Nos tempos de faculdade, havia uma piada – hoje certamente considerada de mau-gosto – que dizia que a estatística era como a minissaia: mostrava tudo, menos o essencial.
Hoje chega ao meu conhecimento a nota do senhor Marcelo Sperandio, auxiliar da coluna de Felipe Patury, da Época*, sobre a deputada Manuela D’Ávila(PCdoB/RS), que mal conheço de vista e a quem não tenho, portanto, nenhum interesse pessoal em defender, a não ser do que julgo ser uma manipulação acanalhada dos números.
Diz a nota que a cidadã aumentou em 1200% seu patrimônio.
Um espanto, não é?
Aí, lê-se que a fortuna da deputada chega a 184 mil reais.
Ora, não existe nada de incompatível em ter essas economias – a maior parte em caderneta de poupança – para alguém que, como deputada, tem vencimentos de R$ 26 mil por mês.
A desonestidade moral é tanta que se escreve que ela “enriqueceu – e muito”.
Com um patrimônio de R$ 184 mil, certamente muito menor do que ele próprio ou seu chefe possuem.
O jornalismo não pode virar uma cloaca.
Um jornalista que não se escandaliza com o gasto de mil vezes mais, em valor de hoje, de gasto do dinheiro público para prover Aécio Neves de um aeroporto que, há pelo menos quatro anos, funciona como particular, não pode escrever que é escandaloso aquela senhora ter R$ 94 mil numa caderneta de poupança no Banco do Brasil.
Até a sordidez deve ter limites.
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