domingo, 4 de maio de 2014

O conservadorismo antimaconha de
Eduardo Campos
                                


O título é sarcástico. Você o entenderá lendo o post e, sobretudo, assistindo ao vídeo com o depoimento de um sociólogo sobre os hábitos da assessoria de Marina Silva, a vice de Campos.
Em sua entrevista para Folha, o ex-governador de Pernambuco e agora candidato do PSB à presidência da república, revela-se um conservador de quatro costados, e do tipo autoritário.
Campos fala sobre vários temas, como inflação, tarifas de luz, banco central, reforma política, aborto, maconha e maioridade penal. Não emite uma mísera opinião progressista sobre nada. Entretanto, o pior não é isso. Campos sequer dá uma abertura para o debate. Em tudo, afirma categoricamente que deve ser assim e assado. Não fala em discutir com o congresso, patrocinar um debate com a sociedade ou consultar o povo.
Banco Central? Diz que deve ter independência e autonomia administrativa, com mandato de 3 anos sem poder ser demitido. Ora, o BC já tem bastante autonomia. Amarrá-la, contudo, seria vender um pedaço da soberania popular sobre o que há de mais importante para o país: sua política econômica.
Reforma política? Campos quer mandato de cinco anos e coincidência nos mandatos. Errado de novo. O Brasil não pode ficar mudando toda a hora as regras sobre eleição para presidente. E uma eleição a cada 2 anos é salutar para permitir à sociedade dar sua opinião sobre o andamento dos governos.
Sarney? Campos diz que “vai tirar de lá aquelas figurinhas”. Muito bem, Campos. E substituí-las pelos Bornhausen? Por Heráclito Fortes? Ora, quem tira Sarney do poder é o povo. E que eu saiba, o seu governo teve o apoio do PMDB e de mais dezenas de partidos.
Aborto? Campos responde quase rispidamente que “temos que cumprir as regras [sem ampliá-las]“. Resposta absolutamente desrespeitosa em relação a um dos problemas de saúde mais graves no país. Entendo que é o tema mais complicado para campanhas majoritárias, mas os candidatos responsáveis que possuam uma gota de sangue progressista sempre lembram, nesse ponto, que essa é uma questão de saúde pública e, portanto, não pode ficar apenas dependente do debate político eleitoral. Vários estados nos EUA, uma das democracias mais conservadoras do ocidente, já legalizarm o aborto; em quase toda a Europa, há legislações muito mais avançadas que no Brasil. Se o Brasil quiser sair do terceiro mundo cultural terá que rever suas leis nesse terreno também.
Maconha? Campos se posiciona contra a “descriminalização da maconha”. Ahá! Agora o socialista caiu no ridículo. Recentemente o sociólogo Mateus Prado revelou que “boa parte da assessoria de Marina Silva puxa um baseado”.
Assista ao vídeo de Prado afirmando isso aqui:
Ora, a gente sabe que, no Brasil, a proibição da maconha vale apenas para o pobre de regiões violentas da periferia, que muitas vezes é preso ou assassinado pela polícia ou esquadrões da morte porque está está fumando um “beck” nalgum cantinho ermo. Os ricos fumam maconha livremente, em shows de rock, em festas, em suas casas de campo e de praia. Não defender a descriminalização da maconha, no momento onde Uruguai e EUA estão legalizando plantio, produção e venda de maconha, me parece a opinião de uma pessoa totalmente desconectada de seu tempo. Vá ao cinema, governador. Observe a quantidade de personagens fumando maconha em contexto social positivo. Proibir a maconha é um contrassenso, porque o jovem assiste aos filmes americanos, onde Leonardo de Caprio e Jennifer Lopez fumam um baseado socialmente. Por causa dessa legislação, ficamos sabendo que um tetraplégico ficou preso na Papuda porque a polícia encontrou uma pequena quantidade de maconha em seu quarto. Boa parte da lotação de nossos presídios se deve ao fato de termos milhares de jovens presos por tráfico de pequenas quantidades de maconha.
Espanta-me, sobretudo, que num tema tão polêmico, Campos novamente não deixe uma brecha para debate maior sobre o assunto. E associe a maconha à violência e considere que a saída é apenas “o enfrentamento do tráfico”. Acho que nem o Tea Party seria tão reacionário neste tema. Além disso, Campos agrediu estupidamente os “sonháticos” de Marina Silva, os quais, com todo o respeito, e sem preconceito nenhum de minha parte (até porque eu sou totalmente a favor da legalização da maconha), quase todos devem puxar um baseado…
Inflação? Campos diz que vai reduzir a meta para 3%. Ok, maravilha. Todo mundo quer inflação baixa. Entretanto, dar independência ao BC e estabelecer metas draconianas, forçadas, de inflação, me parece a fórmula certa para voltarmos à política da recessão, quando presidentes do BC, numa canetada, elevavam os juros a mais de 40% ao ano, provendo os rentistas com lucros bilionários e prejudicando empresas produtivas e trabalhadores.
Enfim, esse Campos não tem nada de novo. É a velha política demagógica, conservadora e autoritária de sempre.
Futura presidiária num eventual governo Campos.
Futura presidiária num eventual governo Campos
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