Lula, em Cuba, conversa sobre energia, soja e situação da Venezuela
25/2/2014 15:51
Por Redação, com agências internacionais - de Havana
Por Redação, com agências internacionais - de Havana
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu, nesta terça-feira, uma série de compromissos agendados na capital cubana. O programa da visita à ilha tem três tópicos previstos a serem debatidos com os principais líderes cubanos: a produção de soja, a produção de energia e, por fim, uma visita ao porto de Mariel.
Segundo o cientista político Paulo Vannuchi, os eixos da viagem têm como objetivo fortalecer o fluxo de comércio da ilha e melhorar as condições de vida da população local, que sofre com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. A mesma atitude contrária ao regime cubano tem marcado a presença dos EUA na Venezuela, outro ponto que, mesmo não constando na pauta oficial do encontro, estará no centro da conversa entre Lula e o presidente cubano, Raúl Castro.
Vannuchi explicou a jornalistas, nesta manhã, que Lula levou especialistas brasileiros credenciados para estudar a possível e “urgente” produção de soja em Cuba. O analista político afirma que Cubafez uma opção histórica pelo monopólio da cana de açúcar e, no período da guerra fria, a União Soviética garantia a compra e exportação de toda a produção.
– Com o desmoronamento da União Soviética, no início dos anos 90, Cuba vive hoje uma situação muito especial – explica.
Além da questão da soja, o ex-presidente quer colaborar com o desenvolvimento e produção de energia elétrica cubana, especialmente da energia hidrelétrica. O terceiro tópico previsto na agenda é a visita ao Porto de Mariel, financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É o maior porto do Caribe, com localização geográfica estratégica. Vannuchi explica os motivos da construção do porto.
– É para projetar um sentido de mudança no regime cubano, não no sentido de abandonar o seu caminho socialista, o seu caminho de autonomia e independência nacional, mas sim para um país que se abra mais aos fluxos de comércio – comenta.
Em janeiro, a presidenta Dilma Rousseff esteve no país caribenho para inaugurar a primeira etapa do porto, resultado de um empréstimo de US$ 682 milhões. Na ocasião, Dilma também anunciou um financiamento de US$ 290 milhões para a implantação de uma Zona de Desenvolvimento Especial do Porto de Mariel.
O terminal, situado a 45 quilômetros ao oeste de Havana, está sendo construído pela Odebrecht e contou com um financiamento de US$ 682 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A obra faz parte do projeto de Integração Latino-Americana e poderá dotar a Cuba de uma moderna porta de saída marítima, que permitirá que indústrias brasileiras se instalem na ilha e aproveitem a mão de obra local, incentivando cubanos a produzir e exportar a partir do próprio país.
Para o analista, o governo brasileiro tem como objetivo auxiliar a ilha no sentido de sair do bloqueio econômico que prejudica a população cubana, o que não quer dizer que Lula concorde com todas as características do sistema político local.
Lula deve voltar a São Bernardo do Campo nessa quinta-feira, 27.
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