quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


DE CONFISCOS E IMPEACHMENTS   

                 Mauro Santayana


Resultado de imagem para Fotos de 'Intervenção militar já' em São PauloNa segunda-feira de carnaval(imagine!), cerca de 200 pessoas se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, para pedir uma "intervenção" militar, com a derrubada do governo. No Whatsapp convocam-se brasileiros para saírem às ruas pelo impeachment da Presidente da República; para que não se abasteça em postos da Petrobras - as multinacionais penhoradamente agradecem -  e alerta-se a população para que retire seu dinheiro da CEF, porque o governo vai confiscar o que estiver depositado nas contas de poupança da instituição, que  teve um crescimento de mais de 22% em sua carteira de crédito, 7 bilhões de reais em lucro e  uma inadimplência de apenas 2.56% em 2014.


É preciso lembrar que, caso Dilma saísse, seria o PMDB  que continuaria a governar o país. O poder não seiaá entregue aos antipetistas mais radicais ou aos militares como - dentro e fora da internet - defendem alguns. 

Seria o PMDB, e não a oposição, que conduziria uma eventual (cada vez mais distante) reforma política. E ele provavelmente lançaria candidato próprio daqui em 2018.  

Além disso, na remotíssima possibilidade de que fosse aprovado o impeachment da Presidente da República,  ele só atingiria a própria Presidente, e não o PT, como partido.  

Nesse caso, alguém acredita que Lula deixaria de se lançar candidato à presidência daqui a quatro anos, contando com uma militância muitíssimo mais aguerrida pela promulgação - para todos os que votaram em Dilma e no PT- do que seria encarado como um golpe branco?

A oposição - principalmente a mais preparada - precisa, até mesmo em benefício da democracia, e da sua própria sobrevivência política, construir um projeto alternativo para o país que vá além da permanente criminalização do Partido dos Trabalhadores.

Primeiro, porque - como se vê por escândalos de outras agremiações políticas, incluído o da Petrobras  - sempre sobra um estilhaço para quem joga pedra nos outros e tem telhado de vidro.

Em segundo lugar, porque a bateria de ataques, constantes, repetitivos, contundentes, que está ocorrendo, a cada dia, a cada hora, sem descanso, pode, pelo exagero, acabar levando a maioria da população a identificar, neles, apenas mais uma espécie de conspiração contra o governo, fazendo com que a popularidade do Palácio do Planalto termine por se recuperar, mais tarde, como ocorreu em outras ocasiões em que a destruição do PT era tida como certa,  como nas manifestações de 2013, e no massacre institucional do "mensalão".   

E, finalmente, porque  se enganam aqueles que acham que a direita vai reservar lugar, no seu bonde, para eles.

A direita é, por natureza, radical, impiedosa e excludente.

Quando ela - ou melhor, o seu extremo - se organizar institucionalmente, seu discurso será claramente fascista, inequívoco,  e antidemocrático, o que poderá dificultar certas alianças.

E ela terá seu próprio projeto, partido e candidato - convenientemente engordados pelo discurso anticomunista e "antibolivariano" de agora - para entrar na disputa.

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