terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Estoque de veículos por redução de IPI causou retração anormal da indústria   

Fernando Brito                                     


Embora esteja bem longe de apresentar resultados positivos, não procede
o terrorismo jornalístico sobre a queda de 3,5% na produção industrial de dezembro.

Por uma razão muito simples: ela foi fortemente influenciada pela queda na produção de automóveis – 17,5% – , provocada pela semiparalisação do setor em dezembro.

Praticamente todas as montadoras deram férias coletivas em dezembro, mês que, pela redução dos dias trabalhados

E porque ele parou?

Porque a indústria se estocou fortemente para aproveitar o final da redução do IPI, que se encerrou em dezembro e vendeu os carros do pátio naquele mês e em janeiro, gerando um pico de movimento nas concessionárias, com a aplicação do desconto integral aos veículos fabricados no ano anterior.

                       

A indústria automobilística representa 10% do total da indústria brasileira e, sem contar a cadeia de componentes que dela depende

Já o mercado de caminhões também antecipou compras, para aproveitar as taxas de financiamento do Programa de Sustentação do Investimento, que passaram de 4 para 6% na virada do ano. Isso, ao contrário do que ocorreu com os automóveis, esfriou as vendas em janeiro, ainda mais porque a burocracia do Ministério da Fazenda atrasou a edição de uma portaria que permite o acesso a este financiamento.

Os demais setores caíram como costumam cair em dezembro, sem que isso signifique uma retração generalizada na produção.

Creio que ajudaria a compreensão dos leitores se as matérias não terminassem por eclipsar o fato mais importante: depois de uma queda de 2,5% em 2012, a indústria brasileira teve uma recuperação, ainda que tímida, de 1,2%.

Poderia ser melhor, aliás, sem a alta dos juros.

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