No dia dos 45 anos do AI-5, duas
escolas mudam de nome para
ensinar democracia
Fernando Brito T i j o l a ç o
Hoje, dia do 45° aniversário do famigerado AI-5 – muita gente não sabe, mas houve outros, antes, também cassando direitos políticos, como o AI-2, já em 1964 – leio em O Globo uma notícia própria para limpar os céus nesta manhã.
Duas escolas – uma no Rio outra em Salvador – mudam de nome, por decisão de professores e alunos, para ser livrar da carga que terem como patrono dois ditadores lhes traz.
A Escola Emílio Médici, em Salvador, passa a ter o nome do baiano Carlos Marighella, assassinado em seu governo.
A escola Costa e Silva, no Rio, um energúmeno rematado, passa a ter o nome do poeta, ator e militante social Abdias do Nascimento, a quem eu tive a honra de conhecer e partilhar das causas anti-racistas.
As meninas aí da foto – baianas como Marighella, negras como Abdias -, simples pré-adolescentes, que estão votando para a escolha do nome de sua escola – coisa que os brasileiros não pudemos fazer por quase 30 anos – bem que poderiam chamar os ministros do nosso Supremo Tribunal para se sentarem uns dias por lá.
Quem sabe aí aprendessem que o resgate da verdade histórica é um dever de quem quer o progresso humano e que, afinal, o castigo que se deseja para quem fez tanto mal nem é contra suas pessoas, as físicas, que em geral já se foram.
O castigo que se quer é, sobretudo, que todo um povo saibam o que fizeram, quem fez, para que seus nomes, vivos no passado, se apaguem eternamente no futuro.
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