a opinião pública
Miguel do Rosário
Triste o país em que a mídia sabota a sua própria função, que é dizer a verdade, e faz campanha sistemática para enganar os cidadãos e manipular a opinião pública.
Em apenas uma semana, dois importantes institutos de pesquisa, o Ibope e o Vox Populi, divulgaram pesquisas provando o que a gente está careca de saber: a mídia joga contra o Brasil e mente descaradamente, pintando uma realidade pior do que já é.
Se fazia isso quando as coisas andavam bem, agora que a economia vive momentos difíceis, o apocalipse instalou-se!
A imprensa brasileira tornou-se quase uma organização terrorista, que vive de sabotar o país.
O Vox Populi trouxe informações que complementam as informações do Ibope.
O Ibope identificou que 41% dos brasileiros acham que a mídia pinta a realidade pior do que ela é.
O Vox Populi descobriu que a outra metade é manipulada, porque pensa que os dados econômicos são bem piores do que a realidade: acredita(a turma sem noção e desinformada) que a inflação mensal está acima de 20% (Está em 8% em 12 meses 0,6% ao mês, segundo os últimos números do IBGE).
E dois quintos dos brasileiros acham que o desemprego está acima de 40%! (Está em 8%, segundo o PNAD-IBGE).
O pior de tudo é pensar que esse pessimismo deliberado, oportunista, prejudica a economia, porque desestimula investimentos.
Com isso, acaba promovendo o que se chama de profecia autorrealizável, aquela que chama tanto por desgraça que acaba atraindo desgraça.
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A crise e suas interpretações
Pesquisa do Vox Populi revela: quase metade dos brasileiros estima uma inflação mensal superior a 20%. Faz sentido?
Quanto mal uma mídia partidarizada pode causar a um País? Que prejuízos a irresponsabilidade dos veículos de comunicação traz à sociedade?
No Brasil, essas não são perguntas acadêmicas. Ao contrário. Em nossa história, sobram exemplos de períodos em que a “grande imprensa”, movida por suas opções políticas, jogou contra os interesses da maioria da população. Apoiou ditaduras, avalizou políticas antipopulares, fingiu não ver os desmandos de aliados.
O instituto Vox Populi acaba de realizar uma pesquisa nacional sobre sentimentos e expectativas a respeito da economia. O levantamento deixa claro o preço que pagamos por ter a mídia que temos.
A pesquisa tratou principalmente de inflação e desemprego e mostra que a opinião pública vive um pesadelo. Olha com desconfiança o futuro, teme a perda de renda e emprego, prefere não consumir e não tem disposição de investir. Está com medo da “crise”.
Todos sabem quão importante é o papel das expectativas na vida econômica. Quando a maioria se convence de que as coisas não vão bem, seu comportamento tende a produzir aquilo que teme: a desaceleração da economia e a diminuição do investimento público. A “crise” é, em grande parte, provocada pelas expectativas.
O principal sucesso da mídia oposicionista na desconstrução da imagem do governo ocorreu no primeiro semestre de 2013, quando as pesquisas de opinião apontaram o salto das preocupações com o “descontrole da inflação”. Ali, a inflação crônica que conhecíamos desde o Plano Real foi transformada pela “grande imprensa” em aguda. Sem que a “inflação objetiva” mudasse, a “inflação subjetiva” foi acelerada.
Estampada em manchetes e com tratamento de luxo nos noticiários de tevê, a “crise econômica” estava na pauta dos meios de comunicação muito antes de se tornar uma preocupação real da sociedade. Há ao menos dois anos, é o principal assunto.
A nova pesquisa mostra que a quase totalidade dos brasileiros, depois de ser bombardeada durante tanto tempo com a noção de “crise”, perdeu a capacidade de enxergar com realismo a situação da economia.
A respeito da quantia imaginada para comprar, daqui a um mês, o que compram atualmente com 100 reais, apenas 2% dos entrevistados estimaram um valor próximo àquele. Os demais 98% desconfiam de que vão precisar de mais ou de muito mais. Desse total, 73% temem uma alta dos preços superior a 10%. Quase a metade, 47%, estima uma inflação acima de 20%. E não menos de 35% receiam que os preços subirão mais de 30% em um mês.
Convidados a raciocinar com o horizonte do fim deste ano, tivemos 1% de entrevistados seguros de que até lá os preços vão subir em média menos de 5%. Outro 1% estima uma alta entre 5% e 10%. Ou seja: a crer nas projeções para 2015 da inflação, 1% errou para menos, 1% acertou e 98% erraram para mais. E erraram desmesuradamente. Quase a metade se apavora com a perspectiva de uma inflação anual superior a 50%, e, destes, um terço fantasia uma inflação de 80%.
Os números sãos semelhantes nas análises do desemprego. Apenas 7% dos entrevistados sabem que hoje menos de dez indivíduos em cada cem estão desempregados. Cerca de um quarto acredita que o desemprego varie de 10% a 30% da força de trabalho e 38% imaginam que a proporção de brasileiros sem emprego ultrapassa os 40%.
Por esse raciocínio, o cenário até o fim do ano seria dantesco: quase 40% acreditam que o desemprego em dezembro punirá mais da metade da população ativa.
Para tanta desinformação e medo do futuro, muitos fatores contribuem. Nossa cultura explica parte desses temores. Os erros do governo, especialmente de comunicação, são responsáveis por outra. Mas a maior responsável é a mídia hegemônica.
Ninguém defende que a população seja mantida na ignorância em relação aos problemas reais enfrentados pela economia. Mas vemos outra coisa. A mídia deseduca ao deformar a realidade e por nada fazer para seus leitores e espectadores desenvolverem uma visão realista e informada do País. Fabrica assustados para produzir insatisfeitos.
Com isso, torna-se agente do agravamento de uma crise que estimulou e continua a estimular, apesar de seu custo para as famílias e para o Brasil.
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Vale a pena ler a opinião do internauta Marcos Doniseti Vicente, publicado na seçaõ de comentários da Carta Capital:
Dizer que o mundo ‘está se recuperando em bom ritmo’, como fez um leitor aqui, é uma piada. Os EUA tiveram uma queda de 0,7% do seu PIB apenas no primeiro trimestre, contra uma queda de 0,2% do PIB brasileiro no mesmo período. E se levarmos em consideração o tamanho da Dívida Pública Bruta de inúmeros países, veremos que muitos deles estão em uma situação financeira infinitamente pior do que a do Brasil, com seus Estados literalmente falidos. Vejam os números da Divida Pública Bruta de 16 países (incluindo o Brasil): 1) Grécia: 177,1% do PIB; 2) Itália: 132,2% do PIB: 3) Portugal: 130,2% do PIB; 4) Bélgica: 106,5% do PIB; 5) Cingapura: 105,5% do PIB; 6) EUA: 101,5% do PIB; 7) Espanha 97,7% do PIB; 8) França: 95,0% do PIB; 9) Zona do Euro: 91,9% do PIB; 10) Reino Unido: 89,4% do PIB; 11) Canadá: 89,1% do PIB; 12) Egito: 87,1% do PIB; 13) Áustria: 84,5% do PIB; 14) Alemanha: 74,7% do PIB; 15) Índia: 67,7% do PIB; 16) Brasil: 58,9% do PIB.
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