Jornal GGN - A Polícia Federal interceptou mensagens do doleiro Alberto Youssef, em sequência às investigações da Operação Lava Jato, e enviou um relatório à Justiça com as conclusões e suspeitas. O documento indica uma possível relação do ex-ministro da Saúde e pré-candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, além do deputado Candido Vaccarezza (PT-SP), ao doleiro. As mensagens vazaram para a imprensa, que fez de uma suspeita decreto de crime.
Do ato ao fato. Assim que as mensagens vazaram, os meios de comunicação alardearam com manchetes que ligavam a ação do doleiro a Padilha e, ato contínuo, deputado de oposição ao governo entra com pedido para que Padilha seja convidado a se explicar na Comissão de Fiscalização e Controle. Tudo bem orquestrado conforme demonstra o desenrolar dos fatos. Acompanhe.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, uma mensagem foi enviada pelo deputado André Vargas (PT-PR) a Youssef por telefone celular, no dia 28 de novembro do ano passado, passando o nome e o número de alguém para dirigir o laboratório farmacêutico Labogen, informando que quem indicou o contato “foi Padilha, referindo-se possivelmente a Alexandre Padilha, então Ministro da Saúde” – é a descrição do relatório da PF.
A conversa de Vargas com Youssef era sobre a contratação de um executivo para o laboratório, que, segundo denúncias, funcionava como empresa fantasma para lavagem de dinheiro. Esse executivo foi identificado pela Polícia Federal, por meio de dados fornecidos pela operadora TIM, como Marcus Cezar Ferreira da Silva, ex-coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde.
Em outra conversa, em 26 de novembro, a interceptação das mensagens de telefone celular apresentam que André Vargas disse ao doleiro: “falei com Pad agora e ele vai marcar uma agenda comigo”. A Polícia novamente relaciona o “Pad” a Padilha.
A partir do vazamento da investigação da Polícia Federal, as manchetes dos jornais tornaram o denunciado réu julgado: “Alexandre Padilha indicou diretor de laboratório fantasma”, estampou a Veja; “PF diz em relatório que ex-ministro indicou executivo para doleiro preso”, publicou o G1.
O relatório da Polícia Federal também menciona: “existem indícios de que os envolvidos tinham uma grande preocupação em colocar à frente da Labogen alguém que não levantasse suspeitas das Autoridades Fiscalizadoras”.
Depois da onda de publicações dos jornais, Alexandre Padilha disse em nota pública, na sua página pessoal do Facebook:
“Pessoal, venho aqui para dizer que repudio o envolvimento do meu nome e esclarecer que NÃO INDIQUEI nenhuma pessoa para a Labogen. Se como diz a Polícia Federal, os envolvidos tinham preocupação com as autoridades fiscalizadoras, eles só poderiam se referir aos filtros e mecanismos de CONTROLE CRIADOS POR MIM no Ministério da Saúde justamente para evitar ações deste tipo. A prova maior disso é que NUNCA EXISTIU CONTRATO com a Labogen e NUNCA HOUVE DESEMBOLSO por parte do Ministério da Saúde.”
O Jornal Nacional divulgou o oposto, que o laboratório “chegou a firmar uma parceria com o Ministério da Saúde, mas não recebeu recursos”, ao contrário do que informou Alexandre Padilha.
O relatório de 80 páginas da PF, que analisa 270 mensagens trocadas por Youssef e Vargas, ainda associa que o doleiro mantinha contatos com outros parlamentares. Em uma das mensagens, a Polícia suspeita que Youssef encontrou-se com Vargas no apartamento do ex-líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), em Brasília.
Na mensagem do dia 25 de setembro de 2013, Youssef disse a Vargas que havia acabado de chegar ao apartamento: “achei que você estivesse aqui na casa do Vacareza”, e André Vargas responde: “tô indo”.
“Os indícios apontam que o alvo Alberto Youssef mantinha relações com o deputado federal Candido Vaccarezza, inclusive indicando que houve uma reunião na casa do deputado federal Vaccarezza, reunião esta entre Alberto Youssef, deputado federal André Vargas e Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos”, diz o relatório da PF.
Pedro Paulo Leoni Ramos foi ministro do governo Collor, e já havia aparecido na investigação da PF como sócio oculto no laboratório Labogen.
A Folha de S. Paulo contatou o deputado federal que, segundo o jornal, afirmou que não pode "negar peremptoriamente" que Alberto Youssef tenha passado em frente à sua casa, pois Vargas é seu vizinho em Brasília, mas que não se reuniu com Youssef.
A sequência orquestrada para colocar o pré-candidato a governadorde São Paulo na mira de escândalos teve desmanche com o anúncio oficial do líder da bancada do PPS na Câmara, Rubens Bueno, nesta sexta-feira (25) de que irá protocolar requerimento para Alexandre Padilha prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização e Controle.
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