quarta-feira, 23 de julho de 2014


Gaza e uma barbárie 


tragicamente humana


                            
piquinejudeu
Não é nada simples falar da estupidez humana. Nada simples Porque de alguma maneira somos parte desta máquina de moer carne. Deste cinza que se faz vermelho em muitas partes. Somos cúmplices silenciosos ou barulhentos de um pouco de tudo que estamos vivendo.

Quem ainda não teve a curiosidade de jogar as letras que completam a palavra Gaza no Google imagens não deve fazê-lo. Depois de muito resistir o fiz. Fui lá e vi o que não queria. Entre elas a imagem de um bebê que deveria ter no máximo um ano. Totalmente torrado e dilacerado. Enquanto isso, alguns israelenses faziam piquenique para ver Gaza queimar. Sentados em sofás e comendo seus lanches levados em sacolinhas de mercado. Um homem desfrutando a tragédia do outro.

 É disso também que se trata quando jovens são executados nas periferias e nas salas das boas famílias de classe média e da elite pessoas bem nascidas e bem nutridas entre uma garfada e outra decreta-se: um bandido a menos. Ou qualquer outra coisa do gênero. Desse gênero bizarro de não se importar com a vida do outro. Dessa forma carcomida de humanidade cuja mediação mais e menos sofisticada é o dinheiro. É o poder de ter. É o derrotar o outro como forma de poder ser mais. Não importa o que eu tenho, desde que o outro tenha menos. E ainda há o discurso que se quer lógico.

Por essa lógica, as crianças palestinas são ameaças futuras. Os garotos quase todos negros das nossas periferias são ameaças futuras. A interrupção de suas vidas, por isso, é quase que uma ação de segurança. É o ou eles ou nós. E como eles não contam, podem ser sacrificados em nome do nosso sossego. Do nosso presente e do nosso futuro. Como índios que não tinham alma. Não são só as indústrias de armas que desejam a guerra. Não são só Estados terroristas. Eles também e eles mais. Mas há muito de humano nessa destruição. Nessa maluquice de execuções e extermínio. Há por trás disso uma humanidade imensa e que pode envergonhar. Mas que é humana. O humano é o pai desta história. Dessa imensa barbárie. Dessa quase sagrada estupidez.

Nenhum comentário: