Jornal que celebra golpe militar agora prepara caça às bruxas
publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 23:33
Da Redação
Compartilhado por Gerardo Santiago, no Facebook, o editorial “Ressurge a democracia” foi publicado por O Globo logo depois do golpe que mergulhou o Brasil numa ditadura militar que durou 20 anos.
O “Julgamento da Revolução“, assinado por Roberto Marinho, é de 1984 e não deixa dúvidas sobre o que as Organizações Globo pensavam a respeito da quartelada, em plena ditadura.
Histórico, também, é o editorial publicado nesta quarta-feira, 12.02.2014, em que o jornal prega o macartismo em sindicatos, partidos políticos e universidades, usando a comoção que cerca a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade.
O jornal explicitou que não aceita as críticas feitas aos barões da mídia corporativa e tenta confundir a opinião pública, igualando o exercício da liberdade de expressão dos blogs à incitação ao crime.
Quem diria: a família Marinho, que apoiou e cresceu graças à sua relação umbilical com uma ditadura militar que censurou, torturou, matou e desapareceu, tirando proveito político do cadáver de um trabalhador!
Leiam:
• O assassinato de Santiago jogou luz sobre a atuação, em várias níveis, de grupos autoritários. Agora, partidos, sindicatos etc. têm de mostrar, às claras, de que lado estão
EDITORIAL
Publicado: 12/02/14 – 0h00 - no jornal O GLOBO
Se grupos radicais buscavam um cadáver nas manifestações de rua, conseguiram. Mas não foi o que poderiam imaginar.
Em vez de jogar mais combustível na ferocidade do vandalismo em cima do corpo de um manifestante, mataram um repórter-cinegrafista no exercício de uma atividade essencial para a democracia, relatar os fatos para a sociedade. Atingiram a própria democracia, que tanto desprezam.
A morte de Santiago Andrade tem de servir, ao menos, para uma intensa e profunda reflexão sobre distorções escondidas nos subterrâneos de militâncias expostas em perfis falsos nas redes sociais que difamam pela internet, em sindicatos de jornalistas aparelhados e desconectados da profissão, em universidades transformadas em centro de doutrinação política, em funções desvirtuadas em assessorias de partidos políticos — para citar os pontos de intoxicação ideológica autoritária mais visíveis.
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, propõe alterações na legislação para melhor tipificar e, portanto, punir, manifestantes delinquentes. Boa sugestão. Mas o importante agora é ampliar o debate sobre o que está por trás da morte de Santiago, além de processar e punir seus responsáveis diretos e indiretos. Não se pode perder esta oportunidade, até mesmo em homenagem a ele. Entender e expor o que se passa é a única maneira de se começar a agir para prevenir outras tragédias.
O crime jogou luz sobre a inaceitável atuação do gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) em defesa de vândalos. Ele e partido precisam explicar a função dupla de Thiago de Souza Melo, assessor do deputado, pago, portanto, pelo contribuinte, e, ao mesmo tempo, advogado de black-bloc e similares.
Não pode, também, deixar de responsabilizar a campanha, sistemática, via internet, contra os veículos da imprensa profissional, chamados pejorativamente de “mídia corporativa”, quando é a publicidade privada que garante a independência de fato deles, ao contrário de sites, blogs e publicações bancados por verba pública.
Criou-se um ambiente tal de hostilidade que repórteres viraram alvo de marginais travestidos de manifestantes, até chegarmos ao assassinato de Santiago.
É óbvio que a punição tem de ser exemplar, para sinalizar os limites que têm de existir num país democrático em qualquer manifestação popular.
Também são de praxe as declarações de pesar feitas por políticos, inclusive Freixo, já encontrado no passado em atos típicos de quem deseja mais “acirrar contradições” do que trabalhar pelo apaziguamento em conflitos sociais e políticos.
Agora, é preciso ir muito além do declaratório. Tem-se de repudiar estes grupos e agir para que eles, garantidos todos os direitos estabelecidos em lei, sejam de fato contidos e punidos.
Partidos, organizações sociais, sindicatos têm de, às claras, mostrar de que lado estão: da violência justificada pelos fins ou a favor do estado de direito democrático, no seu sentido mais amplo.
PS do Viomundo: Como o editorial menciona “verba pública”, confiram com seus próprios olhos logo abaixo quem é que recebe o grosso do dinheiro público na mídia brasileira. Esclareça-se, também, que este site é mantido pelas assinaturas de nossos leitores.
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