terça-feira, 6 de maio de 2014

Investida (ultra)conservadora

Francisco Fernandes Ladeira(*)        

                                         
Em sua edição de abril, a revista Caros Amigos publicou uma oportuna reportagem de capa, intitulada “A direita sai do armário”, em que aborda a atual investida conservadora que está em curso no Brasil. A reedição da Marcha da Família, as recentes manifestações racistas e homofóbicas, os casos de justiças com as próprias mãos e os pedidos de volta à ditadura militar são alguns exemplos de como a extrema-direita se faz cada vez mais presente em nosso país.
De acordo com o deputado federal Ivan Valente, entrevistado pela equipe de Caros Amigos, o crescimento eleitoral da esquerda – constatado não somente no Brasil, mas em quase toda a América Latina – ensejou uma reação por parte de vários setores da direita. “Eles (a direita) estão querendo dar demonstração de que estão vivos, de que não aceitam a democratização da sociedade”, asseverou o parlamentar. Nesse sentido, propostas como a redução da maioridade penal, a instituição da pena de morte no Brasil e a perseguição às manifestações populares têm sido bastante divulgadas pelos direitistas.
Segundo Caros Amigos, entre os mecanismos utilizados para propagar os ideais conservadores estão as redes sociais, sobretudo o Facebook; a grande mídia e o próprio parlamento brasileiro. De acordo com dados levantados pela publicação, frases como “sociedade quer que os militares voltem a governar o Brasil”, “governo é cumplice do terrorismo internacional” e “contra a doutrinação gay nas cartilhas e na TV” são bastante frequentes nos grupos de discussão da internet.
Obscurantismo conservador
Não obstante, a nova cruzada conservadora também está presente nas mídias impressa e televisiva. Para o deleite dos direitistas brasileiros, nomes como Rachel Sheherazade, Lobão, Reinado Azevedo e Rodrigo Constantino, sem medo de demonstrar seus preconceitos, têm apresentando comentários extremamente reacionários sobre temas como política, justiça e economia. Os discursos são basicamente os mesmos: criminalizar a população pobre e os movimentos sociais, exaltar os valores capitalistas e demonizar a todo custo o atual governo federal.
Por outro lado, a direita raivosa também está representada nas várias instâncias do legislativo brasileiro, por intermédio de políticos como Jair Bolsonaro, Marco Feliciano e coronel Telhada. Não por acaso, nos últimos dias a campanha pela candidatura de Bolsonaro à presidência da República tem ganhado cada vez mais consistência.
Sendo assim, como bem conclui a matéria de Caros Amigos, “com a extrema-direita saindo do armário, é bom que todos botem as barbas de molho e se preparem para conter retrocessos econômicos e sociais, num país tão injusto”.
Diante dessa realidade, é preciso que as forças progressistas de nossa sociedade se unam contra o obscurantismo conservador. Infelizmente, os resquícios da ditadura militar ainda pairam sobre o Estado brasileiro.
(*)  Francisco Fernandes Ladeira é especialista em Ciências Humanas: Brasil, Estado e Sociedade pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e professor de Geografia em Barbacena, MG

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