terça-feira, 30 de setembro de 2014


Sabe quanto a “picaretagem de mercado” 


ganha com a Petrobras? 


Paulo Roberto Costa é “fichinha”


Fernando Brito                      
petrobras
Todo dia você lê que a Petrobras “perdeu X bilhões de valor de mercado”, não é?
Não perdeu coisa nenhuma, porque só perderia se a empresa fosse vendida.Isso é usado como argumento contra a mais importante empresa brasileira que é, aliás, propriedade do nosso povo.
Mas suas ações perdem, sim.
Pois se você quer saber como isto envolve uma onda de “espertezas” que não merece outro nome além de criminosa, leia a matéria do insuspeito site Infomoney, especialista em “cantar a pedra” de quedas na Bovespa com as pesquisas que revelam o favoritismo de Dilma.
“Investidor que aplicou R$ 1.000 em opções de venda de Petrobras no início de setembro e vendeu hoje viu seu dinheiro virar R$ 11.240, sem considerar os custos da operação”
E a matéria discorre como os “iluminados” que compraram “opções” das ações da petroleira estão rindo de orelha a orelha, com lucros de 200 ou até 300% com a queda vertiginosa que as explorações políticas das pesquisas eleitorais provocam nestes papéis, que vinha subisndo consistentemente desde o início do ano, com as boas perspectivas da empresa e do pré-sal.
Nem traficante de drogas ganha tanto, em tão pouco tempo.
Não preciso dizer que, nos Estados Unidos, um movimento deste tipo em ações das grandes empresas americanas teria, a esta altura, posto gente na cadeia.
Entre ADRs (“vale-papel” pelas ações da Petrobras que FHC vendeu na Bolsa de NY) e ações preferenciais e ordinárias, o movimento médio diário da Petrobras na Bolsa anda na casa de US$ 1,5 bilhão.
Sentiu o tamanho da “brincadeira”?
Paulo Roberto Costa é 'trocado'...
Dilma a perigo...



DataCaf: Dilma a 2 pontos do 1° turno                             

Até domingo a Bláblá afunda que nem a P-36
Sugestão do amigo navegante Alon


DataCaf de terça (30), da boca do forno:

Dilma Rousseff 40

Bláblárina 24

Aécio 18

Se houver segundo turno – hipótese cada vez mais remota:

Dilma 46.

Candidata contra (aqui) o pré-sal 40


Em tempo: lembra, amigo navegante, quando Ataulfo (no ABC) dizia que tempo de tevê (aqui) é irrelevante?

A Bláblá gostaria de ter uma conversinha com ele.


(Paulo Henrique Amorim)



E Levy virou herói de 


Lobão e da direita 


brasileira

Paulo Nogueira                 

                              Levy Rules
Levy Rules
Fidelix rules!!
Assim reagiu no Twitter Lobão à diarreia homofóbica de Levy Fidelix no debate da Record.
Numa tradução livre, Fidelix brilhou.
Você pensa que Lobão não pode ser mais obtuso, mas ele sempre surpreende e encontra novos limites para a estupidez e o reacionarismo.
Lobão é uma amostra expressiva de como a direita respondeu a Fidelix. Com embevecimento diante de alguém que disse verdades à “ditadura gayzista”, um herói que ousou desafiar o pensamento “politicamente correto”.
Levy Fidelix, o candidato que era uma piada até virar uma infâmia, é, hoje, um ídolo da direita brasileira. Isso mostra o panorama desolador do conservadorismo nacional.
Roger Moreira, também no Twitter, admirou a coragem de Fidelix. Quer dizer: Fidelix não foi vulgar, não foi obsceno, não foi idiota. Foi, para Roger, um exemplo de bravura.
Outro reacionário notório, Reinaldo Azevedo, torturou o jornalismo e a língua portuguesa ao falar sobre o caso. Ele se referiu a uma “suposta” homofobia.
Portanto, no Planeta Azevedo, podemos discutir se as palavras de Fidelix foram – ou não – homofóbicas. Há sempre a possibilidade, segundo esta ótica peculiar, de que Fidelix tenha elogiado os homossexuais ao dizer que eles têm que se tratar, mas longe de nós.
O cuidado extremo com que Azevedo se referiu a Fidelix só vale, naturalmente, para a direita.
Dias antes, eles escrevera, a propósito do caso Petrobras, que o delator REVELARA – ele usou maiúsculas – coisas terríveis contra Dilma.
O delator não afirmou, não disse. Ele REVELOU. No Planeta Azevedo, acusações contra adversários de seus patrões não são acusações. São REVELAÇÕES. Você pula a etapa da investigação, da defesa, da exibição de provas, se as houver, e da decisão da justiça.
Importante: isto para os inimigos.
Dias atrás, o jornalista Ricardo Kotscho escreveu que a origem da raiva de Roberto Civita contra Lula reside na diminuição da publicidade do governo federal para a Abril.
Está errado dizer, segundo o jornalismo decente, que Kotscho REVELOU. O certo é registrar que Kotscho “afirmou”.
Mas, sejam quais sejam as origens do ódio da Veja a Lula, o fato é que o jornalismo decente deixou de valer faz muito tempo para a revista, substituído por uma patética panfletagem sem nenhuma credibilidade senão para um público limitado de analfabetos políticos.
No caso de Fidelix, outro argumento da direita em favor do seu bestialógico recorre à liberdade de expressão, como se você pudesse dizer qualquer coisa e invocá-la.
Em maiúsculas, como Azevedo, Malafaia congratulou Fidelix no Twitter. “PARABÉNS, LEVY FIDELIX, POR VOCÊ FALAR O QUE PENSA. ESTAMOS EM UMA SOCIEDADE LIVRE. O ATIVISMO GAY QUER IMPLANTAR A DITADURA DA OPINIÃO! VALEU!”
Bom, pelo menos parece que Mafalaia saiu da fase da “ditadura bolivariana” para admitir que vivemos numa “sociedade livre”.
Há regras para a liberdade de expressão, como para tudo. Nos dias de hoje, por exemplo, caso alguém em solo americano se manifeste publicamente a favor dos Estados Islâmicos irá, rapidamente, para a cadeia.
Um juiz americano colocou isso de forma didática. Imagine um teatro lotado. Se alguém gritar “fogo”, pode gerar um pânico que leve a mortes. É inútil invocar depois, na justiça, a liberdade de expressão para poder gritar “fogo”.
Por mais que os conservadores queiram, Levy Fidelix não foi destemido, não foi iconoclasta, não foi brilhante.
Foi apenas sem noção, ou, para quem gosta de definições mais diretas, um perfeito idiota.
(Acompanhe as publicações do DCM no Facebook. Curta aqui).
Paulo Nogueira
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Sem registro da OAB, Barbosa terá que recorrer à Justiça, torcendo para não     encontrar outro Barbosa por lá              

                        
Jornal GGN – A Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal rejeitou um pedido de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal de ter direito a registro para exercer a advocacia. Ibanez Rocha, presidente da OAB-DF indeferiu o registro alegando que a conduta do ex-ministro feriu a ética profissional e citou dois desagravos feitos pela entidade em defesa de advogados que foram ofendidos por ele.
Um dos ofendidos por Barbosa foi o ex-ministro Maurício Correa, já falecido e que foi acusado por ele de usar o prestígio como ex-ministro para ações que transitavam no STF. O outro alvo de Barbosa foi o advogado José Geraldo Grossi, que teria sido ofendido pelo ex-ministro quando presidente do STF que afirmou haver um conluio de advogados para defender os mensaleiros.
A OAB já notificou Joaquim Barbosa da decisão de seu presidente. Agora, o ex-ministro terá que recorrer à comissão de seleção para pedir que o despacho de Ibanez Rocha seja anulado. Outra opção de Barbosa será recorrer à Justiça para ter direito ao registro da Ordem.


Os três patéticos
e o discurso
de Dilma na ONU


Antonio Lassance (*)                                  

Arquivo

Sábio é o ditado de que “Deus não dá asa a cobra”.
Já imaginou se nossa política externa fosse comandada por um time como Demétrio Magnoli, Reinaldo Azevedo e Arnaldo Jabor?
A única dúvida seria a de onde estariam nossas tropas na semana que vem.
Moe, Larry e Shemp não leram, não ouviram e mesmo assim não gostaram do discurso da presidente Dilma na ONU. Uma semana depois, o episódio ainda rende comentários.
Como ousam Dilma e o Itamaraty invocar a solução pacífica dos conflitos, enquanto os três patéticos pedem Capitão América e Rambo?
Esse princípio constitucional da política externa brasileira acabou virando, com a obtusa ajuda do Partido da Imprensa Golpista, mais um legado do petismo.
Se Azevedo, Magnoli e Jabor nos mostram que a História do Brasil realmente começou com Lula e Dilma, quem somos nós para discordar?
Os pistoleiros de nossa política externa acusaram Dilma de querer negociar com terroristas e até de reconhecer o Estado Islâmico – balas de festim do esforço concentrado para derrubar qualquer meia dúzia de votos da presidenta. Quanto vale esse esforço?
O mais intrigante é que os terroristas do Estado Islâmico têm sotaque britânico; usam armas do Ocidente; combatem, na Síria, o arqui-inimigo Bashar al-Assad; são adversários históricos dos xiitas iranianos.
Nos anos 1980, no velho Jornal Nacional, Paulo Francis e Cid Moreira davam pedagógicas lições diárias sobre o conflito entre Irã e Iraque.
Fomos adestrados a entender que, no mundo islâmico, os xiitas são os malvados, e os sunitas, os bacanas.
Até o PT chegou a ser apelidado de xiita, em homenagem aos malvados, claro.
O tempo passou e os bacanas deram origem à Al Qaeda e, “voilà”, ao Estado Islâmico.

Às vésperas da eleição, a tentativa de se criar alguma celeuma sobre o discurso de Dilma na ONU mostrou apenas que os três colunistas do apocalipse fazem qualquer negócio para massagear sua presunção de formadores de opinião e atacar até mesmo o óbvio ululante. Afinal, o óbvio ululante só pode ser lulista.
Realmente patético.
(*) Antonio Lassance é cientista político.

Desesperada,  mídia  golpista 

tenta conter queda de Marina


Os resultados das últimas pesquisas dispararam o sinal de alerta da direita nativa. O maior temor, neste momento, é que a eleição seja definida já no primeiro turno, em 5 de outubro, com a vitória de Dilma Rousseff. Diante deste perigo, que desmoralizaria a oposição midiático-política, já está em curso uma operação para garantir o segundo turno...

Por Altamiro Borges*, em seu blog                          


Reprodução
 Marina Silva.
 Marina Silva.

Pouco importa quem será o candidato. O próprio PSDB já não acredita na reação do cambaleante Aécio Neves. Marina Silva tornou-se a salvação da direita tupiniquim. Tanto que a mídia oposicionista já faz esforços para estancar a sangria da ex-verde. As críticas que foram desferidas contra ela, ainda na esperança de salvar o tucano, já sumiram dos jornalões e dos noticiários da tevê.

No debate da Record, no domingo (28), ficou patente que Marina Silva sonegou a verdade – para não dizer mentiu, que é muito forte e pode até causar choros teatrais – sobre seu voto na CPMF. Nas quatro ocasiões em que esta proposta de contribuição para custear a saúde foi ao Senado, ela votou contra, inclusive se rebelando contra a orientação do seu ex-partido, o PT. A omissão da verdade, porém, não rendeu manchetes nos jornais e nem comentários ácidos nos telejornais. Pelo contrário. O esforço da mídia oposicionista, justamente apelidada de Partido da Imprensa Golpista (PIG), é para evitar expor as contradições e dissimulações desta velha representante da “nova política”.

Folha desta terça-feira (30), por exemplo, apresentou a candidata-carona do PSB como vítima de ataques levianos e abriu espaço para suas desculpas esfarrapadas: “Marina tenta explicar posição sobre CPMF”. O que explicar? Já O Globo e o Estadão evitam dar destaque para o episódio em que a ex-verde foi pega na mentira. Nos telejornais, o assunto também já foi arquivado. Outros temas cabeludos também desapareceram do noticiário – como as fontes do jatinho fantasma em que ela viajou mais de dez vezes, ou as fontes dos rendimentos das suas palestras. Nesta terça-feira, o jornal O Globo até publicou uma reportagem reveladora sobre as ligações perigosas de Marina Silva. Mas sem dar o devido realce à revelação.

Os R$ 7 milhões do Itaú e da Natura 

Segundo o jornalista Thiago Herdy, dos R$ 7 milhões arrecadados desde 2010 pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), uma das ONGs de Marina Silva, 97,1% vieram de dois empresários que têm participação ativa em sua campanha: Neca Setubal, a herdeira do Itaú que coordena seu programa de governo, e Guilherme Leal, um dos sócios da indústria de cosméticos Natura. Cada um contribuiu com cerca de R$ 3,4 milhões. O jornal só evitou destacar que as duas poderosas empresas foram autuadas pela Receita Federal durante o governo Dilma. Elas foram acusadas de sonegação de impostos. O Itaú teria surrupiado R$ 18,7 bilhões no processo de incorporação do Unibanco; já a Natura deve R$ 628 milhões.

Para a mídia tupiniquim, que adora promover a escandalização da política, estes e outros fatos seriam suficientes para aprontar o maior escarcéu – com manchetes garrafais, capas tenebrosas da revista Veja e comentários hidrófobos dos “calunistas” dos telejornais. Mas a velha imprensa é bastante seletiva no seu denuncismo. Só faz quando lhe interesse politicamente. No caso de Marina Silva, qualquer novo ataque pode acelerar o seu derretimento eleitoral, já apontado nas pesquisas, e abortar o segundo turno. Este seria o pior dos mundos para os barões da mídia! Para a velha imprensa, a única coisa que importa nesta semana decisiva é bater duro e sujo em Dilma Rousseff.

Como afirmou Lula num comício em São Paulo, “esta semana será a semana das mentiras. Vocês vão ver quantas mentiras vão ser contadas na imprensa. Vocês não têm que acreditar porque todas as vezes que aparece um candidato que tenta fazer as coisas para o povo mais humilde, ele é achincalhado pela elite brasileira que não quer que a gente faça”. O alerta do ex-presidente é corretíssimo.

Ibope também não “segura” Marina. Mas 10% de diferença no 2° turno
(da pesquisa do Datafolha),
tenha paciência…

Fernando Brito                                     
ibopenovissimo
O Ibope, tal como o Datafolha, não teve mais como “segurar” a tendência de queda acelerada de Marina Silva.
Nem como forçar uma subida de Aécio Neves que, se existe, é lenta e tímida.
O percentual de Dilma está, podem ter certeza, sendo “amarrado”, devolvido lentamente desde que foi “jogado para baixo” duas pesquisas atrás.
2turnoA diferença entre a soma de intenções de voto no segundo turno ( veja o quadro ao lado) é impensável. No Datafolha, os votos somam 90% do total; no Ibope, apenas 80%.
Não há margem de erro que explique uma diferença de 10% a mais na indecisão sobre o voto de segundo turno.
Isso são as tais “reservas técnicas” que deixam para ajustar o “desejável” ao real.
Como no Brasil a imprensa aceita tudo e não investiga nada que não seja o governo, fica-se assim.
Duas pesquisas, no mesmo dia, registrando uma diferença de 10%.
Não há margem de erro que resista, nem com o William Bonner dizendo que “o intervalo de confiança é de 95%, o que significa que se forem feitas 100 pesquisas a margem de erro será de dois pontos para mais ou para menos”.
Ainda bem que o Ibope está de saída da vida brasileira...

Marina cai mais e fica perto do limite da 

margem de erro sobre Aécio. E Dilma

folga no 2° turno

                                                          
Fernando Brito  
datanovissima
Saiu por volta das 19 horas desta terça o resultado do Datafolha.
Dilma Rousseff, que tinha 40% na última pesquisa, manteve os mesmos 40%, ou  45% dos votos válidos.
Marina Silva, que tinha 27% baixou mais, para 25 %, o que reduz para  28% sua proporção nos votos válidos.
E Aécio Neves, que registrou 18% no levantamento passado, tem agora 20 %, ou  22% dos votos válidos.
Como este blog vem deixando claro em suas análises,  Marina acentua sua tendência de queda.
Foram 3 pontos em oito dias e, agora,  2 pontos em apenas quatro dias.
Isso, mais que o crescimento de Aécio Neves, pode retirá-la de um possível segundo turno.
Se houver segundo turno, pois Dilma está próxima dos 50% dos votos válidos que lhe assegurariam liquidar a eleição no primeiro turno.
Ela abre mais vantagem sobre Marina (49 a 41%, ante 47 a 43% na pesquisa anterior) e  50 a 41% sobre Aécio.
Dificilmente o Ibope, cujos resultados saem daqui a pouco, vão registrar uma queda menor de Marina, porque, ao contrário do Datafolha, não havia registrado seu descenso na pesquisa anterior.
Deram-lhe 29 pontos e dificilmente poderão deixá-la acima dos 25, agora.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014


PSB-Marina Silva: noivado
mal-arranjado que nenhum
dos nubentes desejava        


Wanderley Guilherme dos Santos  

                
A candidata  a  presidente   Marina Silva  não    tem  partido   e   o  Partido Socialista Brasileiro não tem candidato. A morte de Eduardo Campos subverteu a hierarquia da coalizão (proto-Rede e PSB)   impondo   um noivado   em que    nenhum dos nubentes escolheria voluntariamente o outro.     Certamente,    Marina    Silva   nunca  foi uma socialista e nem o Partido Socialista Brasileiro  teria imaginado   apoiar a hegemonia de um banco na Presidência da República.    O pacto eleitoral   que  servia  a Eduardo Campos e ao carona Rede passou a acorrentar mutuamente Marina  Silva e o   Partido Socialista Brasileiro.

Candidata a vice-presidência, Marina podia difundir o Rede, continuando a apologia de uma política de princípios inegociáveis, enquanto cabia a Eduardo Campos conduzir a campanha de acordos eleitorais conforme a conveniência. Eventuais vetos de Marina, como a recusa de participar da campanha em São Paulo, oficialmente em virtude de oposição ao PSDB de Geraldo Alkmin, ratificavam a aura da imaculada candidata a vice. Perdendo a eleição sairia dela pura como entrara, levando na algibeira uma possível bancada parlamentar de marineiros. Se vencedora, continuaria com maior rigor a vigilância de superego à sombra da coligação, permanecendo Eduardo Campos responsável pelos inevitáveis acordos de governabilidade. Faria seu caminho institucional em direção à direita sem se chocar explicitamente com os ambientalistas não reacionários.
Cabeça de chapa, Eduardo Campos estava a salvo de interpelações sobre temas delicados, protegido pelo patrimônio ideológico do PSB. Ao mesmo tempo, esperava se apropriar de parte substancial dos eleitores seduzidos por Marina, revelados na surpreendente votação que ela obteve em 2010. Liberando-a para atitudes dissonantes, destinadas a marcar posição sem danos sérios à campanha ( afinal,o vice-governador de São Paulo pertence ao PSB), Eduardo Campos operava com inteligência para fazer com sucesso a travessia em que o Partido Socialista Brasileiro estava empenhado.
O Partido Socialista Brasileiro foi um dos dois partidos de esquerda a ter crescimento parlamentar constante nas últimas três eleições. O outro foi o Partido Comunista do Brasil, crescendo 25% entre 2002 e 2010. O salto do PSB, de 22 para 35 deputados, correspondeu a excepcional crescimento de 59%, em oito anos. Comparado aos outros 13 partidos que apresentaram candidatos nas três eleições, verifica-se que 6, entre os 13, obtiveram uma representação em 2010 inferior à de 2002. Eis a lista: PT, PSDB, PP, DEM, PTB e PPS. Conquistou ainda o Partido Socialista Brasileiro, em 2010, razoável número de governos estaduais. Tendo sido coadjuvante leal e solidário nos períodos presidenciais do PT, as eleições de 2014 propiciaram excelente oportunidade para galgar posições e adquirir lugar de protagonista na política nacional. Se perdedor na corrida presidencial, o Partido Socialista Brasileiro contava, no mínimo, eleger uma bancada de deputados que consolidasse sua posição de segundo partido de esquerda mais relevante na composição governamental e, quiçá, superior até mesmo aos centro-direitistas da coligação, PP e PR. Enquanto vivo o candidato, embora os esperados eleitores do Rede não comparecessem nas intenções de voto presidencial, a trajetória do Partido Socialista Brasileiro se antecipava muito bem sucedida.
A morte de Eduardo Campos não trouxe tragédia apenas à sua família e ao seu partido. Marina Silva perceberia em breve que o mórbido presente que supôs ter recebido da Providência Divina abrigava a inevitável revelação do verdadeiro destino de sua trajetória: a direita. Por um momento tentou mantê-lo sob disfarce à força de uma retórica peculiar, mas arguta. Em 2010 declarara, em espetacular golpe de marketing, que perdera, vencendo. Agora, ciente do poder das palavras, fazia acrobáticos pronunciamentos de difícil interpretação. Ou vazios como a declaração de que seus dois adversários queriam o embate e, ela, o debate. Mas a fuga durou pouco.
A rápida subida nas pesquisas de intenção de voto precipitou um relaxamento em sua guarda e iniciou os anúncios e declarações absolutamente incompatíveis com o histórico do PSB. Inimiga da economia material, à qual sempre contrapôs alternativas futurísticas e inteiramente descoladas da agenda real e urgente do País, apresentou improvisado programa de governo e indicou assessores, cujos pronunciamentos revelaram assustadora ignorância da economia e das articulações entre a política econômica e a política social no Brasil. As reacionárias passagens de seu programa, associadas a desastradas declarações de conselheiros só fizeram trazer à lembrança a adesão de Marina a posições hiper conservadoras durante sua passagem pelo ministério do Meio Ambiente e pelo Senado Federal. Ao mesmo tempo, a preferência pelo lado do capital financeiro em competição por lucros com o agro-negócio, marcada por violenta agressão ao senador da bancada ruralista, Ronaldo Caiado, esclareceu-se pelo congraçamento entre a candidata e o setor financeiro. Hoje, é patético o papel do PSB como avalista da aproximação entre Marina e o setor agrário moto mecanizado. Do desnudamento do projeto marineiro às retificações do programa de governo, aos subterfúgios lingüísticos e aos repúdios de convicções passadas, não se passaram mais do que duas semanas. Mas seu projeto de transformar o Rede em importante partido de direita foi truncado pela tragédia de Eduardo Campos e exposto à luz da competição ideológica real.
O incômodo da coligação entre Marina e o Partido Socialista Brasileiro resulta da associação de dois projetos truncados e opostos: sendo o de Eduardo e do PSB o de elevar o partido a grande protagonista na esquerda e o de Marina alcançar destaque na rede da direita, dona de um partido de ambígua definição ideológica. O resultado não podia ser outro: uma campanha amarga e gaguejante da candidata a presidente em que os socialistas se vêem constrangidos a votar contra si próprios.