domingo, 8 de dezembro de 2013

A face da esperança brilha sobre a mídia


Fernando Brito - 8/12/2013 - 20h19                 
                     niemeyer
O povo brasileiro, majoritariamente, acredita na ação do Estado para trazer o progresso e o bem-estar social, embora a imprensa do seu país passe os dias reclamando e vociferando contra o intervencionismo estatal.
Outra pesquisa, do Ibope e da Confederação da Indústria, publicada pelo Estadão, apresenta um sentimento popular completamente diverso daquele que seria de esperar de um país que é mostrado como às vésperas de uma crise e à beira de uma voragem recessiva e inflacionária.
Quase dois terços (63%) dos brasileiros acham  mais fácil avançar socialmente do que há dez anos, sentimento que  é maior no Nordeste, onde 73% da população acha mais fácil melhorar de vida.
Diz ainda a matéria que “77% dos entrevistados consideram o padrão de vida melhor ou muito melhor do que o dos seus pais. Além disso, 84% dos entrevistados projetam que os filhos terão uma condição de vida melhor ou muito melhor”.
Lembro-me da frase de Brizola dizendo que “aquele que viu a face da esperança nunca mais dela se esquece”.
Pois é, o povo brasileiro,  o imenso povo pobre deste país, como já não fazia há décadas, viu sua vida melhorar um pouco.
Pouco, mas o bastante para que voltasse a acreditar  que era possível uma vida diferente.
É isso o que nossos jornais, nossas tevês, muitos de nossos intelectuais – tão voltados para seus umbigos pós-modernos –  não conseguem mais captar, salvo raras exceções.
É, talvez, um de nossos maiores dramas, este divórcio.
Mas, felizmente, a realidade sempre se impõe e a força de um povo que deseja a felicidade, é capaz de abrir muitas mentes presas aos preconceitos e conceitos vazios de valor, em matéria de pensamento social, porque não tem valor algum aquilo que não é capaz de transformar o mundo.
Nem mesmo é uma crítica pessoal: por quanto tempo o próprio PT teve dificuldades em compreender o que representou Getúlio Vargas na formação do Brasil urbano e proletário? Quantas vezes ao ouvir a velha marchinha que dizia que “o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar” já ficavam prontos a discorrer sobre as manipulações populistas?
Pois não é que o Lula está bem de “velhinho”, servindo de símbolo do desejo de progresso, afirmação e felicidade do Brasil e de seu povo trabalhador?
A inteligência brasileira dos anos 60, classe média – em grande parte – filha da afirmação daquelas camadas populares, produziu um pensamento amigo e solidário a seu povo.
À medida em que o processo eleitoral avance, as  ilusões de quem ainda não viveu muito e, por falta de passado, têm embaçada sua visão do presente vão se desvanecer.
Por mais pesadas que sejam as cortinas da mídia, elas não podem encobrir uma luz mais forte do que qualquer outra.
A face da esperança, que milhões de brasileiros viram e que, agora, trazem refletidas em seus rostos sofridos.
E essa face vai brilhar mais forte que todas as sombras que, todos os dias e por todos os meios,  cuidam de lançar sobre ela.
Nossa luta não é feita de ódios ou rancores, mas também não se acovarda em apontar no outro lado a escuridão do passado.
Como nos versos de Pablo Milanés e Chico Buarque, “a História é um carro alegre, cheio de um povo contente, que atropela indiferente, todo aquele que a negue”.
PS. Atrasada, a homenagem do Tijolaço ao aniversário, dia 5, da morte de Oscar Niemeyer, um intelectual que amou, compreendeu e serviu a vida inteira a seu povo.

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