O que fica sem resposta vira “verdade”. Depois, não adianta provar
Fernando Brito
Se alguma coisa aprendi na convivência com Leonel Brizola é a não deixar nada sem resposta.
E a Petrobras vem deixando tudo, ou quase tudo, sem resposta imediata.
Ou, como diria o Lula, cadê(AQUI) o blog da Petrobras?
Espero que, a partir do depoimento de Graça Foster ao Senado, na terça-feira, isso mude.
Porque, como disse outro dia, a Petrobras, silente, ficou “boa de bater”.
Ainda mais porque, ao não se defender, vai deixando que se consolide uma ideia de que a mais organizada e profissional empresa do Brasil é uma bandalheira.
Ontem, O Globo publicou matéria de um executivo de uma empresa – a Jaraguá Equipamentos – que diz que seus antecessores pagaram uma consultoria ligada ao doleiro Alberto Yousseff, para “validar” o preço proposto em uma concorrência da Petrobras.
Como os ex-executivos saíram em litígio com o dono da Jaraguá, não se sabe o que este novo executivo pretende. Mas ele deixa claro que o tal contrato foi firmado em preço que considera “inexequível”.
Traduzindo, baixo demais.
Ou seja, a eventual fraude concorrencial, milagrosamente, teria produzido um preço sub e não superdimensionado.
Original, não é?
Eu, pelo menos, aprendi que quando vejo fornecedor muito agressivo, é que algo está querendo a mais.
Quanto a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento, é, sem meias palavras, um ladrão.
Agora, é preciso ver com quem e para quem e como ele agia.
Porque Costa foi demitido por Dilma Rousseff e Graça Foster em abril de 2012, provocando, segundo(AQUI) o insuspeito O Globo, a ira de políticos ligados ao PP.
Ou seja, o Governo e a empresa expeliram essa figura há dois anos e certamente apenas isso porque não têm, como a Polícia e a Justiça, o poder de fazer buscas em sua casa ou interceptar suas ligações e e-mails.
Alguns, como os reproduzidos pela Época, referem-se a negócios de 2013, quando já não era mais nada na companhia. Pior: já era, em função das condições em que foi demitido por Graça e Dilma, figura “queimada”.
É bom ressaltar que Costa nunca foi homem do PT na Petrobras: funcionário de carreira, já tinha sido nomeado por Fernando Henrique Cardoso diretor da Diretor da Petrobras Gás S.A. , a Gaspetro. Não havia nada contra ele, tanto que teve, ali, suas contas(AQUI) aprovadas pelo Tribunal de Contas da União. Não havia razão moral para se opor a uma indicação de um partido da base aliada.
Portanto, Graça Foster, no Senado, não terá de dizer nada além do que fez com Paulo Roberto Costa: que o demitiu, assim que entrou.
Não posso adivinhar, mas creio que será isso o que Graça, em nome da Petrobras, dirá, como é de seu dever.
A Petrobras, se tem alguma relação hoje com este senhor, é a de vítima, não a de cúmplice.
O problema é que dizer a verdade, dias e dias depois da acusação, é algo que tem de ser muito, mas muito contundente mesmo, para reverter a impressão que se forma.
Tenho evitado entrar neste tema, aqui, exatamente por isso.
Não é possível fazer defesa técnica da Petrobras se ele, ao contrário do que fez em 2009, não tiver uma pronta resposta para cada ataque que a ela se faz.
Até porque não é não é esta a essência do problema.
Porque o ataque à Petrobras, como ocorre há 60 anos, é político.
E é na política que terá de ser, sem descuidar da informação objetiva, combatido pelos que defendem a soberania do Brasil.
E para os que fazem isso, sempre, a honradez será sua maior força.
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