José Agripino Maia, senador do
DEM/RN, um dos intocáveis
da mídia golpista e corrupta
Miguel do Rosário
Um dos problemas de escrever sobre política é nos obrigar, de vez em quando, a afirmar coisas idiotamente óbvias.
Por exemplo, uma corrupção não justifica outra. Se o PSDB é corrupto, isso não justifica, obviamente, defender a corrupção no PT.
Digo isso também porque entendo que há setores interessados em jogar lama sobre toda a política.
Ora, a política é podre no mundo inteiro.
É podre nos EUA, na Europa e na Ásia.
Talvez seja um pouquinho melhor na Suécia, mas demorou alguns milhares de anos para chegar lá, e o país teve que conquistar antes um nível de igualdade e justiça social que está anos-luz do resto do mundo.
Entretanto, mesmo com todos os seus defeitos, a política é o único anteparo que nos salva da barbárie e do caos.
A obra-prima de Costa-Gravas, o filme Z, mostra uma manifestação fascista contra políticos de centro-esquerda da Grécia que não queriam a instalação de uma base de ataque nuclear norte-americana no país.
Os fascistas, tentando impedir um comício pacifista organizado pela esquerda grega, gritavam:
“Políticos, todos corruptos! Políticos, todos corruptos!”
O filme de Gravas, baseado no romance do escritor grego Vassilis Vassilikos, é baseado em fatos reais da história da Grécia.
Um político de esquerda foi assassinado, e o Procurador-Geral da República, mancomunado com um punhado de golpistas, tentava de tudo para manipular a investigação, com objetivo de desqualificar a esquerda e seus representantes.
Tentava-se dar o golpe por dentro da democracia.
Até que, por fim, não foi possível dar o golpe por dentro da democracia, por conta de um juiz de instrução que não aceitou entrar no jogo.
Foram obrigados a apelar para a velha fórmula do golpe militar básico. Com ajuda do governo americano, claro.
Muito parecido com que aconteceu no Brasil, na mesma época, os anos 60.
No Brasil, isso parece não ser o problema. Os juízes entram no jogo alegremente. Aliás, até lideram as armações. Vide o caso dos ex-presidentes do STF, Ayres Brito e Joaquim Barbosa.
Ayres Brito estreou nesse último fim de semana como colunista do Estadão, detonando a esquerda e louvando o conservadorismo midiático.
Nada como uma sinecura da Globo para mudar a cabeça de um cidadão!
Joaquim Barbosa, após empregar seu filho no programa do Luciano Huck, na Globo, e comprar seu apartamentozinho em Miami (para o qual abriu a Assas JB Corporation, que tem seu apartamento funcional de Brasília como sede), também aderiu à onda global.
Sobretudo, temos uma imprensa alquímica, que consegue a proeza de transformar algumas delações premiadas em verdade, outras em mentira.
Por exemplo, o presidente do DEM, Agripino Maia, foi denunciado por um “delator” por ter recebido mais de R$ 1 milhão em propina.
Mesmo depois disso, aparece no Jornal Nacional fazendo ataques “éticos” ao governo.
Nunca houve um editorial, uma campanha midiática, contra Agripino Maia.
Ele integra o rol dos “intocáveis” da mídia.
O post abaixo, do colega blogueiro Daniel Dantas Lemos, explica melhor o caso.
*****
Sinal Fechado: Delações contra
Agripino valem menos que as
contra o PT?
postado por Daniel Dantas, no blog Carta Potiguar.
Abril de 2012. O empresário paulista Alcides Barbosa está preso, em São José do Rio Preto, desde a deflagração da Operação Sinal Fechado em novembro de 2011.
Assistido por advogados pagos pelos demais envolvidos, Alcides percebe que a sua defesa, na verdade, não o defende e seu objetivo é mantê-lo encarcerado para garantir o seu silêncio.
Ciente disso e sabedor de que tem coisas a dizer que implicariam parte considerável da classe política do RN e alguns nomes de São Paulo, Alcides topa fazer um acordo de colaboração premiada com o Ministério Público.
No seu depoimento, confirma algo dito pelo empreiteiro Gilmar da Montana no dia de sua prisão: o líder do esquema, George Olímpio, deu um milhão de reais de propina para o senador José Agripino Maia, presidente nacional do Democratas. E detalha a história: o encontro se deu no apartamento do senador em Natal. O empresário José Bezerra de Araújo Júnior, o Ximbica, emprestou quatro cheques de R$ 250 mil para a transação. O objetivo era tentar garantir a manutenção do negócio de inspeção veicular para o grupo de George no futuro governo Rosalba.
Como o objetivo não foi alcançado e temendo a repercussão do caso, Agripino recebeu George e Alcides em sua casa em Brasília no início de 2010 e devolveu metade dos cheques que ainda não tinham sido descontados. Alcides não sabia se Agripino devolvera os outros quinhentos mil reais.
Pano rápido.
Segundo semestre de 2014. Foi a vez do advogado George Olímpio, apontado como líder do esquema, realizar um acordo de delação premiada com o MP. A partir do seu depoimento, confirmando o que disse Alcides, o Procurador Geral de Justiça ofereceu denúncia contra o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza. Os dois disseram, e posteriormente o MP confirmou, que Ezequiel recebeu R$ 300 mil de George para aprovação da lei que autorizava o governo do Estado a contratar o serviço de inspeção veicular obrigatória.
Os depoimentos de George Olímpio também implicaram o senador democrata José Agripino – o MP confirmou em entrevista que remeteu à Procuradoria Geral da República informações acerca do envolvimento de políticos com foro privilegiado. Cabe à PGR investigar e denunciar senadores da República.
Pano rápido.
Operação Lava Jato. Dentre os vários delatores que já fizeram acordo para colaboração premiada com o Ministério Público Federal e a Justiça Federal, Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que confessou receber propinas desde 1997, estimou que o PT teria recebido US$ 200 milhões decorrente de propinas das empreiteiras.
Pano rápido.
Diante dos dois fatos citados, é comum vermos duas posturas diferenciadas. Soube de um jornalista potiguar, com programa de grande audiência no rádio, que teria dito sobre as delações contra o PT: “Ninguém vai fazer uma delação premiada e mentir. Aí tem coisa”. Aí, diante das denúncias contra Agripino e Ezequiel, o mesmo personagem afirmou que “são apenas depoimentos. Não há nenhuma prova e os dois têm uma vida limpa”.
Qual motivo existe para que, na opinião não apenas desse jornalista, o depoimento de Pedro Barusco sobre o PT ter poder de verdade, enquanto as falas de George e Alcides sobre Agripino serem considerados apenas depoimentos sem prova? Como ele poderia explicar isso – se é que poderia?
Há outro depoimento sob delação premiada na Operação Sinal Fechado. Trata-se de Marcus Vinicius Furtado da Cunha, que foi procurador do Detran. Comenta-se que tanto Marcus como George haviam gravado encontros e guardado documentos com os fins de se protegerem. Esse material, se existente, foi repassado ao Ministério Público no âmbito da delação de ambos.
As barbas de Agripino e de seus defensores deveriam ficar de molho.
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