terça-feira, 18 de março de 2014

Por que a Falta de Água é Alarmante.   E a Culpa não é só do Calor Recorde       e da Seca                                                             

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        Seca na represa Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira
A redução dos níveis de água do reservatório da Cantareira aos irrisórios 22% de sua capacidade é motivo de atenção e preocupação. É a primeira vez que se registram níveis tão baixos no reservatório responsável por 45% de atendimento da Região Metropolitana de São Paulo, RMSP. A responsabilidade dos preocupantes índices, segundo o governo, é a falta de chuvas que faz deste o verão o mais seco desde 1984. Altas temperaturas batem recordes sobre recordes. Campanhas para racionamento já começam a circular nos meios de comunicação, com o inevitável apelo para o controle do uso de água.


Mas nem tudo pode ser jogado nas costas das donas de casa ou nas condições do clima. Há fatores muito mais preocupantes, que podem nos colocar diante de risco iminente de escassez de água por um bom tempo.

Para compreender o fornecimento de água casa a casa na megametrópole é preciso compreender como funciona o abastecimento. Vamos tratar do Sistema Cantareira, responsável por 45% do fornecimento de água na região metropolitana, que atende  aproximadamente 9 milhões de habitantes.

O Sistema Cantareira é formado pelos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Há ainda os rios que complementam o sistema, o Atibainha e alguns afluentes do sul de Minas Gerais, região de Extrema. Estes rios formam o Sistema Cantareira, estruturados num complexo de emaranhados tuneis, canais e reservatórios chegando até a represa Paiva Castro. Nesta área de captação das águas para o abastecimento residem 5,2 milhões de habitantes que também utilizam estas águas para consumo, somando o total de 59 municípios.

Sua gestão é conduzida pela Agência Nacional de Águas, ANA, em parceria com os Comitês de Bacia, órgãos colegiados com representação da sociedade civil.

Em 2004, a ANA outorgou o Sistema Cantareira partilhando o uso da água entre a região de Campinas, Jundiaí, Atibaia e Extrema e a Região Metropolitana de São Paulo. Desta outorga, ficou pactuado que a RMSP receberia 33 metros por segundo de água potável, regime este válido por 10 anos.

Além da disposição do recurso hídrico para abastecimento, a região produtora de água (Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Atibaia e Extrema) ficou responsabilizada por melhorias das condições ambientais da bacia hidrográfica, como por exemplo, a redução de perdas físicas, o desassoreamento dos cursos d’água, coleta e tratamento de esgotos, reuso de água, reflorestamento de cabeceiras, e cobrança pelo uso da água.

É nesta região de Campinas, Piracicaba, Jundiaí, Sumaré que as principais montadoras de veículos e fornecedoras de autopeças se instalaram a partir de 1997. Honda, Mercedes Benz, Hyundai e Toyota formam hoje o chamado “ABC Caipira”, que requer no seu processo produtivo alta demanda de consumo de água.

Na outorga do Sistema Cantareira, em 2004, a previsão de aumento de consumo de água era da ordem de 2% para o “ABC Caipira”. Porém, com o boom de desenvolvimento e atração de novos empregos, o crescimento já em 2014 é da ordem de 4%. A administração municipal das cidades de Campinas, Sumaré, Piracicaba e região fizeram a lição de casa estabelecida na outorga. Coleta, tratamento de esgoto, cobrança pelo uso da água foram políticas adotadas por diferentes governos destes municípios, colocando-os em condições privilegiadas na prestação de serviços ambientais.


              
                                                    Vinhedo


Já a RMSP ficou para trás no processo de cumprimento das prerrogativas estabelecidas em 2004. De responsabilidade da SABESP, as tarefas de cobrança pelo uso, reuso da água, coleta e tratamento de esgotos ficaram a desejar. Com capital misto, a Sabesp e seus acionistas preferem a jogatina nos cassinos de apostas da Bolsa de Nova York à canalização e tratamento de esgotos, proliferando o fétido odor característico dos corpos d’água na capital.

Hoje a RMSP perde 7 m³ por segundo de água potável no sistema de distribuição. A acusação que pesa sobre a SABESP é que a velha rede de distribuição e a falta de manutenção levam a perdas diárias irreparáveis.

Nas circunstâncias atuais, a tendência, diante dos grupos de pressão da região do “ABC Caipira” e a inércia da SABESP, é que a crise que passa hoje o Sistema Cantareira tende-se a agravar, seja pela falta de chuva, seja pela desatenção com a gestão do recurso escasso na RMSP. Enquanto a disputa pela água se acirra, a SABESP faz propagandas infantiloides com conteúdo ambiental ínfimo. Acordou tarde para o problema. A SABESP patina na gestão hídrica ambiental, desinforma e não aponta saída para o rodízio de abastecimento inevitável.  Já era tempo de prever ondas de calor e estiagens. A resposta que a SABESP apresenta é jogar nas costas da sociedade a responsabilidade pela escassez.

Por que não tem chovido no Sudeste, apesar do calor?






Sem chuvas, Sabesp faz alerta para falta de água em São Paulo

Companhia pede que população da região metropolitana economize água. Índice é o menor dos últimos 84 anos

A falta de chuvas nos meses de dezembro e janeiro fizeram com que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) emitisse um alerta para falta de água no sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo.

O índice de chuva é o menor dos últimos 84 anos, deixando o sistema com apenas 24% da capacidade. A Sabesp recomenda que a população economize água tomando banhos rápidos, lavando carros e calçadas com baldes ao invés de utilizar a mangueira, e não deixar a torneiras ligadas por muito tempo.

Formado pelos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Juqueri, o sistema Cantareira agrega os dois maiores parques industriais de São Paulo. As seis represas que formam o sistema são responsáveis pelo abastecimento de 14 milhões de habitantes.

Falta de água é crônica em Santo André

Moradores convivem com a inconstância do abastecimento em vários bairros; Calor aumenta o consumo

Moradores de alguns bairros de Santo André, além de enfrentar um verão com a temperatura média de 32 graus Celsius (°C), quatro graus acima da média histórica, 28 graus °C, também tem que driblar a falta de água. No Parque Novo Oratório a falta de água tem sido constante desde o inicio de janeiro e os moradores ficam atentos, pois nunca sabem quando a água vai faltar. “Agora falta um dia sim e outro não, ontem faltou água o dia inteiro e hoje chegou por volta das 10h”, conta a aposentada Maria de Souza, de 68 anos.

No quintal onde mora a aposentada moram mais três famílias, num total de 12 pessoas, e a solução foi colocar uma caixa d’água de cinco mil litros no chão. “Sempre que a água chega, enchemos a caixa d’água e assim podemos garantir as necessidades básicas como banho, pois neste calor não dá pra ficar sem um bom banho”.  No quintal há um registro de água para as quatro casas e a conta é dividida por todos. “Pagamos aproximadamente R$ 150,00 por mês com a conta de água, faltando ou não”, conclui Maria.

Augusta Souza Gonçalves, de 87 anos, não perde o humor, mesmo com a falta de água no bairro. “Temos que tomar banho de caneca isso lembra minha infância em Minas Gerais, os tempos são modernos, mas as soluções para alguns problemas são antigas”, diz sorrindo Augusta.

Na Vila Alzira a situação é a mesma, falta água desde o inicio de janeiro e os moradores têm que estocar água em baldes ou galões para não serem pegos de surpresa. “É melhor perguntar o dia que tem água”, afirma o professor e morador da Vila Alzira, Iendis Pedroso dos Passos, de 31 anos, que acumula a água em quatro baldes de aproximadamente 20 litros. “Na semana passada foram dois dias sem água, se não tivesse enchido os baldes não ia conseguir nem tomar banho”, declara o professor, que ao perceber a falta de água nas torneiras ligadas diretamente da rua começa uma operação de economia. “Nos dias que começa a faltar água não lavamos louça em casa e tentamos economizar o máximo”. Na casa vivem cinco pessoas e dois cachorros de médio porte e pagam cerca de R$ 90,00 por mês de conta de água.

Abastecimento /  O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), órgão responsável pelo abastecimento de água, informou que o baixo nível de chuvas para este período e as altas temperaturas, que aumentam em até 20% o consumo, estão afetando o nível dos mananciais da Grande São Paulo e por consequência a produção de água destinada à Região Metropolitana. O sistema Cantareira abastece mais de 8 milhões de pessoas da Região Metropolitana e parte de Santo Andre é contemplada por esse sistema. No caso da Vila Alzira o abastecimento é pelo Sistema Rio Grande.

Sistema da Cantareira está com apenas 22,9% da sua capacidade total de armazenamento

O maior sistema e principal reservatório para abastecimento de água da cidade de São Paulo e Região Metropolitana, o sistema Cantareira apresentou 22,9% de armazenamento nesta terça-feira. Segundo a  Sabesp, este é o pior nível de água nos últimos 10 anos.

Para se ter ideia, na mesma data de 2011, o nível era de 94,3%; em 2012 era de 74,8% e em 2013, 52,3%. De acordo com a Sabesp os principais motivos para a escassez são o consumo de água, que aumenta nesta época por causa do calor e a falta de chuvas. Apesar do nível baixo dos reservatórios, a Sabesp informa que o volume de água armazenado no Sistema Cantareira está sendo bem gerenciado e não oferece risco de desabastecimento à população. A Sabesp, assim como o Semasa, também ressaltou a importância de economizar água em qualquer época do ano.

Assim como a companhia estadual, o Semasa veicula desde o final de novembro uma campanha institucional em que alerta para a necessidade de economia de água, com adoção de hábitos simples como banhos curtos, consertar vazamentos rapidamente e não lavar calçadas e carros com mangueira. De qualquer forma quem paga a conta é a população. Se não chove não tem água suficiente nas torneiras e se chove demais tem ruas alagadas e enchentes na porta de casa.

Falta de chuva prejudica produção de milho e a pecuária no interior de São Paulo

Em algumas propriedades, as perdas já ultrapassam 50%


Seca prejudicou o desenvolvimento da planta


Os produtores de Bragança, no interior de São Paulo, estão sofrendo com a falta de chuva. Em algumas propriedades, as perdas já ultrapassam 50%. O milho e a pecuária com pastagem seca, são as culturas mais atingidas.

O agricultor Valcirio Hasckel conta que mais da metade dos 460 hectares de milho não devem ser colhidos. A falta de chuva prejudicou o desenvolvimento da planta.

– A perda é de 50% com certeza. As folhas já estão morrendo, a planta está definhando, não desenvolveu o quanto deveria. Está também perdendo a capacidade total de produção. Ou seja, se não chover nós próximos 10/15 dias isso vai aumentar e pode chegar a 70% ou se continuar pode chegar 100% – lamenta o produtor.

Na pecuária a situação é parecida. Os pastos secaram e o os animais começam a perder peso. Para evitar perdas maiores, a solução foi vender ou transferir os animais de propriedade.

– Trabalho há mais de 30 anos no ramo e nunca vi isso. Nessa região sempre choveu bem, e janeiro sempre foi uma época boa de chuvas. É um ano atípico. Realmente com muita surpresa. Vai dar muito prejuízo no setor da agropecuária da região – destaca Hasckel.

Na região, os prejuízos são estimados em 20%. Segundos dados da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb), em dezembro choveu apenas cerca de 60 milímetros e em janeiro mais 100. O normal para o período é cerca de 300 milímetros em cada mês. Se a estiagem permanecer, não só o campo vai sofrer com a falta de água. Em algumas cidades paulistas, incluindo a grande São Paulo, já existe a possibilidade de racionamento de água.

Risco de racionamento de água no interior de São Paulo é alto

Em meio à maior estiagem que se tem registro, moradores de cidades do interior paulista como Campinas, Piracicaba, Limeira e Rio Claro estão sob o risco de enfrentar um racionamento de água ainda neste mês.

A mesma situação é vivida em São Carlos e Descalvado, na região de Ribeirão Preto.

Ontem, o volume de água armazenado no sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e 5,5 milhões na região de Campinas, chegou a 21,4% da capacidade, o menor patamar em uma década.


          
         O rio Piracicaba enfrenta a maior estiagem dos últimos anos


Em Campinas, a terceira maior cidade paulista, o racionamento é tido como "inevitável" por autoridades locais se não chover nos rios da região até o dia 20.

"Estamos muito preocupados com essa situação", diz o diretor-presidente da Sanasa (empresa de água de Campinas), Arly de Lara Romêo.

"É uma situação equivalente à pior estiagem de todos os tempos, que foi em 1952, no inverno", confirma Francisco Lahoz, secretário-executivo do PCJ (consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí). "Só que em pleno verão."

Segundo Lahoz, para quem a situação é "extrema", o volume das chuvas está entre 50% e 70% abaixo da média histórica desde setembro. "Estamos pedindo para as pessoas economizarem 50% do consumo", afirma.

O volume do rio Piracicaba tinha ontem apenas 10% da média histórica para fevereiro, e o famoso "véu da noiva" do rio, que chega a transbordar na cheia, era um amontoado de pedras.

                             


"Nunca vi o nível do rio tão baixo", disse Olásio Cardoso, 60, funcionário do aquário da cidade. "Os mais velhos comentam que a última vez que ficou assim foi há 90 anos."

Nos rios Atibaia e Jaguari, que são abastecidos pelo sistema Cantareira e juntos formam o Piracicaba, a situação é semelhante. Ontem, eles estavam com 18% e 33% do volume das médias históricas.

A Sabesp, que administra o Cantareira, anunciou no sábado que vai dar desconto de até 30% aos usuários da região metropolitana de São Paulo que reduzirem o consumo a partir de 20% (em relação aos últimos 12 meses).

Não está prevista, no entanto, a extensão do benefício para Campinas.

Na Grande São Paulo, a concessionária do sistema evita falar em racionamento. Em comunicado veiculado na TV, no entanto, a empresa pede a "colaboração" de moradores contra o desperdício.

Especialistas também afirmam que, se não chover dentro da média histórica em fevereiro e março, um rodízio de água pode ser decretado em abril. A previsões indicam que o tempo continuará seco nas duas primeiras semanas de fevereiro, pelo menos.




Em Sorocaba, falta água em diferentes pontos da cidade, mas o Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) descarta racionamento.

O problema, que começou no início do verão e levou moradores das zonas norte e oeste a bloquearem ruas em protesto, atinge bairros nobres.

"Muita gente está trazendo o cachorro para dar banho aqui porque não tem água em casa", conta Ana Paula Bezerra, funcionária de um pet shop próximo ao bairro Campolim, na zona sul.

O Saae diz que a empresa não consegue repor a água na mesma velocidade de consumo -que aumentou em ao menos 30% devido ao calor.

Segundo a empresa, estão sendo realizadas obras no sistema de bombeamento, o que deve aumentar a capacidade de distribuição. A previsão é que as obras estejam concluídas até fim de março.

O SAAE diz que, até lá, investe para que a falta de água não ocorra "o dia todo" e reforçou o abastecimento nas áreas mais atingidas.

Falta de chuva isola municípios na Floresta Amazônica e castiga Pantanal

Duas regiões que abrigam importantes biomas do País – a Floresta Amazônica e o Pantanal – sofrem com a estiagem. A seca do Rio Solimões e seus afluentes Purus e Juruá deixou quatro municípios do Amazonas isolados por via fluvial. Em Mato Grosso, a ação do homem aliada à seca prolongada afetam a Baía de Chacororé, a 130 km de Cuiabá.

No Amazonas, quatro municípios – Envira, Benjamim Constant, Itamarati e Canutama, na região oeste do Estado – têm estoque de alimentos, água e gasolina para só mais 15 dias. Mas pelo menos 70 comunidades rurais desses municípios se encontram sem água potável – e sem chuvas – desde o mês passado.

Esses municípios decretaram estado de emergência. A Defesa Civil estadual, contudo, emitiu um estado de alerta para a seca que atinge severamente, além desses 4, outros 25 municípios. O governo deve iniciar nesta semana o envio de alimentos e água para as cidades atingidas.

Nós temos 36 comunidades rurais já completamente isoladas; a água e a comida estão sendo levadas pela prefeitura a pé, pela mata, explicou a coordenadora da Defesa Civil de Benjamim Constant (a 1.118 quilômetros de Manaus), Gleissimar Castelo Branco.

De acordo com o superintendente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Oliveira, ainda é cedo para dizer se essa pode ser uma estiagem igual à de 2005. A vazante dos rios é expressiva, mas ainda está a pelo menos 6 metros acima do mesmo nível atingido pelos rios no início de setembro daquele ano, disse.

O prefeito de Itamarati (a 987 quilômetros de Manaus), João Campelo, afirmou que as embarcações de baixo calado não estão parando no porto. Também sofremos muito com as queimadas, completou.

Pantanal 

Em Mato Grosso, além da seca, a ação do homem ameaça provocar um desastre ecológico na Baía de Chacororé. O volume de água nunca esteve tão baixo. A medição que vem sendo realizada desde 1969 mostra que na pior seca, registrada em novembro de 1973, o nível chegou a 1,33 metro na régua linimétrica. Desde agosto, o volume está em torno de 85 centímetros.

Para Rubem Mauro Palma de Moura, professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a situação estava prevista desde 1997, quando foi feita a primeira denúncia. Naquela época, houve um aprofundamento do canal que liga Chacororé à Baia de Siá Mariana, provocando a seca, disse. Em 2000, foi construída uma barragem.

A Baia de Chacororé – a terceira em volume de água do País – espalha-se, na seca, por 11 mil hectares. Na cheia, junta-se à baía vizinha de Siá Mariana e atinge 45 mil hectares, superando em tamanho a Baía de Guanabara, no Rio.

A situação crítica sensibilizou a Promotoria de Justiça da Comarca de Santo Antonio do Leverger, que entrou com uma ação civil de responsabilidade por danos ambientais contra a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e a prefeitura de Barão do Melgaço, com pedido de liminar para que fossem adotadas medidas urgentes para evitar danos irreparáveis.

Segundo o professor Palma de Moura, os problemas se agravaram nos últimos anos, quando foram erguidas barreiras às margens do Rio Cuiabá. Além disso, houve o entupimento de cinco corixos – canais naturais que ligam o rio à baía.

O especialista afirma que os corixos têm importância fundamental na regulação dos períodos de cheia e de seca da planície pantaneira. Impedir essa inundação natural é matar o Pantanal, pois todo o bioma pantaneiro é vinculado a esse ciclo.

Várias medidas equivocadas das autoridades ajudaram a complicar a situação. Uma delas foi a construção de uma estrada para conter a inundação. Em vez do uso de manilhas ou pontes, foi adotado o aterramento, que acabou por entupir os corixos.

Na ação proposta pelo Ministério Público Estadual, a promotora Julieta do Nascimento requer a desobstrução dos corixos tampados pela construção da estrada que liga Barão de Melgaço à comunidade de Estirão Comprido e Porto Brandão; reconstrução da barragem do Corixo do Mato e remoção do material usado como aterro na obstrução do Rio Chacororé e dois corixos.

Ela pleiteia ainda a realização de limpeza dentro das baías e elaboração de estudo técnico para subsidiar a abertura das bocas dos corixos da Uva e Caiçara, no Rio Cuiabá.

Na quarta-feira, num acordo entre a promotoria e o governo do Estado, ficou decidido que a Secretaria do Meio Ambiente recuperaria a barragem e desentupiria os corixos.

Falta de chuva deixa agricultura de Joinville em alerta

Fundação 25 de Julho convoca técnicos para fazer um balanço dos problemas enfrentados



              
             Calor aliado a falta de chuva fez rios quase secarem na região


A falta de chuva e as altas temperaturas colocaram em alerta produtores de peixes, arroz, banana e hortaliças em Joinville.

A onda de calor considerada histórica em SC e a estiagem que ocorre desde a segunda quinzena de janeiro no Norte levaram a Fundação 25 de Julho a chamar técnicos e lideranças de cada uma das principais culturas para fazer um balanço dos problemas enfrentados, os prejuízos e direcionar medidas e recursos para amenizá-los.

É um momento de alerta—, disse o presidente da fundação, Valério Schiochet.

Coube a ele a responsabilidade de chamar cada um dos técnicos para que o órgão possa fazer um levantamento completo dos prejuízos para a economia da cidade. Só na área e piscicultura, uma das mais atingidas por causa das altas temperaturas, há mais de três mil produtores espalhados pela zona rural da cidade.

O problema é que a temperatura da água tem chegado a 34º C e a maioria dos peixes, especialmente a tilápia, uma das mais produzidas na região, suporta no máximo 30º C.

Com uma temperatura alta assim, o oxigênio da água cai e o peixe morre—, diz Schiochet.

No caso da banana, a reclamação dos produtores é que a fruta amadurece muito rapidamente, causando prejuízos na comercialização. Quem colheu arroz nos últimos dias já sente uma série de fatores que comprometem a produtividade e, claro, o preço.

Em algumas áreas, apesar de o cacho estar visualmente perfeito, há muitas falhas, ou seja, em vez do arroz, há apenas a casca. Outro fator é a umidade do grão, que deve ficar entre 18% e 20%.

Com os dias muito quentes de janeiro, a umidade caiu em muitas lavouras, o que provoca um arroz muito leve e volumoso, o que também reduz a classificação e o preço pago pelo produto. No caso das hortaliças, o problema é cumulativo. Além da falta de água em abundância em algumas propriedades, o calor também castiga e mata as plantas.

Segundo a Companhia Águas de Joinville, os rios que abastecem a cidade (Piraí e Quiriri) não estão enfrentando falta de água até o momento. De acordo com a empresa, o problema tem sido o alto consumo. Porém, muitos riachos e afluentes do Piraí, na zona Norte da cidade, já estão secando.

Em vez de um leito com água em abundância, alguns rios já estão com o fundo seco, com muitas pedras e areia seca no leito. A situação é preocupante porque não há previsão de chuvas para os próximos dias em todo o Norte.

Só chuvas de verão pela frente

Quem não curte dias muito quentes e secos, terá de esperar um pouco mais pelo alívio da chuva e temperaturas mais amenas. Segundo o meteorologista Leandro Puchalski, da Central RBS de Meteorologia, a previsão para os próximos dias em toda a região é de apenas temporais dispersos, as famosas trovoadas de verão. Nada muito diferente do que as duas últimas semanas de janeiro.

A primeira quinzena de fevereiro também deve ter máximas e médias acima do normal, além de pouca chuva e sensação de abafamento. Como em janeiro, o começo do próximo mês terá um clima excepcional pela duração das altas temperaturas, ou seja, pela quantidade de dias seguidos com calor extremo—, diz.

A semana toda deve ser chuvas entre o meio de tarde e início de noite, mas em poucas cidades de Santa Catarina.

Falta de chuva pode impactar distribuição de energia e de água em cidades brasileiras

    
Falta de chuva pode impactar distribuição de energia e de água em cidades brasileiras


O ano de 2014 começou muito ruim para os principais setores de sobrevivência da população brasileira: água potável e energia elétrica.
Os meses de outubro, novembro e dezembro de 2013, que já foram marcados por irregularidades no regime de distribuição e intensidade da chuva receberam um grande agravante de janeiro de 2014, onde a precipitação ficou muito abaixo da média em praticamente todos os 26 estados incluindo o Distrito Federal.
Houve registro de chuva mais distribuída e volumosa, apenas em grande parte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e em áreas do Paraná, Mato Grosso do Sul, Bahia, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Acre, Amazonas, Amapá e Roraima.
Os maiores acumulados de chuva em janeiro dentre a rede de estações meteorológicas automáticas operadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegaram a 402 milímetros em Tucuruí e 443,8 mm em Cametá, ambas no Pará e 444 mm em Vilhena, Rondônia.

Os estados que mais sentiram a falta de chuva em janeiro foram São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Tocantins, Maranhão e Pará, com anomalias negativas de até 200 milímetros.
Vastas áreas com cultivo agrícola em plena expansão, drasticamente foram afetadas pela falta de chuva.
Justamente nos meses onde mais chove em boa parte do país, dezembro e janeiro, a água não veio e os reservatórios seguem baixando a cada dia.
Segundo relatório emitido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os reservatórios do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste possuem patamares preocupantes para este início de ano, uma vez que gradativamente, a chuva vai diminuindo ao longo dos próximos meses.
Para o abastecimento de água potável, principalmente de grandes cidades e regiões metropolitanas, a situação também não é nada confortável. Praticamente todas as fontes de reserva de água estão muito baixas devido à falta de chuva.

As altas temperaturas favorecidas por uma situação anômala de bloqueio atmosférico, também favoreceram o decréscimo dos reservatórios tanto de água para o abastecimento das cidades quanto para a geração de energia elétrica.
Em um ano de realização de um evento de grandes proporções, a Copa do Mundo e de eleições, água e energia poderão ser o tema principal para muitas discussões acaloradas nos próximos meses.
No interior de São Paulo, moradores já cientes da falta de água nos próximos meses, buscam alternativas vistas com frequência no Nordeste do país. O armazenamento de água em cisternas e tambores para evitar a falta do elemento crucial para a sobrevivência humana nos meses de outono, inverno e primavera.

Falta de chuvas provoca perdas nos cafezais do Sul de Minas

Até a última sexta-feira(24) choveu menos de 10% do esperado para o mês de janeiro nos cafezais do Sul de Minas. Estiagem já compromete produtividade desta safra e o calor intenso queima as folhas que seriam responsáveis pela produção da próxima safra.

Na região do Sul de Minas, a falta de chuva e as altas temperaturas prejudicam as lavouras de café desta e da próxima safra. O momento atípico, no qual choveu menos de 10% do esperado para a época do ano, faz com que o desenvolvimento dos grãos seja prejudicado pela falta de água e nutrientes , reduzindo o rendimento na atual safra. Já as temperaturas elevadas e a forte insolação nas folhas do cafeeiro provocam um processo de escaldadura nas folhas (queima) que seriam responsáveis pela manutenção do crescimento da planta e consequentemente a produção da safra seguinte.

De acordo com Rodrigo Naves Paiva, engenheiro agrônomo da Fundação PROCAFÉ, em entrevista ao Notícias Agrícolas, a região já se caracteriza em um momento de déficit hídrico. A fase de granação e enchimento dos frutos demanda uma quantidade de água e nutrientes que o produtor não consegue obter com a estiagem, uma vez que a planta não recebe água e a eficiência da adubação fica comprometida.

Paiva afirma que a produtividade já será menor, mas as perdas só serão contabilizadas quando for realizada a limpeza do café. "Será gasta uma maior quantidade de medidas para gerar uma saca".

Segundo o engenheiro, o problema está bem generalizado nas regiões produtoras de Minas Gerais. No Triângulo Mineiro, cidades como Araxá e Araguari enfrentam condições bastante parecidas. "Apenas o produtor irrigante tem condição de salvar sua lavoura fazendo a suplementação. Para o produtor de sequeiro não tem o que fazer a não ser aguardar uma chuva significativa", aponta Paiva.

Não há previsão de chuvas para as próximas semanas. Paiva acredita que o clima ainda irá gerar mais prejuízos às lavouras. "O preço já está baixo. É difícil para o produtor. Situação complicada, mais crítica a cada dia que passa".


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