Advogado italiano de Pizzolato
se manifesta pela primeira vez
e desmente versões fraudulentas
do Estadão
O advogado de Henrique Pizzolato na Itália enviou carta a alguns blogueiros e jornalistas, onde se manifesta, pela primeira vez, junto à opinião pública brasileira, sobre o caso de seu cliente.
Tradução:
Studio Legale Sivelli e Associati
Modena, 5 de maio de 2014
Assisto o Senhor Henrique Pizzolato no procedimento da extradição requerida pelo Estado brasileiro, à espera de julgamento pela Justiça de Bolonha, cuja audiência foi fixada para o dia 5 de junho.
Até agora não fiz nenhuma declaração à imprensa, porque entendo que todos os procedimentos, sobretudo aqueles que afetam a liberdade individual, devam ser tratados apenas em audiência.
Todavia, a minha intervenção agora é justificada pelo fato que tive ciência sobre notícias inexatas publicadas na imprensa brasileira, segundo a qual o senhor Henrique Pizzolato teria sido interrogado pela autoridade judicial italiana e, em particular, pela Procuradoria da República de Napolis, pelo crime de lavagem de dinheiro cometido em conjunto com notáveis da política italiana.
A notícia é destituída de qualquer fundamento.
Advogado Alessandro Sivelli
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Como a carta do advogado é sucinta demais, eu procurei minhas fontes na Itália para ter mais informações, e ela me lembrou de um texto que eu já divulguei aqui no blog, mas sem lhe dar o devido destaque. São informações da minha fonte na Itália:
O Administrador da penitenciária anunciou a Pizzolato a presença de seu advogado chamando-o para o encontro. Na verdade, não se tratava do advogado de Pizzolato, mas, sim, de um procurador e 3 policiais que interrogaram Pizzolato sob ameaça.
Perguntaram a ele se conhecia ou tinha informações sobre Claudio Scajola, ex-ministro italiano de Desenvolvimento durante o governo de Silvio Berlusconi, “investigado pela promotoria de Nápoles, a qual esmiúça as comissões ilegais sobre a venda de equipamentos de tecnologia aeroespacial e de defesa da Finmeccanica, empresa que é controlada em 30% pelo Estado Italiano”, segundo constam em notícias veiculadas pela imprensa italiana e brasileira no ano de 2012.
As investigações na Itália envolvem o “ex-ministro da defesa no governo Lula, além de ex da Justiça na era FHC e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, que é citado em acerto para a compra de 11 fragatas italianas; segundo a promotoria de Nápoles, comissão seria de 11%, num negócio de 5 bilhões de euros, intermediado pelo político italiano Claudio Scajola” (há uma notícia publicada pelo Brasil 247 sobre este assunto).
O procurador apresentou a Pizzolato uma foto de Scajola numa tentativa que Pizzolato reconhecesse, e de qualquer forma, prestasse alguma informação sobre o caso investigado pela promotoria de Nápoles. Pizzolato afirmou não conhecer Scajola.
O advogado de Pizzolato pediu explicações sobre o “interrogatório” feito sem a presença de defensor e claramente intimidador, e requisitou o que foi escrito pelo procurador de Nápoles.
O procurador Alberto Candi de Bolonha, representante substituto do procurador geral do Ministério Público, negou o pedido do advogado de Pizzolato, dizendo que a investigação: “está coberta por segredo de justiça”.
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Não é tão difícil entender as razões do procurador italiano: sabendo pela imprensa que um quadro do governo do PT estava preso em Modena, ele resolveu dar um “chute”, para ver se Pizzolato tinha informações sobre um negócio que envolveu Nelson Jobim, então ministro da Defesa do governo Lula, e as autoridades italianas.
O negócio foi a venda de fragatas (navios de guerra) italianas à Marinha do Brasil. A Itália investiga se políticos italianos receberam comissões ilegais sobre essa operação, e se houve participação de políticos ou servidores brasileiros.
Mas Pizzolato não tem nada a ver com isso. Ele não era da Marinha, nem do Ministério da Defesa, nem nunca teve qualquer contato com autoridades italianas. Poucos dias antes de Pizzolato ser interrogado, o jornal La Stampa publicou matéria sobre a investigação, que envolve a empresa Finmeccanica, na qual o Estado italiano tem participação de cerca de 30%.
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É incrível, contudo, que a imprensa brasileira tenha inventado uma história completamente diferente do que realmente aconteceu, trazendo o nome de Valter Lavitola, um “ex-aliado” de Berlusconi. O Estadão, por exemplo, publicou que a justiça italiana “deve processar Pizzolato em investigação sobre lavagem de dinheiro”. Mais um dos delírios da nossa mídia. A Justiça italiana não está investigando Pizzolato por nada ligado a Lavitola, nem cogita “processá-lo” por lavagem de dinheiro. O procurador interrogou Pizzolato sobre outro personagem, um tal de Scajola, que Pizzolato também não conhece.
Não há nenhum mísero fato ou informação envolvendo Pizzolato a nenhum processo italiano. A imprensa brasileira, mais uma vez, mentiu descaradamente, tentando produzir um factóide político para manter quentinho o forno do mensalão.
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Cidadãos, políticos, advogados e jornalistas interessados em esclarecer de verdade o caso mensalão e não em usar o processo com fins políticos, deveriam procurar o escritório de Sivelli, para lhe dar subsídios técnicos, porque o julgamento de Pizzolato na Itália terá importância estratégica para ou desmontar a farsa produzida por mídia, Procuradoria e Joaquim Barbosa, ou ajudar a reforçá-la.
A PGR do Brasil, que teme ver seu nome conspurcado pelo desmascaramento da farsa, está jogando pesado junto ao Ministério Público italiano. Se a “solidariedade corporativa” entre MP brasileiro e italiano falar mais alto que o desejo de fazer justiça, então Pizzolato será, mais uma vez, prejudicada por injunções políticas.
Os destinos de todos os réus estão atrelados uns aos outros, visto que se trata de uma ação penal centrada num crime só: a suposta compra de votos com dinheiro da Visanet. Se este crime for novamente investigado, com isenção, sem as pressões espúrias de mídia aliadas à conivência de alguns ministros do STF, ficará patente as incoerências do processo, e a AP 470 desmoronará, a partir da derrubada de seu pilar central.
Contato de Sivelli: sivelli@studiosivelli.it
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A carta de Andrea Haas(mulher de Pizzolato), divulgada por este blog há alguns dias, foi acusada de “apócrifa” por alguns, e de ter sido escrita pelos advogados de Pizzolato, por outros. Nada disso. O advogado de Pizzolato não sabe nem escrever português. A carta é autêntica, escrita por Andrea no mesmo dia em que foi publicada, após o envio, da minha parte, de algumas perguntas a ela.
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