terça-feira, 1 de abril de 2014

Forças Armadas vão         investigar torturas e         mortes em 7 instalações militares na ditadura       

  • Comissão da Verdade pediu abertura das sindicâncias após relatório apontar uso sistemático dos locais para esses fins. Defesa afirma que resultado da apuração devem ser apresentados à CNV até o final deste mês

  • Do AMgóes - Honestamente? É como se a raposa fosse encarregada de inspecionar o galinheiro. Quem viver, verá.                                                                                   
 FLÁVIA PIERRY        

Calçada no entorno do 1º Batalhão da Polícia do Exército
Foto: Felipe Hanower / O Globo - 21-08-2013
Calçada no entorno do 1º Batalhão da Polícia do Exército , na rua Barão de Mesquita, bairro ( da Tijuca, Rio de Janeiro, onde terá sido trucidado o ex-deputado Rubens Paiva  (Felipe Hanower / O Globo - 21-08-2013)
BRASÍLIA – As Forças Armadas criaram comissões de sindicância para investigar tortura e mortes em instalações militares durante a ditadura. O ministro da Defesa, Celso Amorim, comunicou nesta terça-feira ao coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, que as Forças Armadas vão abrir as sindicâncias, como pedido pela comissão em 18 de fevereiro. O objetivo das apurações é levantar informações sobre o desvirtuamento do uso de sete instalações militares no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco, para prática de tortura e mortes durante o regime militar. Relatório da CNV feito em fevereiro apontou que esses locais tiveram “uso sistemático” para esses fins.
O Ministério da Defesa confirmou que as comissões foram abertas, como divulgou a CNV. Segundo o órgão, a comunicação feita pelo ministro Celso Amorim a Dallari sobre a abertura das sindicâncias foi protocolada às 11h10 desta terça-feira. A Defesa afirma que a expectativa é que o resultado dos esforços da sindicância sejam apresentados à CNV até o final deste mês.
A CNV afirmou que o Exército informou à Defesa que abriu sindicância interna em 25 de março e que buscará as informações disponíveis sobre o tema nos “órgãos de direção setorial” e junto aos comandos militares de área. O Exército também informou que “conduzirá as diligências necessárias solicitadas pela CNV”.
A Marinha e a Aeronáutica responderam ao requerimento apenas ontem, informou a Defesa a CNV. Segundo o ministério, o major-brigadeiro do ar Raul Botelho, comandante do Terceiro Comando Aéreo Regional será o encarregado da sindicância, conforme designado pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.

A composição do grupo que fará a sindicância ou os coordenadores nos colegiados no Exército e na Marinha não foi divulgada pela Defesa.
Relatório apontou “uso sistemático” de unidades para tortura e mortes
O pedido de abertura de sindicância pelas Forças Armadas foi motivado por um relatório parcial de pesquisa da CNV, que aponta “uso sistemático” de sete instalações das Forças Armadas para a tortura e morte de opositores durante a ditadura. No relatório, a CNV afirma que foi comprovado o uso de unidades militares para torturar e matar opositores.
A Defesa sustentou que está trabalhando para atender a todos os pedidos feitos pela CNV, atendendo aos prazos para a entrega de relatórios. Segundo o ministério, dos 30 pedidos que já foram encaminhados pela CNV ao órgão, 26 já foram atendidos, e a abertura das sindicâncias sobre o desvirtuamento do uso das instalações militares estava incluída nas quatro que ainda estão pendentes.
Veja a lista dos locais que serão alvo de sindicância:
No Rio de Janeiro:
Destacamento de Operações de Informações do I Exército (DOI/I Ex);
1ª Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar;
Base Naval da Ilha das Flores;
Base Aérea do Galeão;
Em São Paulo:
Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI/II Ex);
No Recife:
Destacamento de Operações de Informações do IV Exército (DOI/IV Ex);
Em Belo Horizonte:
Quartel do 12º Regimento de Infantaria do Exército.

 

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