segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Caetano reclama de O Globo: “Eu esperaria mais seriedade”              


 Luiz Carlos Azenha                                                              

O black bloc Caetano Veloso reclama da cobertura de O Globo sobre o deputado Marcelo Freixo, do Psol.
Talvez ele precise ler esta entrevista exclusiva (AQUI) dada ao Viomundo para entender as motivações da família Marinho.
Se o Psol divertiu-se com a destruição do PT no processo do mensalão, agora parece ser a hora da vingança.
Simpatizantes do PT se juntam à direita para uma caça às bruxas da esquerda.
Que começou pela fada.
                                  
Na reportagem 'A Fada da Baderna', de Veja, uma montagem colocou Sininho caminhando diante de dez mascarados que erguem uma barreira de madeira.
Sim, uma montagem fotográfica faz a moça passear diante da destruição.
“Sininho faz a ponte entre os blacks blocs e a parcela da classe política que nutre simpatia pelo grupo. Dela constam, por exemplo, os vereadores Renato Cinco e Jefferson Moura, ambos do PSOL. Eles aparecem numa planilha que circulou em grupos fechados da internet, revelada pelo site de VEJA, com os nomes de pessoas que, a pedido de Sininho, patrocinaram um “evento cultural” que ela ajudou a organizar em dezembro passado”, diz a revista.
A revista não diz que este evento foi uma ceia de Natal.
A capa da revista traz o intertítulo “a militante Elisa Quadros, protetora dos black blocs, é a chave para descobrir quem financia, arma e treina os vândalos”.
O texto, repleto de adjetivos, faz muitas ilações mas não avança sobre se de fato há gente patrocinando “terrorismo”, “arruaça” e “baderna”.
É muita fumaça e pouco fogo.
A revista não menciona nem o juiz, nem o delegado que teriam doado dinheiro à Sininho.
Sem problemas, no Facebook já corre uma foto de Sininho ao lado do delegado, a “prova” de que eles urdiram alguma trama assassina.
Dedurismo explícito.
É a criminalização por associação: quem estiver na agenda da moça, quem tiver doado dinheiro para os eventos que ela organiza, quem tiver alugado o apartamento onde ela mora está, a partir de agora, sob suspeita.
A polícia carioca vai, obviamente, fazer a festa no inquérito que apura “aliciamento” de manifestantes.
Nunca se sabe, talvez Sininho seja mesmo do barulho, mas não dá para acusá-la de ser agente do bin Laden sem provas.
Em comentário aqui, o leitor Alexandre Tambelli fez algumas observações sobre o momento político:
A Rede Globo está na dela. Fez o que sempre faz. Resolveu solucionar o problema do descontrole das passeatas com uma estratégia inteligente: vamos pautar a investigação da morte do Cinegrafista, tentar mostrar a verdade que nos convém. E colocaram o PSOL e o Deputado Marcelo Freixo como os culpados de tudo. Por quê?
Dois motivos ao menos:
1) Queimar o filme do PSOL e do Marcelo Freixo, perante o eleitorado carioca. A circunstância eleitoral de 2014 deflagrou essa necessidade;
2) Insuflar a galera do PT e da centro-esquerda para descontarem na extrema-esquerda todo o ódio guardado pela forma como ela enxerga politicamente o PT e abraçarem a ideia da velha mídia: O PSOL é formado só por radicais e porra loucas. E, as notícias que a Rede Globo e Veja publicam servem como referência para a “vingança”.
A Rede Globo precisou abandonar as passeatas e esse clima de violência por dois motivos ao menos:
1) A Copa do Mundo e os patrocinadores que não devem estar satisfeitos com esse clima de “Não vai ter Copa!”, imagina que empresas pagaram cotas bilionárias à emissora e vão arriscar ter prejuízo?
 Capitalista não entra no jogo para perder dinheiro e sim para lucrar.
2) A Rede Globo descobriu com atraso que o melhor para ela é a manutenção do PMDB no poder do Estado do Rio de Janeiro. Isso depois de queimar o filme do Governador Sérgio Cabral, depois de ajudar no rompimento da aliança PMDB/PT no Estado. O intuito era detonar a Presidenta DILMA via Rio de Janeiro e demais Estados, não deu certo. Quem ficou sem cartaz foi o Governador Sérgio Cabral. A Presidenta DILMA recuperou sua popularidade nas pesquisas subsequentes, o Governador CABRAL não.
Agora é a situação nova: dá-se apoio ao PMDB e seu pré-candidato Pezão.
Afinal do outro lado tem:
1) Lindemberg Farias do PT;
2) O Bispo Crivela dos evangélicos;
3) Anthony Garotinho desafeto antigo da emissora;
4) E Marcelo Freixo, o novo inimigo da emissora.
Agora o Governador Cabral e sua Polícia vão ser competentes e elucidar com maestria as causas da Morte do Cinegrafista da Band e vão coibir novas passeatas dos black blocks e da militância de extrema-esquerda nas ruas.
E a Rede Globo e demais mídias velhas vão aplaudir o Governador CABRAL, por conveniência política nas eleições de outubro ao Governo do Estado.
Enquanto nós das esquerdas nos pautarmos pela Rede Globo, que tem interesses diametralmente opostos aos nossos, nós não vamos vencer a batalha pela democratização dos meios de comunicação.
Também achei interessantes as observações feitas pela Cristiana Castro, no Facebook. Reproduzo parcialmente:
Não é o PT, não é o PSOL… se a gente for seguir nessa toada não sobrará um partido político. A tentativa de criminalização da política começa a encontrar alguma resistência, até que enfim. Quando MPF/Mídia levaram o PT ao banco dos réus, levaram TODA a política como conhecemos.
O PT e seus quadros mais representativos, simbolizavam todos e, foi escolhido, apenas, por ser o maior e de mais difícil desconstrução por ser governo com forte apoio popular, por manter uma militância aguerrida e por representar a possibilidade de uma política de integração e inclusão na América Latina ( junto aos demais que também passam pela mesma situação).
Ou seja, desconstruído o PT, o resto dos partidos viria a reboque. O espaço forjado pelo consórcio Mídia/MPF/STF não abriga partidos, militantes e representantes políticos. Não por acaso, qdo, pela primeira vez em 500 anos, a sociedade brasileira passa a sentir-se representada, explode a tese de crise de representatividade (!!!??? ); as urnas não confirmam a tal crise e as ruas mascaram uma elite que, embora sentindo-se não representada não ousa aparecer politicamente, ou melhor, a partir de máscaras tenta impôr suas “propostas” fantasiada de povo sem cara.
Eles são os sem cara, os sem partido, os não representados; atacam todas as instituições menos o judiciário, responsável por ” julgar” a política que está no banco. São o braço “popular” do judiciário. Tudo que esses grupos exigem está intimamente relacionado ao discurso dos ministros no julgamento da AP 470 e não tem nada a ver com a proposta dos partidos políticos. Até pq já partem do sem partido; detonar as eleições, voto nulo, não me representa, candidatura avulsa… ora, qual partido chancelaria esse paradoxo?
Só um partido que embora sendo partido não fosse bem um partido mas uma rede… E, o que diabos significa uma rede? Não sabemos mas a ideia é de algo que substitua os partidos tradicionais, muito embora fazendo a mesma coisa. O fato é que, no lugar de militantes, temos pessoas anônimas, no lugar de partidos temos uma ” rede” e no lugar dos políticos qq um com um discurso completamente vazio que se encaixe em qq situação sem qq compromisso.
Em suma, o fim da política (deve ser o tudo que está aí ) e o Judiciário assumindo o Estado até que se resolva o que entra do lugar da representação popular pq os “sem partido”, estarão representados pelo Poder Judiciário; quem ficará a mercê desses grupos é a maioria da sociedade que mesmo que de forma precária, está representada na política tradicional. É a retomada do poder pelas elites, com uma roupa nova; um golpe acadêmico-filosófico, ou sei lá o que é isso…
É preciso considerar também o que disse Luiz Moreira em entrevista à Conceição Lemes: o que estamos vivendo agora no Brasil é um processo de subordinação da política ao Judiciário, que passa pela desmoralização de qualquer tipo de militância. Ou, como diz a Veja, é o Brasil que se nega a “crescer” e ganhar dinheiro.
Depois de sugerir que toda ação política é corrupta, a ideia agora é dizer que toda militância é arruaceira, baderneira e terrorista.
A deslegitimação da política é ótima para preparar o terreno para salvadores da Pátria ou para “enquadrar” um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff dentro de parâmetros que permitam a retirada de direitos sociais sem que as ruas explodam.
Pessoalmente, acredito que a destruição da esquerda “por associação” tem a ver com este enquadramento.
A resposta mais adequada seria isolar politicamente os black blocs. Ou seja, como escrevi anteriormente, os movimentos sociais deveriam seguir a linha do MST e se afastar das manifestações contra a Copa.

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