sexta-feira, 9 de maio de 2014

Eduardo Campos e 

os lucros do Itaú       

 Altamiro Borges                          Altamiro Borges

O site Infomoney, dedicado aos rentistas, noticiou nesta semana que Eduardo Campos deseja indicar o chefão do banco Itaú-Unibanco, Roberto Setúbal, para o cargo de ministro da Fazenda, caso seja eleito presidente da República. Se for verdadeira, esta intenção visa seduzir os poderosos banqueiros – inclusive nesta fase de arrecadação da campanha –, que sempre tiveram maior afinidade com os tucanos. Se for verdadeira, ela também confirma que a conversa sobre a “nova política” é pura balela para enganar os inocentes. O PSB, que já estuda ceder ao deus-mercado e retirar o socialismo do seu programa, entregaria um dos principais ministérios ao presidente de um dos maiores bancos do país.

Segundo o site, “Eduardo Campos adoraria ter Roberto Setúbal no seu governo. Maria Alice Setúbal, irmã do banqueiro, tem uma relação quase fraternal com Marina Silva. E ‘Bob’, como Campos o chama carinhosamente, já está com um pé na compulsória: deverá deixar a presidência do Itaú no ano que vem. Roberto Setúbal, como se sabe, é tucano até a medula, mas, como diz o dito popular, ‘na falta de tu, vai tu mesmo’... Eduardo Campos gostaria de anunciar o nome de ‘Bob’ antes das eleições. E quanto ao cargo? Segundo um informante especialíssimo, a dupla Campos e Marina é taxativa: ‘Bob’ vai para onde quiser. Mas a pule de dez é mesmo o Ministério da Fazenda”.

Como se observa, os banqueiros continuam com enorme poder no Brasil. Isto ajuda a explicar os seus altos lucros. Na semana passada, a mídia rentista divulgou o balanço financeiro do Itaú-Unibanco no primeiro trimestre deste ano. O maior banco privado nativo lucrou R$ 4,419 bilhões, um aumento de 27,3% em relação ao mesmo período de 2013. Segundo o Estadão, “assim como o Bradesco, que divulgou alta de 18% no lucro no primeiro trimestre [R$ 3,44 bilhões], o resultado do Itaú foi impulsionado, entre outros motivos, pela mudança no perfil da carteira de crédito, com maior rigor na concessão e prioridade para operações de menor risco”. A inadimplência do banco caiu 3,5% no fim de março passado.

Apesar dos altos lucros, os porta-vozes do Itaú-Unibanco hoje compõem o time dos ferozes opositores do governo Dilma Rousseff. Quase toda a semana, eles acusam o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, de ser “intervencionista” e “anti-mercado”. Até em fóruns internacionais, eles garantem que o Brasil caminha para o caos. Eles exigem mais juros e maior superávit primário – nome fantasia da reserva de caixa dos rentistas. Isto explica porque os banqueiros apostam em dois nomes nas eleições em 2014 – o de Eduardo Campos, o “dissidente” que ainda gera desconfianças em setores empresariais, e o de Aécio Neves, o cambaleante presidenciável do PSDB.

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