Tucanos no mundo da Lua:
“Houston, temos um problema…”
Fernando Brito
O senador Aécio Neves anda tendo indigestão de tanto jantar problemático.
Josias de Souza, hoje no UOL, relata outro pepino noturno à mesa do mineiro.
“Na noite passada, o presidenciável tucano jantou com um grupo de jornalistas no Piantella, tradicional casa de repastos de Brasília. Recordou-se a Aécio que a reputação do seu PSDB está na bica de descarrilar no escândalo do cartel de trens e do metrô de São Paulo. O candidato tomou distância da carapuça.
“Se tiver alguém do PSDB que cometeu irregularidade, que recebeu propina, se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também”, disse. Indagou-se a Aécio se não receia que o caso interfira na campanha tucana. E ele: “Só se for para quem está envolvido. Para mim? Zero.”
Espere aí, senador, não era o Partido que senhor preside que estava dizendo que isso tudo era uma armação do PT e exigindo, por isso, a renúncia do Ministro da Justiça?
O senhor, inclusive, deu entrevista numa mesa que dividia com senador Aloysio Nunes Ferreira e com o deputado e secretário de Alckmin, dois dos acusados pelo ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer?
Quatro secretários de Estado, dezenas de bilhões em contratos firmados e ordenhados nos governos paulistas – na maior parte do tempo nos três períodos de Geraldo Alckmin e isso não quer dizer nada?
“Não é algo que contamine o Geraldo. Ele não é desonesto. Vou duas vezes por semana a São Paulo. Não pega. Ninguém toca nesse assunto.”
Vai nessa, senador…
O senhor não vê que até a turma de jornalistas com “bala” para frequentar o Piantella está achando que o “bicho pegou”?
O senhor não vê que, mesmo com a “moderação” da mídia, Estadão e Folha estão tendo de publicar o fato?
(verdade que de um jeitinho todo especial, como registra hoje o experiente coleguinha Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa)
O senhor sabe que Alckmin não é um Paulo Preto, um amigo que se possa deixar na beira da estrada, não é?
Ele está com nada menos que quatro de seus secretários sendo envolvidos nesta história.
O caso Alstom-Siemens é um caminhão de gasolina no ninho do tucanato.
Não há maneira de ficar imune a ele.
Mesmo que os senhores pretendam que o povo acredite que estavam no mundo da Lua enquanto em São Paulo corria aquele “trem bão” das propinas ferroviárias, como bons astronautas que pretendem ser, vão ter de acabar reconhecendo a necessidade de admitir, na sua Apolo 2013:
- Houston, temos um problema.
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