quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mídia não consegue 
rebaixar  nota  de 
crédito   do  Brasil


Luiz de Queiroz   Luis Nassif Online imagem de altamiro souza
Jornal GGN - Nessa última terça-feira (24), a agência de risco Moody’s informou o mercado que rebaixou as notas de crédito da Petrobras para o grau especulativo. O que se seguiu foi uma enorme dúvida sobre como isso afetaria o rating do país como um todo - a chamada nota de crédito soberana.

Ontem (25), um porta-voz da agência, o analista de crédito soberano Mauro Leos, disse, em comunicado, que a política de ajuste fiscal adotada pela nova equipe econômica ainda traz credibilidade ao país.
Portanto, a nota atual se mantém. "Em nenhum dos cenários a dívida brasileira ultrapassaria 70% do PIB (Produto Interno Bruto). Esse nível ainda seria compatível com o rating 'Baa2', no caso de continuarmos confiantes de que o governo irá responder com um plano crível para alcançar a consolidação fiscal, a melhoria das métricas de dívida e maior investimento e crescimento", explicou.
Os cenários adversos que ele se refere são os especulados pela imprensa. Uma ajuda financeira do governo à Petrobras, por exemplo. Que pressionaria a dívida pública.<--break- />
De acordo com Leos, a despeito da queda no rating da Petrobras, a avaliação do Brasil continuará a ser feita levando em conta “a credibilidade dos planos do governo e dos prospectos econômicos e fiscais de médio prazo”.
Apesar dessa explicação, a mídia joga com a informação. O Estado de S. Paulo de hoje (26) diz, no título, na chamada de capa, "Ação da Petrobrás [sic] despenca e Dilma faz crítica a agência". E só na quarta coluna, em um box, explica que o rating do país está mantido.
No online, a reportagem "Moody’s(AQUI) diz que mantém nota do Brasil mesmo se governo socorrer a Petrobrás" insiste na possibilidade, no "temor" de um "contágio da Petrobras sobre a nota de crédito soberana".
A intenção do Estadão com o assunto parece ser manter a veracidade da matéria que ilustra a capa do caderno de Economia & Negócios, intitulada "Bancos públicos têm R$ 6 bilhões para ajudar Petrobras a reforçar o caixa".
A matéria induz o leitor a achar que o país está se preparando para um ato de irresponsabilidade fiscal, pois que a ajuda dos bancos representaria um aumento forte no patamar da dívida pública, o que poderia rebaixar a nota do país. Tudo isso apoiado por fontes anônimas, com a fonte primária dizendo o contrário.
Na rádio CBN, Miriam Leitão(AQUI) tentou ser razoável. Defendeu como natural a crítica de Dilma ao rebaixamento da Petrobras. "Se você é presidente da República, sua principal empresa é rebaixada, você tem que dizer que não foi bom e que você lamenta". 
No entanto, fez como de praxe, criticou decisões dos governos petistas à frente da Petrobras. "Vamos fazer aqui uma Abreu e Lima, vamos fazer uma refinaria no Ceará, outra refinaria não sei onde. Tudo era vamos fazer. Vamos fazer pra agradar o companheiro Chávez. Eram decisões tomadas pelo presidente Lula. Então, a empresa se envolveu em frentes de gastos demais, se endividou muito", disse.
E, com malícia, misturou os assuntos - rebaixamento da Petrobras e greve dos caminhoneiros - ao afirmar que se não tivesse segurado o preço da gasolina quando o barril de petróleo estava em US$ 100, o governo poderia, agora, reduzir o preço do diesel. "E estaria dando um alívio para todos os consumidores e para os caminhoneiros também". Não se furtou em relacionar a nota de crédito da Petrobras à nota soberana do Brasil. Mas foi mais honesta com a informação do analista da Moody's. 

Nenhum comentário: