A “agenda do passado” de Aécio Neves
Temendo ficar em terceiro lugar nas próximas pesquisas, o senador mineiro decidiu antecipar em quatro meses a apresentação do seu plano de governo – batizado de “agenda do futuro”
Altamiro Borges
Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, está desesperado. Além do incomodo causado pelo persistente José Serra, que até parece um bafômetro no seu encalço, ele agora foi descartado pela mídia – que é só holofotes para o casal Campos-Marina. Temendo ficar em terceiro lugar nas próximas pesquisas, o senador mineiro decidiu antecipar em quatro meses a apresentação do seu plano de governo – batizado de “agenda do futuro”. O título correto seria “agenda do passado”, já que ele prega o retorno ao destrutivo e rejeitado projeto neoliberal de FHC.
Segundo a Folha tucana dessa quinta-feira (17), “o presidente do PSDB e pré-candidato, Aécio Neves (MG), lançará em dezembro o conjunto de propostas inicialmente previsto para março de 2014. O comando do PSDB avalia ser necessário ‘disputar’ desde já o debate programático da eleição de 2014 depois que Marina e Campos monopolizaram o noticiário político dos últimos dias com a surpreendente aliança”. Ainda segundo o jornal, “fará parte também da estratégia do PSDB buscar aproximação com o PSB. ‘Nosso alvo é o mesmo’, disse ontem o senador Aécio Neves, lembrando que Campos e Marina têm defendido ideias que os aproximam do programa do PSDB”.
Ele se referiu, evidentemente, à defesa apaixonada feita pela ex-senadora Marina Silva do chamado tripé macroeconômico – de juros elevados, arrocho fiscal e libertinagem cambial. Herdado do triste reinado de FHC, este receituário ortodoxo quase destruiu a economia brasileira, fazendo o país ficar de joelhos para o Fundo Monetário Internacional. A aplicação deste “tripé” resultou em taxas recordes de desemprego, arrocho fiscal, desindustrialização e desnacionalização da economia. Agora, Aécio Neves pretende retomar este receituário, batizando-o de “agenda do futuro”.
Em artigo publicado nesta segunda-feira (14), o cambaleante presidencial tucano foi taxativo ao pregar o retorno deste modelo destrutivo. Para ele, os governos Lula e Dilma passaram “a intervir de forma excessiva na economia” e adotaram “uma atitude leniente no combate à inflação”, o que teria gerado incerteza no capital estrangeiro. Para voltar a crescer, afirma o neoliberal, o país deve se curvar novamente ao “deus-mercado”, submetendo-se servilmente às ambições das corporações capitalistas, principalmente às ordens dos agiotas financeiros.
“Estamos sem uma agenda para o crescimento. No curto prazo, é preciso resgatar a matriz econômica que prevaleceu até recentemente: controle fiscal, câmbio flutuante e regime de metas de inflação com liberdade de atuação para o Banco Central. Essa agenda deve ser complementada por um esforço imediato de simplificação tributária, redução do número de impostos e estabilidade de regras para o investimento”. Ele ainda prega “contenção do crescimento do gasto público e maior integração comercial [logicamente com os EUA)”.
A risível “agenda do futuro” é a mesma que foi aplicada pelo rejeitado FHC e que hoje causa tantos estragos na Europa. Para torná-la mais palatável, Aécio Neves até poderia acrescentar o termo “sustentável” ao seu projeto crescimento econômico – Marina Silva iria adorar!
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