sábado, 8 de março de 2014

Dilma e o dia – ou melhor, o século – das mulheres

  Fernando Brito  8 de março de 2014 | 23:47          
dilmadia
A supremacia masculina das relações humanas sempre foi afirmada por dois fatores, que, afinal, se confundem: o poder econômico e, por consequência, o poder político.
Mas esta rota, afinal, pode ser percorrida ao inverso, e da afirmação política das mulheres pode-se, afinal, consolidar a igualdade econômica das mulheres na sociedade, um processo que tem consumido décadas mas que se tornou irreversível.
Duas ou três gerações, pouquíssimo na história social, nos separam de um tempo em que a mulher, sequer, tinha o direito de voto para este em que temos uma mulher Presidenta da República.
Que maravilha o progresso da civilização humana, mesmo com todo o lixo que vem nas marés enchentes.
Mesmo que nos façam tentar ver que as mulheres são “o tchan” , forma e objeto, elas nos provam que são tudo o que somos e ainda um pouco mais.
Passei os últimos três dias num hospital, com uma, a minha mãe, tentando uma cirurgia de pescoço que, por complicações, foi adiada.
E ela, na fragilidade de seus quase 80 anos, em lugar de querer ser protegida, ainda se preocupa em me proteger.
Por isso, achei legal que Dilma tenha dado um foco econômico à questão da afirmação da mulher.
Há 40 anos, eu era “o filho da desquitada”, como diziam  pejorativamente na vila de subúrbio.
Mas como ela trabalhava, com seus dois empregos, e mantinha a casa, os idiotas tinham de calar a boca.
Porque só livre economicamente a mulher pode ser livre social, cultural, sexual e filosoficamente.
Não há liberdade na dependência nem na pobreza.

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