sexta-feira, 28 de março de 2014

Cinema:

O silêncio de uma geração

Diretora de "Diário de uma Busca", Flavia Castro explica o processo de revolver um passado marcado pelas ditaduras na América Latina. 
 Marsílea Gombata                    Carta Capital 
     
flavia
Como romper o silêncio de uma vida? Como reconstruir a narrativa de uma geração? A necessidade de cessar tais inquietudes fez a cineasta Flavia Castro desvendar o vazio em torno da morte do pai e a reconstruir a trajetória do Celso Castro, jornalista e militante de esquerda, encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista, onde entrara à força, em 1984. A mola propulsora de sua saga fez a cineasta Flavia perceber que não havia como falar da morte sem falar da vida de seu pai, cuja história é contada por meio de uma viagem no tempo e na geografia narradas em cartas, lembranças do exílio, testemunhos e a frustração de um projeto político fracassado.      

Como romper o silêncio de uma vida? Como reconstruir a narrativa de uma geração? A necessidade de cessar tais inquietudes fez a cineasta Flavia Castro desvendar o vazio em torno da morte do pai e a reconstruir a trajetória do Celso Castro, jornalista e militante de esquerda, encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista, onde entrara à força, em 1984. A mola propulsora de sua saga fez a cineasta Flavia perceber que não havia como falar da morte sem falar da vida de seu pai, cuja história é contada por meio de uma viagem no tempo e na geografia narradas em cartas, lembranças do exílio, testemunhos e a frustração de um projeto político fracassado.
Vencedor em 2010 dos prêmios de melhor documentário dos festivais do Rio e de Biarritz, Diário de uma Busca faz parte da mostra Silêncios Históricos e Pessoais - Memória e Subjetividade no Documentário Latino-Americano Contemporâneo, que exibe gratuitamente 17 filmes até o dia 6 de abril na Caixa Cultural São Paulo, na Praça da Sé, centro(leia mais AQUI). "Essa ideia do silêncio é muito bonita. Na verdade, são olhares muito diferentes sobre vários silêncios, de vários países, de vários tipos. E o que a gente faz, através desses filmes, é uma forma de romper esse silêncio, com imagem e palavras", afirmou Castro.
No festival, além de filmes de Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai e Uruguai, haverá debates com Flavia e os cineastas Cecilia Priego, Flavio Frederico, Herman Szwarcbart, Macarena Aguiló, Maria Clara Escobar, Mariana Pamplona e Viviana García Besné, que analisam nas obras os traços comuns do chamado “documentário performativo”, quando o sujeito assume de modo interativo a cena, protagoniza suas histórias, expondo seu corpo e o processo de seus pensamentos. A programação da mostra inclui também uma conferência ministrada pelo pesquisador argentino Gonzalo Aguilar, que falará sobre a riqueza poética, estética e política do estilo através dos filmes apresentados.
Diário de uma Busca, explica a cineasta, tem duas camadas: uma que trata da história do exílio e da volta para o Brasil, com a Anistia em 1979, e outra que dá conta da morte de seu pai, vista por ela como uma consequência da ditadura. “Também trago um pouco da questão de ser criança nesse meio. Como é uma criança que viveu no ideal dos pais, acompanhando essa opção de vida que nem sempre se deu de maneira fácil”, conta ela sobre o exílio no Chile até o golpe de 1973 e, depois, na Argentina. "Lembro de uma infância diferente da das outras crianças, de não poder falar o nome verdadeiro do meu pai."
Neste sábado 29, às 17 horas, a cineasta debate sobre as dimensões dos silêncios pessoais e históricos com a cineasta argentina Cecilia Priego, diretora de Família Típica (2009), que também revolve o passado tendo a figura do pai como fio condutor. Confira a programação no site do festival.
Diário de uma busca from Mostra Silêncios on Vimeo.        

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