E se o cinegrafista da BAND
estivesse de capacete?
Paulo Nogueira
Do AMGóes - O cinegrafista da BAND, Santiago Andrade, seguramente estaria vivo(talvez apenas com escoriações), se a empresa fornecesse capacete para a cobertura de manifestações, fiscalizando com rigor(didática e até coercitivamente, se fosse o caso) o uso dos indispensáveis equipamentos de segurança por seus profissionais. A Band, pelo visto, é reincidente: em novembro/2011, outro cinegrafista, Gelson Domingos, portando inadequado colete à prova de balas, foi atingido mortalmente por um tiro, em meio a ação policial contra traficantes de drogas na favela Antares, zona oeste do Rio de Janeiro. Como procede agora, o veículo colocou 'panos quentes'(tirando o...dele da reta) e, passados dois anos, Gelson é página virada, mesmo destino, daqui a algum tempo, da recente tragédia que ceifou a vida de Santiago. Quem viver, verá...
Repare na foto acima.
Dois jornalistas da BBC socorrem o cinegrafista Santiago Andrade, da Band, depois que um rojão atingiu sua cabeça.
Você a vê e conclui, melancolicamente, que Santiago poderia estar vivo, hoje. Bastaria que a Band lhe desse a mesma coisa coisa que a BBC dá para seus jornalistas em áreas conflagradas: capacete.
Ninguém falou nisso, que eu tenha visto — exceto Sininho, a ativista que vem sendo caçada pela direita e pela esquerda ligada ao PT.
Não usar capacete, em protestos como os de hoje, equivale a andar de carro sem cinto de segurança. Pode não acontecer nada. Mas pode também terminar em lágrimas que poderiam ser evitadas.
A coisa mais sensata que a família de Santiago faz, agora, é processar a Band por não fornecido a seu pai material de proteção adequado.
E os jornalistas envolvidos na cobertura de protestos deveriam, com base na tragédia de Santiago, exigir de suas empresas roupas adequadas.
Se as companhias jornalísticas brasileiras fizessem o beabá — acompanhar as melhores práticas do jornalismo que se faz no exterior — Santiago estaria vivo.
(O jornalista Mauro Donato, abaixo, que cobre as manifestações para o Diário do Centro do Mundo, usa capacete.)
Um dos repórteres da BBC, que aparecem na foto socorrendo-o, conta que em sua empresa os jornalistas são treinados para situações de emergência em ambientes perigosos, e recebem material que os protege, como o capacete.
No treinamento, eles aprendem coisas como primeiros socorros. Graças ao treinamento, um dos correspondentes da BBC tirou a camisa para estancar o sangue que jorrava da cabeça de Santiago.
Todo o empenho, infelizmente, não foi bastante para salvá-lo.
Mas outros Santiagos poderão ficar intactos, ou quase — desde que as empresas de mídia nacional sigam as lições da BBC e de outras grandes corporações jornalísticas internacionais.
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