sexta-feira, 25 de julho de 2014

‘Tancredoporto’ de Cláudio-MG também foi

irregular. 160 vezes, porém, mais barato

que o ‘Aecioporto’

Fernando Brito  
Do AMgóes -  Quem diria, hein? O avô de 'Aecim', presidente eleito em 1985,   falecido antes de assumir, foi governador das Gerais e,   sem alarde,  no velho estilo do   'mineirim-come-quieto', precedeu  o  neto na arte  de  transformar   dinheiro público em privado.   Só que, mais contido, mandou construir, na fazenda do cunhado, uma pista de terra batida, substituída  por outra, de asfalto, pelo neto e mais ilustre herdeiro do clã dos Tolentino-Neves-Cunha,    160  vezes  mais onerosa. Afinal(deve ruminar o candidato tucano com seus botões),   o que é mesmo uma           pistazinha de aviação à toa para tanto barulho?                                                                               
tancredoporto1
Quem sai aos seus não degenera, diz o ditado.
Ficamos sabendo, pelo Estadão, que a pista de terra que antecedeu o aeroporto asfaltado feito com dinheiro público para levar Aécio Neves à sua fazenda, no Município de Cláudio também foi feita com dinheiro público.
Mais precisamente com dinheiro que Tancredo Neves transferiu do governo de Minas para seu cunhado (e prefeito) Múcio Tolentino abrir a pista de terra que havia antes ali.
E que o Ministério Público Estadual em 2001, pedindo o bloqueio de bens  do titio Múcio – inclusive da fazenda do aeroporto desapropriada–, entre outras acusações, por dano ao erário, o que não estaria prescrito.
Será que o netinho –  em 2001 já com 40 anos e novo chefe do clã – não sabia disso, quando mandou desapropriar aquele terreno?
Aécio pode encomendar pareceres jurídicos até de Rui Barbosa, se quiser.
Não há o que esconda que cometeu um ato imoral, como governador.
Mas é pior ainda que o ato de Tancredo, praticado numa época em que se era muito mais leniente com os benefícios pessoais dos atos dos governantes.
É que Tancredo foi muito mais econômico.
Gastou perto de 50 mil dólares para fazer seu aeroporto particular, que é a quanto correspondiam, em 1983, os Cr$ 30 milhões repassados ao tio-avô de Aécio.
Aécio gastou 8 milhões de dólares no seu aeroporto.
O Fiat Elba virou Ferrari.
Leia a matéria do Estadão:

Pista de terra de aeroporto

também teve verba pública

Marcelo Portela
Belo Horizonte – O aeroporto da fazenda que pertenceu ao ex-prefeito Múcio Guimarães Tolentino, tio-avô do senador e presidenciável Aécio Neves, já era alvo do Ministério Público muito antes de o tucano destinar R$ 13,9 milhões do governo mineiro para construir ali uma pista de asfalto. Múcio é réu em ação de reparação de danos ao erário por ter usado verba pública, também do governo mineiro, para abrir uma pista de terra batida no local em 1983.
A partir daquele ano o então governador, Tancredo Neves, avô de Aécio, fez repasses para a prefeitura de Cláudio, então dirigida por Múcio, seu cunhado. O dinheiro, cerca de Cr$ 30 milhões, foi usado na fazenda do próprio Múcio para a construção do aeroporto com pista de terra batida.
Em 2009, quando Aécio era o governador, o Estado de Minas voltou a investir na fazenda. Desapropriou o terreno do aeroporto e injetou R$ 13,9 milhões na construção de uma pista de asfalto no local. O aeroporto ainda não tem autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para funcionar, mas, segundo relato de um parente de Aécio, o candidato à Presidência pelo PSDB já pousou e decolou dali várias vezes.
Aécio, suas irmãs e sua mãe também têm uma fazenda em Cláudio. Ela fica a cerca de 6 quilômetros do aeroporto. As chaves de acesso à pista ainda estão nas mãos da família de Múcio, que contesta o valor de R$ 1 milhão oferecido pelo Estado de Minas pela desapropriação da área. Aécio nega que tenha havido irregularidades nas obras, mas ainda não esclareceu se utiliza ou não a pista quando vai a Cláudio.
Ação. A ação civil sobre o repasse de verba pública para a construção da pista de terra foi apresentada pelo Ministério Público Estadual em 2001, pedindo o bloqueio de bens de Múcio – inclusive da fazenda do aeroporto –, a quebra de sigilo bancário e a condenação do ex-prefeito por improbidade, além do ressarcimento de danos. Os pedidos foram atendidos, mas, segundo o Tribunal de Justiça de Minas, a maior parte das acusações já prescreveu. A exceção é a reparação de danos ao erário, pena que ainda pode ser imposta a Múcio.
Segundo o Ministério Público, a obra foi feita sem licitação, por meio do convênio 971/83, firmado entre Tancredo e Múcio. Conforme a promotoria, o “dinheiro estadual para construção do Campo de Aviação veio pela ordem da autoridade de Tancredo de Almeida Neves, governador do Estado neste período”, e o convênio, assim como o depósito e a execução da obra, foi feitos “sem participação ou fiscalização da Câmara de Cláudio”.
A ação relata que vereadores do município tentaram buscar a documentação relativa ao caso e constataram que os recursos foram pagos à Construtora Brasil S/A, mas não houve prestação de contas dos juros da conta, que não aparecem nos extratos de pagamentos e duplicatas relativos ao convênio.
‘Acordo verbal’. O Ministério Público relatou ainda que, ao prestar depoimento sobre o caso, Múcio disse que tinha um “acordo verbal” com Tancredo para que a área do aeroporto fosse posteriormente desapropriada. “Apurou-se, assim, pelas versões de Múcio Guimarães Tolentino, que o campo de aviação foi usado pelo finado Tancredo de Almeida Neves, junto com sua comitiva, e que várias outras pessoas e políticos usaram o campo de aviação”, diz trecho da ação civil.
O processo mostra também que vereadores de Cláudio tentaram “negociar amigavelmente” com Múcio para que ele passasse o aeroporto para o município, mas o ex-prefeito se negou.
Múcio não foi localizado para comentar o caso.
Em sua página no Facebook, Aécio negou que a ação contra o tio-avô interfira no processo de desapropriação iniciado por seu governo em 2008. “Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A ação civil pública solicita a devolução dos recursos públicos investidos na pista de terra no município. É um processo diferente, que se arrasta já há 13 anos e pode durar ainda muitos mais”, escreveu o candidato à Presidência.
Em nota, o governo mineiro disse que, no pedido de desapropriação da área, foi citada a existência da ação contra Múcio. “O imóvel será registrado em nome do Estado, independentemente do andamento da ação.”

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