Os ataques da Folha de São Paulo ao Ipea na Venezuela
Gilberto Maringoni
FOLHA AGORA ATACA IPEA NA VENEZUELA
por Gilberto Maringoni
A Folha de S. Paulo de quinta-feira passada (10) fez novo ataque ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O torpedo se volta o relevante trabalho desempenhado desde 2010 pela Missão Ipea na Venezuela, que deveria ser a primeira de uma série de iniciativas de integração regional. Outros escritórios seriam abertos em países do Mercosul. Não serão mais, pela mudança de rumos ocorrida no Instituto.
O Ipea abriu-se para áreas que iam além da economia, abrangendo sociedade, antropologia, cultura, história e relações internacionais. Seus estudos tornaram-se referência não apenas para órgãos governamentais, mas também para entidades associativas e movimentos sociais. A pauta dominante convergia para temas ligados ao desenvolvimento.
O chefe da missão na Venezuela é o economista Pedro da Silva Barros(foto), doutor pela FEA-USP. Em menos de quatro anos, ele produziu e coordenou dez relatórios específicos no âmbito da cooperação bilateral, com temas ligados à urbanização, indústria petroquímica, desenvolvimento na região da fronteira, integração produtiva entre os dois países etc.), oito cursos sobre negociações internacionais e políticas públicas, dois livros, seis artigos e relatórios de pesquisa, participação em 21 seminários, conferências, palestras e debates, três congressos acadêmicos e várias publicações em jornais, revistas e sites. Os dados constam de memorando enviado pelo economista ao jornal paulistano.
A Folha/SP reclama que o tom dos trabalhos ”varia entre o neutro e o elogioso ao chavismo”. Não é verdade. O problema é que a mídia brasileira – useira e vezeira em distorcer fatos sobre o país – só acha relevantes e com credibilidade matérias que ataquem de frente os governos Chávez e Maduro. Por omitirem conquistas reais – como elevação da qualidade de vida, fim do analfabetismo, melhoria da distribuição de renda etc. –, tudo o que não faça coro com uma cobertura, no mais das vezes enviesada, significa “politizar” as coisas, como malandramente insinua a matéria.
O texto do jornal critica ainda o fato de Pedro Barros escrever e opinar sobre a política venezuelana em sites e blogs. Ou seja, um jornal que alega defender com unhas e dentes a liberdade de expressão quer impedir justamente a liberdade de expressão.
Em tempo: fui bolsista do Ipea entre 2008 e 2011 e editor da revista ‘Desafios do desenvolvimento’ entre 2011 e 2012.
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