segunda-feira, 29 de junho de 2015

Dilma: nem houve dinheiro 


sujo, nem delator premiado 


merece respeito


Fernando Brito

dedoduro
Antes tarde do que nunca.
A Presidenta Dilma Rousseff, afinal, resolver por ordem no circo e tratar a onda de delações a granel como merece todo tipo de situação em que os dedos ficam apontando em todas direções, acusando sem provas todos de corrupção.
Primeiro, defendeu sua integridade: “Não tenho esse tipo de prática [receber doações ilegais]. Não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou sobre minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro, porque não houve. Segundo, porque, se insinuam, alguns têm interesses políticos”, disse Dilma à Folha em Nova York.
Depois, não usou meias palavras para os que estão “comercializando” acusações a torto e a direito, estimulados pelo medo de voltarem à prisão que serviu, justa,emte, para produzir estas histórias:
“Eu não respeito delator, até porque estive presa na ditadura militar e sei o que é. Tentaram me transformar numa delatora. A ditadura fazia isso com as pessoas presas, e garanto para vocês que resisti bravamente. Até, em alguns momentos, fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem que resistir, porque se não você entrega seus presos.”
E, de fato, era assim mesmo que ocorria: depois de um tempo de cadeia e de tortura, o cidadão acabava por entregar até a família.
Quanto a Ricardo Pessoa, a Presidenta disse que não recebeu o seu mandato e  que “não respeita nenhuma fala” dele, embora aformasse que todas deveriam ser investigadas.
Como comentei mais cedo, sobre a delação do empreiteiro da UTC, é muito adequada a leitura do trecho inicial da coluna de Ricardo Mello,  na Folha de  S. Paulo desta segunda-feira(29).
Uma revoada de acusações que, a rigor, não guarda nenhuma correspondência com a proporção de recursos doados por sua empresa, a UTC, numa narrativa que Mello chama de “irrealismo fantástico”:
Pessoa e o ser ou não ser do PT
Sobretudo na retórica, a nova safra de delações selecionadas aumentou a pressão sobre Dilma Rousseff. Paradoxalmente, serviu também para enfraquecer a oposição.
A história de Ricardo Pessoa, da empreiteira UTC, pertence ao gênero do irrealismo fantástico. A começar da exposição de motivos. Segundo o executivo, as negociatas entre governos e empresas perseguiam objetivos nobres. “Fazer a engrenagem andar”, “impedir retaliações contra quem não colaborasse”, “abrir portas” e outras platitudes.
Em benefício da dúvida, suponha-se que personagem tão impoluto tenha falado mesmo o que apareceu impresso e pense ter abafado. Aí imaginamos que o sujeito realmente possui um coração de ouro com dinheiro alheio. Uma espécie de “plutodemocrata”.
A saber: pagou ministros do TCU, deu mesada para o filho do presidente do mesmo tribunal, comprou o PT, comprou o PSDB, comprou o PSB, comprou o PR, comprou o PMDB e ainda deu R$ 20 milhões para o ex-presidente Collor. Só faltou ter adquirido o Cristo Redentor.
A delação divulgada afirma que a eleição de Dilma drenou R$ 7,5 milhões dos cofres da UTC. Pelo menos aqui Aécio Neves ganhou da adversária. Sua campanha agasalhou R$ 8,7 milhões do empreendedor preocupado com a marcha do capitalismo. Interessante: no total, suas doações declaradas aos tucanos foram maiores do que o dinheiro para o PT, inclusive em São Paulo.
Há duas hipóteses, complementares e não excludentes. Interessado na própria sobrevivência, Pessoa jogou a UTC no ventilador para ver como é que fica. Quanto mais alvos atingir, melhor. Deixa que o Moro faz o resto.
A outra possibilidade é a de que a bandalheira está institucionalizada no país. São ridículas, para ser elegante, as tentativas da oposição de convencer que a dinheirama recebida por ela é limpa e a fatia da situação, coisa podre. Mas depois da excursão Cantinflas à Venezuela, nada mais surpreende vindo de Aécio e sua turma.

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