composto por doações internacionais e nacionais não-governamentais. Os recursos governamentais compuseram 14,04% da receita.
KOINONIA conta com 45 associados e associadas que definem as linhas gerais de ação e elegem por meio da Assembleia Geral sua Diretoria e Conselho Fiscal para um mandato de três anos, sem qualquer tipo de remuneração - conforme Código Civil. A área executiva é remunerada e contratada pela Diretoria. Compunham até 2009 essa área executiva os cargos de Diretor Executivo e Secretário de Planejamento e Cooperação. Projetos, convênios, orçamentos são atribuição e mandato da Diretoria e são  fiscalizados pelo Conselho Fiscal. 
O senhor Anivaldo Padilha é associado da entidade e exerceu a função de Secretário de Planejamento e Cooperação, recentemente, de 01 de janeiro de 2007 a 25 de setembro de 2009. Nesta data, entregou à entidade carta pedindo afastamento das funções de Secretário de Planejamento e Cooperação(segue em anexo). Ocasião em que se extinguiu a ocupação do referido cargo.
A prestação de contas da KOINONIA é analisada pelo Conselho Fiscal, aprovada pela Assembleia Geral anualmente. A entidade tem como prática submeter as contas à auditoria externa, também anualmente.  
Atenciosa e fraternalmente,
Rafael Soares de Oliveira

Diretor Executivo

Em 29 de janeiro, Rafael Soares Oliveira escreveu
Prezada Fernanda,
Com Amor e pela Justiça!
Em resposta adicional à sua pergunta telefônica.
KOINONIA teve contratados recursos via Ministério da Saúde em 1999, pelo Contrato de Financiamento de Atividades para o Projeto “Mulheres e Aids: Ações Preventivas Através das Igrejas”, no valor de R$ 39.158,00.
Atenciosa e fraternalmente,
Rafael Soares de Oliveira
Diretor Executivo
As matérias publicadas
As matérias, como foram publicadas
Repasse de R$ 199,8 mil prevê ações de prevenção a doenças como Aids
Acordo foi firmado antes de o ministro deixar a pasta para assumir pré-campanha ao governo de São Paulo
FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA
Antes de deixar o comando do Ministério da Saúde para se dedicar à pré-campanha ao governo paulista pelo PT, Alexandre Padilha assinou convênio de R$ 199,8 mil com uma entidade da qual o seu pai, Anivaldo Pereira Padilha, é sócio e fundador.
No dia 28 de dezembro de 2013, a ONG Koinonia - Presença Ecumênica e Serviço e o Ministério da Saúde firmaram acordo para executar "ações de promoção e prevenção de vigilância em saúde".
O convênio prevê, até dezembro, a capacitação de 60 jovens e a formação de outros 30. Por meio de palestras, aulas e jogos, eles serão treinados sobre como evitar e tratar doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids.
Apesar de a entidade ter representação no Rio, em Salvador e em São Paulo, o projeto que conta com verba do Ministério da Saúde será executado somente na capital paulista, segundo funcionários da Koinonia.
O convênio assinado por Padilha autoriza o empenho da da verba, o que significa que o ministério já se comprometeu a pagar os R$ 199,8 mil à ONG, embora ainda não tenha feito o desembolso.
Anivaldo nega qualquer irregularidade ou favorecimento na escolha da entidade, assim como o ministério (leia texto nesta página). O pai do ministro diz ainda que, desde 2009, não exerce função na coordenação de projetos, nem das instâncias de decisão da entidade.
Admite, no entanto, que é convidado a participar de palestras e eventos em que relata as ações da organização. Como sócio da entidade, está previsto que ele participe das assembleias que, anualmente, definem as linhas gerais de atuação da ONG.
Desde 1998, a Koinonia fez pelo menos nove convênios com diferentes ministérios que, juntos, somam cerca de R$ 1,75 milhão. Na gestão de Padilha na Saúde, além do assinado em dezembro, a ONG também firmou um termo de compromisso de R$ 60 mil para promoção de um seminário em 2011.
No final de 2013, a entidade assinou convênio com o Ministério da Justiça no valor de R$ 262,1 mil para colher depoimentos e fazer documentários, site e livro sobre a participação protestante na luta contra a ditadura militar.
A Koinonia, presidida pelo bispo emérito da Igreja Metodista do Rio, Paulo Ayres Mattos, se autodefine como "um ator político do movimento ecumênico e que presta serviços ao movimento social". A ONG participa de projetos ligados sobretudo à comunidade negra, trabalhadores rurais e jovens.
Padilha desembarcará definitivamente em São Paulo na próxima semana e, no dia 7, a ideia é que dê início a uma caravana pelo interior.
O ministro concentrou no Estado a participação em atos oficiais desde o fim do ano passado, quando sua situação de pré-candidato do PT já estava definida. O ministério afirmou à época que Padilha atendia a convites e que São Paulo "concentra o maior número de unidades de saúde, possui hospitais de excelência e entidades do setor".
DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde informou que o convênio com a entidade da qual o pai do ministro é sócio e fundador atendeu a critérios técnicos e que o processo de análise seguiu regras estabelecidas pela administração pública. Alexandre Padilha não se pronunciou sobre o caso.
A Koinonia e Anivaldo Padilha também negaram qualquer influência política na seleção da entidade. "O fato de ser pai de Alexandre Padilha não pesou e nem influenciou na seleção de projetos", disse Anivaldo.
Ele afirmou ainda que, desde 2009, não participa da "supervisão ou coordenação de projetos, nem das instâncias de decisão da entidade", apesar de seu nome constar como sócio no site da ONG.
Anivaldo explicou que se desligou da direção da Koinonia quando o filho assumiu o comando da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, em 2009, para "cumprir o que determina a legislação e evitar qualquer tipo de conflito de interesse ou prejudicar a continuidade dos programas".
Depois de análise nos sistemas de convênios e parcerias, o ministério disse que identificou na gestão de Padilha, entre 2011 e 2014, a participação da entidade em quatro seleções, sendo que ela foi desclassificada em duas "por não atender aos critérios técnicos exigidos".
Além da parceria de R$ 199,8 mil com a Koinonia, a Saúde informou que, em dezembro de 2013, foram firmados outros 448 convênios com ONGs.
"Sempre participamos de editais públicos e submetidos às suas regras, com isenção e espírito público", disse Rafael Soares de Oliveira, diretor-executivo da Koinonia.

Mainardi é minha 'anta'

(com apreço ao maior e mais perseguido mamífero da fauna brasileira)  
                                        Blog da Cidadania por Eduardo Guimarães
Em 2007, o ex-colunista da revista Veja (hoje um dos apresentadores do programa Manhattan Connection, da Globo News) Diogo Mainardi publicou livro que surpreendeu o país por ter como título insulto ao então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que batia recordes sucessivos de popularidade e terminou seu governo com 80% de aprovação.
O livro “Lula é minha anta”, porém, segundo seu autor não questiona a inteligência do ex-presidente – e seria prova ainda maior de burrice se o fizesse –, pois cita o animal como “substantivo” e não como “adjetivo”.
Explico: Mainardi via Lula como “anta” no sentido de um animal a ser caçado, ou melhor, a ser cassado. Literalmente.
O título do livro teve origem em uma das colunas do sujeito publicada na Veja em 2005 sob o título “Uma anta na minha Mira”. No trecho do texto reproduzido abaixo, o autor explica a “razão” do insulto ao então primeiro mandatário do país.
—–
(…) Passei o ano todo amolando Lula. Dediquei-lhe mais de trinta artigos. Prometi derrubá-lo em 2005. Fracassei. Prometo derrubá-lo em 2006. Chegaram a atribuir motivos ideológicos à minha campanha contra o presidente. Não é nada disso. Tentei derrubá-lo por esporte. Há quem pesque. Há quem cace. Eu não. Prefiro tentar derrubar Lula. Ele é minha anta. Ele é minha paca (…)
—–
O ex-editor da Editora Globo Paulo Nogueira escreveu recentemente em seu blog, Diário do Centro do Mundo, que se tornou desafeto de Mainardi por ter dito que ele “vivia de Lula”, ou seja, que a única projeção real que obteve em sua carreira se deveu à caça que empreendeu ao petista ao longo dessa obsessiva campanha de três dezenas de artigos.
Alguém pode discordar do blogueiro do DCM?
Mainardi não conseguiu “derrubar” Lula em 2006 nem nos anos seguintes por uma simples razão: não é um homem de ideias, não faz críticas sérias a Lula, ao PT, a Dilma, aos governos petistas e ao país em que vive, o qual, aliás, ele detrata de uma forma que brasileiro algum pode aceitar.
Após recente polêmica em que esse indivíduo se meteu ao tentar – e não conseguir – humilhar a empresária Luiza Trajano, presidente da rede varejista Magazine Luiza, no programa de que participa na Globo News, eclodiu nas redes sociais um outro texto dele, também de 2005, em que faz um pavoroso ataque a este país.
Sim, o Brasil tem muitos problemas – entre os quais sua classe política, suas instituições em geral, como ocorre em tantos outros países jovens como este –, mas o que Mainardi disse não deriva desses problemas, mas de um verdadeiro ódio que nutre não só ao país, mas ao seu povo.
Um trecho daquele texto hediondo esclarece tudo:
—–
(…) Entre viajar para os Estados Unidos e rodar pelo Brasil, é muito mais recompensador viajar para os Estados Unidos. O potencial turístico brasileiro costuma ser grandemente superestimado. Jamais seremos uma meta preferencial dos estrangeiros. O país tem pouco a oferecer. Só desembarcam aqui os turistas mais desavisados. Ou então os que buscam sexo barato. O mundo está cheio de lugares mais atraentes que o Brasil. Da Tunísia à Croácia, da Indonésia à Guatemala. Temos muitas praias. Mas nosso mar é feio. Turvo. Desbotado. Com despejos de esgoto. Pouco peixe. Peixe ruim. Chove demais. Chove o ano todo. Não temos monumentos. Não temos ruínas arqueológicas. Nossas cidades históricas são um amontoado de casebres ordinários e igrejas com santos disformes. Não temos o que vender porque não sabemos fazer nada direito. Não temos museus (…)
—–
É por proferir “pérolas” como essas que tanta gente, no Brasil, despreza Mainardi.
Aliás, a repulsa nacional a esse sujeito é tanta que post que publiquei semana passada, sob o sugestivo título “Diogo Mainardi paga mico na Globo News”, bateu o recorde de audiência deste Blog, com mais de 32 mil pessoas que curtiram o texto no Facebook – até o momento em que aqui escrevo, pois a “curtição” continua correndo solta naquela rede social.
O comportamento sociopático do enfant terrible em questão ecoa desde 1979, no período “black block” dele, quando, de relógio Rolex no pulso – filhinho de papai que era –, apareceu depredando uma agência bancária durante uma greve do setor (vide foto acima). A cena saiu em destaque na revista Veja (edição nº 576 de 19 de set. de 1979).                                                                                                                         
Ao longo da vida, essa anta (adjetiva) continuou praticando depredações. Depredou a boa educação, depredou o bom gosto, depredou – ou tentou depredar – a imagem de seu país, depredou a lógica, depredou o jornalismo, depredou a literatura, depredou a verdade e, no domingo-19, depredou o programa Manhattan Connection.
anta

A missão de Thomas Traumann, novo titular da Comunicação no governo Dilma

 Paulo Nogueira                       
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Thomas Traumann foi uma excelente aquisição para a Secom, em Brasília.
Trabalhamos juntos na Época em meados dos anos 2000. Thomas é um jornalista competente e um homem de caráter.
Fazia, na revista, uma das seções mais lidas: Filtro. Como o nome diz, era uma filtragem das notícias mais importantes da política. (O espírito dela está presente em nosso Essencial.)
Eu era diretor editorial, e minha divisa era: “um olho na revista e outro no site”. Thomas, com seu Filtro, era a representação disso.
Na edição semanal, você tinha ali o principal do mundo político no papel. Diariamente, pela internet, você se informava por Thomas.
O mundo político acompanhava-o. Lembro que uma vez Serra, então forte candidato à presidência, nos contou que uma de suas leituras obrigatórias era o Filtro de Thomas.
Ele chega à Secom sob uma cínica desconfiança da mídia.
Absurdamente privilegiada há anos, décadas, por sucessivos governos com coisas como publicidade em doses abjetas e financiamentos a juros maternos em bancos públicos, a mídia teme que a Secom coloque algum dinheiro em blogs que representam, hoje, a garantia de que vozes e visões alternativas chegarão à sociedade.
As companhias de jornalismo defendem, essencialmente, seus próprios interesses – e os do grupo a que pertencem, o chamado 1%.
Antes da internet, elas comandavam – manipulavam – a opinião pública. Veja o que elas fizeram com Getúlio e, depois, Jango. Com Lula, no Mensalão, o mesmo comportamento padrão se repetiu – a tentativa de minar governantes populares. A diferença é que a estratégia não funcionou. A intenção era a mesma.
Foi nesse quadro que a internet surgiu e floresceu como uma vital contrapartida às empresas de mídia.
Colunistas que reproduzem o pensamento patronal estão criticando a nomeação de Thomas.
Reinaldo Azevedo – que tem uma velha obsessão por mim – é um deles.
É até engraçado. Quando dirigiu uma revista a favor do PSDB, Azevedo recebeu mensalões do governo paulista na forma de anúncios. Nem isso foi suficiente para salvar a publicação.
A revista para a qual ele trabalha – a Veja – é abençoada com a compra de lotes consideráveis pelo governo de Alckmin.
Os exemplares vão terminar em escolas estaduais cujos alunos estão na internet. São conhecidos os relatos de gente que vê as revistas indo para o lixo exatamente como chegam – na embalagem plástica.
Alguém pode imaginar jovens lendo revistas de papel, com a internet à sua disposição? Mas o governo Alckmin gasta milhões em Vejas que não serão lidas por estudantes que sequer a conhecem.
Thomas Traumann chega com uma missão relevante: dar mais nexo ao investimento publicitário oficial.
Faz sentido a Globo – com audiência em queda aguda por conta também da internet – continuar a receber tanto dinheiro em anúncios governamentais?
A Globo é uma bizarrice. Graças ao BV (Bonificação por Volume), uma espécie de propina para as agências, a Globo tem 60% da receita publicitária brasileira tendo 20% da audiência.
Todo este dinheiro – o governo colocou 6 bilhões de reais nos últimos dez anos – alimenta uma máquina que defende os interesses dos Marinhos, dos Marinhos e ainda dos Marinhos.
E defende bem: os herdeiros de Roberto Marinho têm, juntos, a maior fortuna do Brasil, como mostra a lista de bilionários da Forbes. São cerca de 55 bilhões de reais, somados.
Durante muito tempo, só o governo pagava tabela cheia de publicidade quando os anunciantes privados tinham descontos que podiam passar de 50%. Era uma torração infernal de dinheiro público.
Dívidas com bancos oficiais eram pagos, frequentemente, com anúncios. Nos anos 1980, o Jornal do Brasil regurgitava de anúncios do governo.
Investir no jornalismo digital é fundamental – sobretudo para a sociedade. Jango não teria sido derrubado tão fácil se na época houvesse a internet para mostrar o que os jornais não mostravam.
Teríamos evitado, simplesmente, a ditadura militar – a qual, além de matar brasileiros, construiu um país campeão mundial de desigualdade.
Os militares – apoiados pela mídia – fizeram um governo de ricos, por ricos e para ricos.
Thomas, na Secom, é a esperança de que cheguem ao fim as mamatas das empresas de mídia no que diz respeito às verbas oficiais.
Se Thomas se sair bem, mais que o governo Dilma, quem ganhará mesmo é a sociedade brasileira.
Paulo Nogueira
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises 'Diário do Centro do Mundo'

Nas asas da sueca Saab

Escolhida para sediar a produção de caças da FAB, a paulista São Bernardo do Campo também poderá fabricar 'drones'
Luiz Antonio Cintra               Carta Capital 

Gripen
Um caça Gripen da Força Aérea da África do Sul, versão anterior à comprada pelo Brasil
Vice-presidente sênior da sueca Saab, Dan Jangblad estará nos próximos anos à frente do projeto de construção dos caças Gripen NG, o modelo escolhido recentemente pelo governo brasileiro. A encomenda bilionária – de cerca de 4,5 bilhão de dólares para 32 jatos – deverá criar ao menos mil empregos em São Bernardo do Campo, prevê o prefeito da cidade, Luiz Marinho (PT), que festeja a chegada da Saab, dona, desde 2011, de um centro de inovação e pesquisa na cidade do ABC paulista. “Foi a melhor opção para o Brasil, principalmente pela garantia de transferência de tecnologia, que com os suecos temos certeza de que acontecerá”, diz Marinho.
Na entrevista a seguir, Jangblad fala da encomenda brasileira, de outros negócios semelhantes em negociação mundo afora e comenta a possibilidade de a fábrica de São Bernardo também produzir drones mais adiante. Para tanto, bastaria surgir um parceiro nacional disposto a se associar à Saab.
CartaCapital: Em que países os jatos Gripen são fabricados atualmente?
Dan Jangblad: O único local onde fazemos a montagem completa dos aviões Gripen é em Linköping, na Suécia. Temos algumas unidades em outros países para fabricar partes de aviões, partes da fuselagem, por exemplo, e de lá são embarcadas para a Suécia.
CC: Quantos funcionários a Saab emprega?
DJ: No total são 10 mil funcionários na Suécia.
CC: E existe a chance de o investimento em São Bernardo causar demissões na Suécia?
DJ: Será um investimento ‘ganha-ganha’, bom para ambos os lados porque os volumes de vendas irão crescer. O potencial do Gripen foi confirmado pelo mercado, e eu estou muito otimista. É uma grande oportunidade para todos.
CC: Existem outros países interessados em encomendar os caças da Gripen?
DJ: O governo suíço escolheu recentemente comprar os nossos caças. Agora estamos aguardando apenas o resultado do referendo para confirmar a escolha, previsto para ocorrer em maio.
CC: Um referendo popular para autorizar o negócio?
DJ: Sim, lá eles têm uma democracia diferente da de outros países. Na Suíça, todas as decisões mais importantes passam por um referendo, o que é sempre interessante. No caso do Gripen NG, o escolhido pelo Brasil, estamos em conversas com a Suíça e a própria Suécia. Com outros países estamos em negociação para a venda das versões anteriores, na África do Sul, República Checa, Hungria, Tailândia e, claro, mais uma vez a Suécia.
CC: A venda de caças militares tem um risco político, não?
DJ: Sim, sem dúvida.
CC: E existe alguma relação entre a escolha de São Bernardo e o fato de o ex-presidente Lula ter sua origem política na cidade?
DJ: Sobre isso eu não sei, mas o que sei é que temos um ótimo apoio do prefeito Luiz Marinho. O prefeito entendeu que temos condições de contribuir com a cidade. De nossa parte, escolhemos São Bernardo por saber que aqui os investimentos industriais funcionam. Também é uma situação do tipo “ganha-ganha”.
CC: O sr. conheceu o ex-presidente Lula?
DJ: Não o conheço pessoalmente.
CC: E o sr. tem uma opinião a respeito dele?
DJ: O que vi do exterior é que ele foi um presidente que mudou muito o Brasil e realizou muitas coisas para os brasileiros. É realmente fascinante como ele se tornou um ícone político mundial.
CC: No Fórum Econômico Mundial, em Davos, surgiram vários comentários pessimistas em relação à economia brasileira. O sr. também está pessimista?
DJ: Quando olhamos a economia mundial hoje, vemos muitos pessimistas. Na Europa, tenho visto basicamente verdadeiros massacres em economias próximas a nós. Comparando a isso, eu não estou muito tenso com a economia brasileira. Hoje em dia estamos habituados a situações difíceis. Não sou expert, mas não estou extremamente preocupado.
CC: O uso crescente de drones afeta o seu negócio?
DJ: Também trabalhamos com veículos não tripulados.
CC: É possível que esses equipamentos também sejam produzidos em São Bernardo?
DJ: Sim. Como disse antes, o Brasil é um país muito avançado em matéria de indústria aeronáutica. E certamente vejo um potencial para parcerias aqui, inclusive no caso de veículos não-tripulados. Basta encontrarmos um sócio no Brasil interessado, porque a expertise existe.