MPF engaveta prova contra Aécio
enquanto busca incriminar Lula
Há muitas evidências de que a Operação Lava Jato não passa de uma
farsa que visa, exclusivamente, a destruir Lula e o PT, mas, talvez, a mais
contundente resida em entrevista que o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, do Ministério
Público Federal (MPF), deu à Agência Reuters na última terça-feira (23).
Perguntado sobre os boatos de que Lula estaria sendo investigado
no âmbito da Lava Jato, Santos Lima, que integra a força-tarefa do MPF que
investiga o caso Petrobras, afirmou que, “Neste momento”, não há investigação
contra o ex-presidente porque o que há contra ele são “só notícias da
imprensa”, mas que, se a força-tarefa conseguir encontrar algo, Lula será
investigado.
Antes de prosseguir no tratamento que o MPF e a própria Operação
Lava Jato estão dando a políticos de acordo com o partido a que pertencem, vale
comentar uma segunda informação do procurador Santos Lima, de que essa Operação
“deve levar ao menos mais dois anos” para ser concluída e irá chegar ao setor
elétrico, mais especificamente a obras da Eletrobras como Belo Monte e Angra 3.
Saiba, leitor, que a crise econômica que o país está vivendo tem
ligação íntima com a Operação Lava Jato. Sem ela, o país já poderia estar
recomeçando a crescer.
Na verdade, se não houvesse exploração política das investigações
e o segredo de Justiça estivesse sendo mantido, a Lava Jato não estaria
interferindo na economia. Contudo, essa investigação se transformou em um
espetáculo regado a vazamentos seletivos que atingem, única e exclusivamente, o
PT e seus aliados, de modo que o mercado tem dúvidas sobre a governabilidade e,
sem governabilidade, não há confiança do empresariado para investir, e, sem
investimento, ficamos atolados na crise.
A Lava Jato e sua força-tarefa, que congrega MP e Polícia Federal,
demonstram, com seus vazamentos seletivos, o claro objetivo de, em primeiro,
impedir que o país volte a crescer, pois isso poderia resultar em recuperação
da popularidade da presidente Dilma Rousseff, e, em segundo, de estender essas
investigações até a próxima eleição presidencial.
Enquanto um procurador do Ministério Público Federal diz
abertamente à imprensa que está caçando elementos para implicar Lula, a mesma
instituição engaveta evidência escandalosamente forte contra o líder da
oposição, presidente do PSDB, Aécio Neves.
Lula nunca foi acusado diretamente de nada, jamais foi sequer
citado nas delações premiadas, nada existe contra ele além de mísera
especulação da imprensa de que teria “proximidade” com a Odebrecht, como se a
empreiteira não tivesse igual “proximidade” com vários outros políticos de
oposição, como Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso etc.
Ao contrário de Lula, porém, Aécio Neves foi citado pelo doleiro
Alberto Yousseff. Em delação premiada, o doleiro afirmou que o ex-deputado José
Janene (PP/PR) – condenado no processo do Mensalão e mentor do esquema de
propinas na Petrobrás – lhe contou que “dividia diretoria de Furnas com Aécio
Neves”.
“O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem operava a diretoria
era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio Neves. Tinha algumas
operações que ele (Janene) dividia com o então deputado Aécio Neves (PSDB).”
Youssef disse que não sabia qual diretoria Janene controlava em
Furnas. “Mas ouvi dizer que, na verdade, ele dividia essa diretoria com o então
deputado na época Aécio Neves. O partido (PP) tinha a diretoria, mas quem
operava a diretoria era o Janene em comum acordo com o então deputado Aécio
Neves.”
Youssef disse que não falara sobre esse caso antes porque “Janene
era compadre dele e ele não quis abordar”. Como ninguém perguntou, ele também
não falou. Indagado sobre quem lhe disse sobre Aécio, ele respondeu: “O próprio
deputado José Janene. Mais de uma vez.”
Segundo Youssef, esse assunto surgiu em conversas políticas que
eles estavam tendo”. Eu estava junto, acabava escutando. Por exemplo, ele
(Janene) conversando com outro colega de partido, então, naturalmente, saía
essa questão de que na verdade o Partido Progressista não tinha a diretoria só
e, sim, dividiria com o PSDB, a cargo do deputado Aécio Neves.”
Quem era o operador do PSDB na época?, perguntaram os procuradores
ao doleiro na audiência de fevereiro. “A gente sabe por ouvi dizer. Ouvi dizer,
não tenho certeza, não posso afirmar, mas diziam que era a irmã dele, a irmã do
Aécio. Uma das irmãs, não sei se ele tem duas ou uma. Ouvi do seu José
[Janene], na época”.
Os defensores de Aécio poderão dizer que as acusações são vagas.
Sim, de fato são. Contudo, as acusações ao hoje presidente do PSDB são muito
mais do que existe contra Lula, contra quem não existe absolutamente nada.
Ora, como falar em investigar Lula sem que exista nada contra ele
além de suposta “proximidade” com a Odebrecht enquanto, contra Aécio, existe
uma citação formal na delação premiada de Alberto Yousseff? Como é que o MP e a
mídia não dizem nada sobre isso enquanto ficam transformando especulações sem
prova alguma contra Lula em investigação iminente?
Poder-se-ia perguntar, também, por que, apesar de tantas relações
que a Odebrecht e tantas outras empreiteiras têm com o PSDB, só se fala nas relações
dessas empresas com o PT.
Defensores dos tucanos dirão que quem controla a Petrobras é “o
PT” – o que é falso, porque a Petrobras é controlada por um governo de coalizão
integrado pelo PT. Mas o PSDB controla vários governos estaduais que têm
íntimas relações com as empresas investigadas.
Se houvesse interesse real em acabar com a corrupção no Brasil,
todas as relações dessas empreiteiras com governos de todos os níveis estariam
sendo investigadas. Porém, como está se vendo, a Lava Jato irá continuar investigando
só o PT até 2018, a fim de manter a economia andando de lado e, no ano
eleitoral, inventar alguma coisa contra Lula para que nem se candidate ou tenha
possibilidade de influir no pleito.
Assista, abaixo, ao vídeo em que Alberto Yousseff acusa Aécio Neves e
a irmã. As principais acusações estão nos primeiros minutos...
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