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Jornal GGN – Uma inovadora ferramenta digital criada pela Universidade de Brasília (UnB) para auxiliar professores a alfabetizar jovens e adultos com deficiência intelectual deve chegar a mais de 90 mil escolas públicas em todo o país, de acordo com o Ministério da Educação. A pasta do Governo Federal estuda como distribuir o software, que segundo seus criadores, é compatível com qualquer computador básico.
A ferramenta inova ao abandonar os métodos tradicionais de alfabetização de pessoas com esse tipo de problema, que geralmente contêm materiais com caraterísticas infantilizadas, para abraçar uma forma composta de um software educacional que ensina palavras, expressões e até códigos matemáticos a esses estudantes. A ferramenta teve absoluto sucesso nas escolas de Brasília.
“Nosso desafio era produzir uma ferramenta que não fosse pesada e pudesse ser usada em computadores mais simples. Nosso objetivo sempre foi distribuir o software gratuitamente às famílias, organizações não-governamentais e escolas”, diz o professor do Departamento de Ciência da Computação da UnB e coordenador do projeto, Wilson Henrique Veneziano. Todo o processo foi criado e bancado pelos próprios desenvolvedores.
O sistema surgiu das próprias dificuldades enfrentadas pelos desenvolvedores do novo sistema. Maraísa Helena Pereira, idealizadora pedagógica do programa, trabalha há mais de 20 anos com alfabetização de adolescentes e jovens com deficiência intelectual. “Havia uma lacuna para esse público. Esses estudantes adoram tecnologia, mas não sabem o significado das letras do teclado, por exemplo. Eles querem se comunicar. Comecei a desenhar as primeiras com base na minha experiência prática mesmo”, conta.
O desenvolvimento do sistema foi feito com a ajuda do Departamento de Ciência da Computação da UnB, que mobilizou alguns estudantes para atuar na construção do software como trabalho final de conclusão de curso. A primeira versão do software ficou pronta em 2011, sendo chamado de Participar. Tão logo começou a ser usada entre os próprios alunos de Maraísa, a ferramenta chamou a atenção de outros professores e não demorou para chegar em outras escolas. Mais de 750 unidades de ensino adotaram o programa.
Fora de Brasília, o software chegou às unidades das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), que também distribuíram aos colégios especializados vinculados a elas.
Nova versão
Já há uma nova versão da ferramenta, que deve ser lançada ainda neste começo de ano. A mudança oferecerá mais lições e exercícios para facilitar a compreensão das letras do teclado, formação de palavras e ainda estimula os estudantes ao diálogo com outros jovens, além de permitir acessibilidade às redes sociais. As atividades são sugeridas em mais de 600 vídeos gravados por estudantes com Síndrome de Down. “Eles se enxergam como pares e se sentem capazes também, já que quem está passando a lição é outro colega”, diz Maraísa.
O software atual pode ser baixado gratuitamente pela internet, no site do Projeto Participar. Segundo os criadores da ferramenta, já há pedidos de países africanos de língua portuguesa para usar o material e solicitações para que o Ministério da Educação auxilie a tradução da ferramenta para o espanhol, de modo a ser usado em outros países da América Latina.
“A gente precisa que o governo assuma isso para dar continuidade. O mais caro foi feito”, diz Maraísa, que assim como o professor Wilson Henrique Veneziano, já esgotou as possibilidades financeiras do próprio bolso com o projeto.
Com informações do Último Segundo.
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