sábado, 22 de março de 2014

Entrevista inédita com Gabrielli, ex-Petrobras, sobre a refinaria de           Pasadena!                                                     


 Miguel do Rosário 22 de março de 2014       
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A Petrobrás é a menina dos olhos do Brasil.
Para este blog, que se pretende nacionalista, patriótico e desenvolvimentista, a empresa é tratada com um carinho especial.
Essa é a diferença principal entre a cobertura que fazemos do caso Pasadena e aquela feita pela grande mídia, historicamente interessada na sua privatização.
A primeira coisa que um colunista da Veja disse, ao ser entrevistadopor um site especializado em finanças, que lhe perguntou sobre o que achava do imbróglio envolvendo a refinaria de Pasadena, é que todos os problemas da Petrobrás seriam resolvidos se ela fosse privatizada.
Então é isso que está em jogo. Um grande apetite internacional por nossas riquezas recém-encontradas no fundo do mar, avaliadas em trilhões de dólares. E por nossa garota preferida, a Petrobrás.
O ataque especulativo à Petrobrás é violentíssimo, e dá resultados. A cotação da estatal baixa e eles – fundos de investimento, especuladores, indústrias petrolíferas – compram ações. Se eles fazem guerras trilionárias para obter um pouco de petróleo no oriente médio, porque teriam pudor de manipular o mercado de ações para ampliar seu domínio sobre nosso patrimônio?
Acusam o governo de ter aumentado em tantas vezes o “endividamento” da Petrobrás, como se esse endividamento não fosse justamente a ampliação da estrutura de captação de petróleo que nos fará ganhar trilhões de dólares ao longo dos próximos vinte ou trinta anos.
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Preferem a Petrobrás de antigamente, sem dívidas e… sem petróleo, sucateada, com suas plataformas afundando na costa brasileira.
Queriam tanto vendê-la aos gringos que pagaram uma pequena fortuna para um publicitário criar uma nova marca para a empresa: Petrobrax!
Entretanto, a Petrobrás nunca esteve tão bem, porque nunca possuiu tanto petróleo à sua disposição.
Nunca esteve envolvida em projetos tão grandiosos como está agora.
Grandiosos até demais, diríamos, se analisássemos o país com a perspectiva dos medíocres, dos vira-latas e dos coxinhas.
Grandiosos na medida, ou até de menos, se pensarmos na Petrobrás como uma das ferramentas da nossa libertação econômica.
Simon Bolívar, o primeiro a libertar politicamente as Américas, nos avisou, quando completou sua missão, que aquela seria apenas a primeira etapa. Ganharíamos a independência política das antigas metrópoles, mas permaneceríamos ainda, por muito tempo, dependentes economicamente de novas potências mundiais. Mas haverá um dia, previu Bolívar, que também ganharemos a liberdade econômica.
A Petrobrás sempre foi um dos trampolins para esta liberdade.
Um dos motivos dos ataques insanos da nossa imprensa à Getúlio Vargas foi a sua decisão de criar uma estatal brasileira de petróleo. Os ataques, pelo jeito, continuam até hoje.
Os valores que a Petrobrás tem investido no país, em anos recentes, e o que pretende investir, nos próximos, tem proporções bíblicas.  São centenas e centenas de bilhões de reais!
O assunto é tão sério, portanto, que pede um pouco de humor para não sermos dramáticos demais. Por isso me perdoem a inocente brincadeira com o título do post.
A entrevista, na verdade, não é propriamente inédita ou exclusiva.  Ela foi dada à Globo. Só que não foi exibida. Por isso eu tomei a liberdade de chamá-la “inédita”.
A Globo exibiu uma edição absolutamente politizada. Ouvimos mais as opiniões do âncora e do repórter, vemos mais infográficos distorcidos, do que propriamente a explicação de Gabrielli.
O que nos faz lembrar da edição manipulada do debate entre Lula e Collor, em 1989. A Globo não mudou muito desde então. É bolinha de papel aqui, entrevista mutilada acolá.
Só que Gabrielli fez uma coisa inteligente. Ele pediu para um assessor gravar a íntegra da entrevista.
O site Brasil 247 publicou o vídeo ontem à noite, o Cafezinho também. Mas publicamos uma versão bruta, cheia de pausas, repetições, lacunas e partes desnecessárias.
Aqui, no Tijolaço, eu estou publicando uma versão resumida, editada por mim mesmo usando o programa mais básico da praça, o Windows Media Live Movie Maker.
A Petrobrás e o Planalto podiam patrocinar cursos para seus comunicadores usarem mais esse programa, ou um similar gratuito (de preferência), para oferecerem material audiovisual à opinião pública, ao invés de divulgarem apenas press-releases mal ajambrados no “blog do Planalto”. Às vezes isso dá mais certo do que sair, nervosamente, cortando cabeças…
As críticas histéricas da grande mídia à refinaria de Pasadena me fizeram abrir os olhos para um perigo: será que há alguém querendo faturar com uma “crise política” e comprar a baixo preço a primeira refinaria brasileira em território americano?
Hoje a Petrobrás vive um aperto financeiro por um motivo bom: está concentrando todos seus esforços na exploração do pré-sal, de um lado, e na construção de refinarias no Brasil para processar esse petróleo, de outro.
Permitam-me fazer uma especulação talvez leviana. Quando, ao longo dos próximos cinco ou dez anos, o petróleo começar a jorrar em grandes quantidades das profundezas da costa brasileira, e dinheiro deixar de ser um problema para a estatal, a refinaria de Pasadena não poderá vir a ser um ativo estratégico para a Petrobrás penetrar no mercado americano?
Os EUA não são o principal mercado consumidor do mundo?
Por que nossa imprensa adotou uma postura tão esnobe em relação a uma refinaria situada, estrategicamente, bem no centro do “oil belt”, o cinturão norte-americano de petróleo? E não é melhor ter 100% de uma empresa estratégica do que 50%?
Não é isso que setores antipáticos ao “terceiromundismo” da nossa diplomacia vem pedindo diuturnamente, que o Brasil invista mais no mercado norte-americano?
Daí quando o fazemos é apenas um mau negócio?
Nas pesquisas que eu fiz sobre a refinaria em jornais americanos, o artigo mais bem escrito que encontrei é assinado por Jay Hancock, em sua coluna para o Baltimore Sun. O Sun é o principal jornal do estado de Maryland, em cuja capital, Baltimore, estava sediada a Crown Central Petroleum, proprietária original da refinaria de Pasadena.
Hancock, um jornalista experiente, abre seu artigo com uma afirmação que deveria nos fazer meditar profundamente:
“A refinaria de propriedade da Crown Central Petroleum, em Pasadena, Texas, custaria talvez US$ 1 bilhão para ser construída nos dias de hoje”, escreve Hancock, em fevereiro de 2003.
A violência da mídia contra a refinaria de Pasadena foi tanta que chegamos a pensar que se tratava de uma sucata velha, inútil, situada em área inóspita e isolada da América do Norte. Não é o caso. A refinaria nunca parou de operar, continua operando até hoje e, como já disse, situa-se em área estratégica.
Vamos à entrevista “inédita” com Sérgio Gabrielli, o presidente da Petrobrás na época em que tudo aconteceu.
Para ler mais sobre Pasadena, clique aqui.
Caso não consiga assistir o vídeo acima, tente por aqui.

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