Marchas da direita golpista têm apoio de setores da Igreja Católica, como a 'Opus Dei do governador Alckmin de São Paulo
21/3/2014
Por Redação - de São Paulo
Por Redação - de São Paulo
Frei Betto, escritor, preso e torturado durante a ditadura, lembrou que as Marchas da Família com Deus pela Liberdade eram patrocinadas pela CIA. Betto, em recente entrevista a um portal na internet, conta que na véspera do golpe militar de 1964 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estava dividida entre apoiar ou não os militares.
– Em meados de abril de 1964, numa reunião no Rio da qual participei como membro da direção nacional da Ação Católica, houve uma furiosa discussão entre bispos conservadores e progressistas, tendo ganhado o setor conservador. E a CNBB oficialmente apoiou o golpe por ter livrado o Brasil da ameaça comunista – disse o frei dominicano.
Posteriormente, o religioso revela que o clima de golpe já era alimentado pela CIA a partir do padre Patrick Peyton, “que era o pároco de Hollywood” e que vinha ao Brasil “pago pela CIA para fazer as Marchas da Família com Deus pela Liberdade”. De acordo com Betto, Peyton “promovia grandes mobilizações nesse sentido. Portanto, quando veio o golpe, a igreja agradeceu a Nossa Senhora da Aparecida ter livrado o Brasil da ameaça comunista”. Após o AI-5, em 1968, Frei Betto relata que setores da igreja apoiadores do golpe perderam espaço.
– Alguns foram morrendo, outros foram aposentados por razão de idade ou de doença, mas eles foram perdendo a hegemonia da CNBB, que passou para as mãos dos progressistas, que eram críticos contundentes da ditadura e, portanto, defensores dos direitos humanos. Você vê surgir uma igreja progressista, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das pastorais populares, assumindo uma posição bastante consequente, contundente, contra a ditadura militar – disse.
Está agendada para este fim de semana, em algumas cidades brasileiras, a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Em São Paulo, principalmente, o movimento recebeu o apoio explícito da facção de ultradireita da Igreja Católica, Opus Dei, da qual o governador de São Paulo,Geraldo Alckmin, é um dos integrantes.
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