domingo, 16 de março de 2014

Primeiro ano do Papa  Fancisco reflete expectativas de mais mudanças               

O que mudou com o papa argentino? A primeira mudança é de caráter teológico e político. O papa retomou o discurso da prioridade para os pobres e excluídos.

Dermi Azevedo                                                                                              

O primeiro ano de governo do papa Francisco reflete-se em um balanço positivo de sua atuação, com amplas expectativas de que mais mudanças sejam implementadas na Igreja Católica Romana. Que a tornem coerentes com  as conclusões do Concílio Vaticano II. O primeiro ano do papa Francisco é tema de análise na mídia de todo o mundo.Arquivo

Mas, o que mudou realmente com o papa argentino? A primeira mudança é de caráter teológico e político. O papa retomou o discurso da prioridade, para a ação da Igreja, da opção preferencial pelos pobres e pelos excluídos. Em segundo lugar reconciliou a teologia da libertação - a primeira corrente teológica baseada na visão dos povos periféricos - com a teologia oficial do Vaticano, que ainda continua eurocêntrica.


O papa mudou também o sistema de governo substituindo os métodos autocráticos de seus antecessores João Paulo II e Bento XVI por métodos mais avançados, que incluem a criação e  funcionamento de um conselho de oito cardeais que o ajudam a governar a Igreja, ainda que com um caráter consultivo.


Francisco retomou também o poder do Vaticano sobre a área financeira. Interveio no Instituto de Obras da Religião (o Banco do Vaticano) afastando-o de práticas criminosas como a lavagem de dinheiro.

O papa tem agido também, com severidade, diante da questão da pedofilia sendo possível perceber o aprofundamento das investigações nessa área dentro da Igreja.


Temas polêmicos


Pela primeira vez na história recente do catolicismo, o papa já abriu os canais da Igreja para o diálogo com outras Igrejas Cristãs sobre o fim do celibato obrigatório, a ordenação de mulheres e o tratamento não discriminatório das pessoas homoafetivas dentro da Igreja. Na semana passada, recomendou aos seus assessores e pediu aos bispos de todo o mundo que preparem relatórios sobre o tratamento dado na prática, aos católicos homossexuais, com prioridade para experiências de acolhimento e respeito. Tudo parece indicar que a palavra "punição" esteja sendo substituída pelas palavras "respeito e diálogo".


Alguns gestos pessoais do papa também chamam a atenção da imprensa e da opinião pública: costuma deixar seus aposentos durante a noite, para distribuir alimentos aos mendigos nas ruas centrais de Roma; destaca que a sua função é mais de serviço à Igreja do que de autoridade máxima dessa instituição; telefona de vez em quando para católicos anônimos do mundo inteiro e lhes pergunta, por exemplo, sobre o trabalho eclesial com as famílias.


Obstáculos


O primeiro ano do papa Francisco enfatiza e apresenta, porém, os obstáculos ainda existentes para concretizar as suas propostas: Os setores conservadores ainda são maioria na Cúria Romana; organizações como a Opus Dei e  a Ordem de Malta, ainda têm muita influência e poder na cúpula da Igreja e muitos dos chamados "movimentos" católicos opõem-se à descentralização administrativa desejada pelo papa, por considerarem que abre caminho para federalização eclesiástica. 


No plano pessoal, segundo alguns de seus assessores, o papa tem consciência do caráter transitório do seu pontificado: tem 77 anos, uma saúde fragilizada com problemas pulmonares. No entanto, deseja seguir o caminho de João XXIII, que, ainda mais idoso do que Francisco, abriu as portas da Igreja para o diálogo com todos os setores religiosos e políticos do mundo.

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