E se Libra fosse achada no Governo
Fernando Henrique?
Fernando Brito
22 de outubro de 2013 | 17:45
O Paulo Henrique Amorim me telefona e sugere uma comparação.
- O governo está ficando com os 75,73% que você calculou ontem. Quanto é que levaria na época do Fernando Henrique Cardoso?
- Pois é, você viu que na entrevista desta terça, Dilma esclareceu aqueles 85%, que incluem os 75% do Governo e os 10% da Petrobras. Mas, me diz, essa comparação é com aqueles jênios que pediram 250 mil de lance no que hoje é Libra, o Genro e o Pires?
- Não, Brito, sem eles. Faça de conta que aqui era sério…
Bem, embora seja difícil, o que a gente não faz por um amigo…
Aliás, nem vou fazer tanto. Uso o quadro comparativo abaixo, feito pelos doutores Sérgio Wulff Gobetti, da UnB, e Rodrigo Valente Serra, da Unicamp, que adaptei para os valores verificados no leilão.
Estes 15% de diferença, quando se trata de um campo de 10 bilhões de barris é, a preços de hoje, a bagatela de 150 bilhões de dólares, ou R$ 330 bilhões. Só de diferença, repito.
Uma bela grana, não é?
Mas espere aí. Como diz o anúncio de televisão, isso não é tudo. Mesmo não considerando outras pequenas parcelas – bônus de assinatura, valores de ocupação de área e taxas diversas – que elevam, nos dois casos, mais alguma coisa os valores dos dois lados, há outro ganho no modelo Lula-Dilma.
É que uma parte do lucro do consórcio é da Petrobras e uma parte do lucro da petroleira do Brasil é do governo brasileiro. Neste caso, 30% são garantidos, independente da Petrobras vencer ou não. Portanto, devem ser apropriados como ganhos governamentais. Antes, como a Petrobras podia ou não vencer o leilão, estes ganhos extras dependeriam do resultado da licitação.
No período FHC, com a venda das ações feitas por seu Governo, a participação do Estado nos dividendos da Petrobras caiu para 40%. A capitalização feita por Lula elevou-a para 48%. Ou seja: se a Petrobras, com seus 40% sobre os 30% do consórcio, se apropriaria de 12% e, com isso, transferiria, grosso modo, 6% para os cofres públicos.
Ou seja, a presença obrigatória da Petrobras – que os “sem cara” estão loucos para abolir – só ela dá US$ 60 bilhões a mais ao Governo em Libra, atém de tudo aquilo que virá na sua participação de mais de 70% assegurada pela partilha.
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