segunda-feira, 12 de maio de 2014

Os   limites   do


“marquetismo”

Fernando Brito                                       

              aroeira

Um dos mais sérios problemas do “marquetismo” que tomou conta da política e da ação dos candidatos às eleições é o de procurar moldar à  forma de um “produto” os candidatos, os partidos e, até, as ideologias.
Eleições nacionais, em geral, não se definem por isso, mas pelo estado da economia nacional.
Mas há exceções e  em alguns momentos elas prevalece.
Nos últimos 25 anos, só em duas oportunidades eleição presidencial foi definida pela mensagem do candidato.
A primeira, a de 1989, com Collor, que soube capitalizar tanto a repulsa a Sarney quanto o medo de Lula.
A segunda,  a reeleição de Lula que fez o que não precisou fazer em sua primeira eleição, dado o desmoronamento óbvio de Fernando Henrique: apelar para o sentimento nacionalista e popular do país.
Todas as demais, inclusive a eleição de Dilma se encaixam perfeitamente no “é a economia, estúpido”, onde o contexto de expansão ou de crise. econômica foi determinante para o resultado das urnas.
Creio que temos, agora, a terceira eleição nestas condições.
Que o PT conduz, como de outras vezes, na calmaria do “a realidade objetiva vai prevalecer”.
A realidade objetiva, simplesmente, não existe para o discurso que se formou numa classe média e numa elite completante ensandecidas pelo ódio que a mídia lhes instilou.
Não adianta, porém, ficar nos números que provam os absurdos que se alegam.
Até porque não há mídia para fazer contraponto, porque foram 12 anos acreditando que o “controle remoto” iria romper o “partido único da mídia.
Os argumentos são apenas o ódio e o moralismo.
E, em matéria de moralismo, não apenas o PT teve os tropeços e as necessidades de alianças parlamentares que o exercício do poder acaba exigindo no Brasil, mas porque nunca teve a coragem de forçar a apuração de processos escandalosos como o do endividamento brasileiro e as privatizações.
Aliás, não teve e não tem, porque é só vocês repararem como se trata como se fosse imensamente mais grave um imbecil dizer no Facebook  que Joaquim Barbosa mereceria um tiro do que um agente no Estado treinar disparos de pistola na imagem da Presidenta da República.
O PT precisa perceber que não vai vencer estas eleições na economia, não porque haja um desastre econômico, mas porque se conseguiu forjar um cenário de caos na mente da classe média, inclusive na que ele próprio criou, porque sempre desdenhou a disputa ideológica, senão em raras exceções, como na mudança do regime de exploração do petróleo e no “Mais Médicos”.
Terá de entrar nela, tardiamente.
Quanto mais o adiar, mais difícil será vencer.
Porque seu adversário já entrou, e com sangue nas guelras.
E a esquerda, salvo um ou outro espasmo de vontade, mantém um comportamento choco, anêmico e apenas racional.
Não vai ser apenas com “listas de realizações” – por mais longas, verazes e efetivas que sejam – que se enfrentará a ofensiva da direita.
Não há “sem medo de ser feliz” que sobreviva ao imobilismo político deste governo.

Nenhum comentário: