quinta-feira, 17 de outubro de 2013



Com economia em alta, resta a Campos representar banqueiros neoliberais

Helena Sthephanowitz    
CC / MARIO FILHO
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Eduardo Campos vai se distanciando das demandas populares das quais diz ser representante
Em setembro, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, pouco mais de 211 mil vagas de trabalho com carteira assinada foram criadas no Brasil, mostrando uma pujança econômica bem diferente do que é noticiado na mídia tradicional. Os níveis de emprego e de poder aquisitivo são dos mais importantes para medirmos o bem-estar do cidadão e da atividade econômica. Ao contrário de promessas neoliberais de crescimento econômico rápido (nem sempre cumpridas) às custas do sacrifício de empregos, do efeito concentrador de renda e do sucateamento dos serviços públicos (esta sim, sempre cumpridas).
Para o futuro da nação, a esses indicadores o Brasil deve trabalhar para dar verdadeiro salto na qualidade da educação, que promova a plena cidadania e forme mão de obra qualificada à produção de conhecimento e de produtos com alto valor agregado.
Mas é o arrocho neoliberal que setores conservadores, sobretudo os banqueiros, desejam impor. Muitas vezes desdenhando de indicadores macroeconômicos bastante razoáveis para a realidade, como é o caso do crescimento do PIB, dizendo que poderia ser melhor, se houvesse mais desemprego e menos defesa dos interesses populares.
É esse discurso dos banqueiros que o governador Eduardo Campos vem replicando, ao reproduzir as críticas à economia tão ao gosto dos neoliberais, descasadas dos anseios populares.
O mercado financeiro, com sua dinâmica e sofisticação, pode se virar e se adaptar à realidade do país – de expansão do emprego, renda e dos serviços públicos essenciais –, inclusive se beneficiando de forma natural, pelo crescimento do mercado interno, sem querer dar as cartas na política econômica para turbinar seus lucros como acontecia nos governos passados.
O próprio Campos, quando se lançou pré-candidato à presidência da República, disse que a economia determinaria a eleição. Imaginava que os efeitos da crise internacional, com desaquecimento nas exportações para países em crise e um certo clima de guerra cambial, chegaria ao bolso e ao emprego do cidadão trabalhador.
Até aqui, parece que ele se enganou, e a aposta no "quanto pior, melhor" está fora do horizonte brasileiro, situação que deve se prolongar pelos próximos anos, a menos que um retrocesso neoliberal nas diretrizes governamentais desarrumasse a política econômica, de inclusão das massas populares mais pobres à classe média.
Na ditadura, na época do chamado "milagre econômico", Garrastazu Médici disse que o Brasil ia bem enquanto o povo ia mal, fazendo uma autocrítica ao elevado crescimento econômico sem que os benefícios chegassem às massas populares. Pois o que sobra para o discurso de Eduardo Campos é algo semelhante a defender aquilo que até a ditadura reconhecia como erro.
Vai dar trabalho para o marqueteiro dele explicar e para o povo entender, se Campos insistir em ser candidato por mera ambição pessoal, fazendo uma oposição tão confusa, que se opõe até mesmo ao seu passado recentíssimo e trai compromissos que antes manifestava ter.

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