quarta-feira, 14 de maio de 2014

Faltam 30 dias para o fim do mundo. Que,       claro, não vai  acabar   

Fernando Brito                                    
Do AMgóes - Estive em Londres 4 meses depois das últimas Olimpíadas(nov/2012) e presenciei uma sequência de 'canteiros de obras' no périplo pela capital do Reino Unido, com estruturas viárias sob reforma para todo lado. Os londrinos haviam edificado em tempo hábil os equipamentos destinados aos Jogos, todos com arquitetura futurista digna de nosso Niemeyer. Alterar, todavia, traçados urbanísticos consolidados no curso de 2 mil anos(desde 43 d.C.), adequando-os à megalópole atual, é tarefa hercúlea, dependente de cuidados especiais, por exemplo, na preservação dos sítios históricos e descoberta de preciosidades arqueológicas dos idos anglo-saxões, da távola redonda e similares. Diferentemente daqui, não ocorreu lá qualquer manifestação quanto a suposto atraso na construção do legado urbano do evento. Como sabemos, as Olimpíadas de Londres foram um sucesso...                          
spiegel
A um mês da Copa, o distinto amigo e a querida amiga tomem seus assentos e preparem-se para assistir ao maior espetáculo da Terra.
Durante 30 dias, veremos os jornais dedicados a dizer que a Copa do Mundo será um desastre.
Não pense que é porque o Neymar se recupera de uma contusão ou o Fred vive morrendo de medo de outra.
É que a infraestrutura brasileira estará um caos.
Os aeroportos não vão funcionar.
As vias de acesso não estarão prontas.
Os estádios estarão mambembes.
Os velhinhos feito eu vão se lembrar de Hardy Ha-Ha, a hiena que fazia par com um leão do qual não me lembro o nome.
O complexo de vira-latas está à solta na grande mídia.
Como o  auxílio luxuoso da imprensa da metrópole colonial, como a alemã Der Spiegel, narrando que hoje há um Brasil selvagem – chega a dizer que os jogos terminarão em pancadaria nas ruas, com funcionários da FIfa e políticos sendo perseguidos por multidões  –  e, contraste com o Brasil de antes, idílico, onde até os mendigos frequentavam o Maracanã…
Um prato para a  classe média que acha que “O Brasil é uma merda, mesmo”, absolutamente convencida de que “o Brasil é uma merda, mesmo”.
Não tem importância que o Brasil disponha hoje de um volume de intervenções urbanas que jamais se viu, como diria o Lula, que “nunca antes, na história deste país” ocorreu.
Não tem importância que, desde os tempos do “milagre econômico” – na ditadura, quando morrer operário, remover pobre e devastar meio ambiente não eram problemas para a “imprensa livre” – a malha de transportes das cidades brasileiras não sofra tanta transformação.
Nem que elas tenham sido feitas dentro de um espírito federativo que delegou a Estados e Prefeituras a execução direta das obras.
O importante é pintar um cenário de caos.
A empreiteiras adoram a mídia brasileira: quanto mais pressão, mais dinheiro.
Só que, daqui a 30 dias, quando a Copa começar, tudo vai funcionar.
Com um improviso aqui, outro ali, mas com todo o essencial funcionando.
Outras, que dizem respeito mais ao tal “legado” que à realização dos jogos, sendo concluídas.
Mas é preciso criar um clima para garantir o que “está difícil” e a tal multidão enfurecida.
Ou, então, torcer para que, por culpa do Governo Dilma, a contusão do pé esquerdo de Neymar não fique boa, ou alguém acerte um tostão na coxa de Fred no próximo jogo do Brasileirão.
Sai prá lá, urucubaca..

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