Globo se irrita com manifesto
de intelectuais em defesa
da
Petrobras
Na contramão de intelectuais,
Globo assume que quer Petrobras na mão do capital estrangeiro. Família
midiática mais rica do mundo quer a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras
e questiona a capacidade da Petrobras de tirar o petróleo do fundo do mar.
O manifesto dos intelectuais em
defesa da Petrobras e contra o golpe em marcha no País (leia abaixo) irritou os
irmãos Marinho, que controlam o jornal O Globo.
Segundo o jornal, o manifesto é
apenas uma operação política para esvaziar a CPI da Petrobras. Em editorial
publicado nesta terça, os Marinho, que, com US$ 28 bilhões de patrimônio, são
a família
midiática(AQUI) mais rica do mundo e mais poderosa do País, defendem a
abertura do pré-sal a firmas estrangeiras.
O Globo também questiona a capacidade
da Petrobras. “Se a Petrobras, em condições normais, já tinha dificuldades para
tocar esse plano de pedigree ‘Brasil Grande’, agora é incapaz de mantê-lo. Não
tem caixa nem crédito para isso. Não há como sustentar o modelo”, diz o texto.
Dias atrás, uma funcionária da
Petrobras, Michelle Daher Vieira, publicou uma carta aberta ao Globo, apontando
as reais motivações do jornalão dos Marinho na campanha negativa contra a Petrobras.
Leia abaixo o manifesto de
intelectuais e personalidades em defesa da Petrobras que foi publicado na
última semana:
O QUE ESTÁ EM JOGO
AGORA
A chamada Operação 'Lava Jato', a
partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político
que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para
esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e
produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o
pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado
pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento
da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem
lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a
voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do
petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós,
esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e
em parlamentares com eles alinhados.
Debilitada a Petrobras, âncora do
nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas
empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos
qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos
setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a
abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de
Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e
preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da
própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus
objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma
experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de
arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas
da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de
interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o
nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015
Alberto Passos Guimarães Filho, Aldo Arantes, Ana Maria Costa,
Ana Tereza Pereira, Cândido Mendes, Carlos Medeiros,
Carlos Moura, Claudius Ceccon, Celso Amorim, Celso Pinto de Melo,
D. Demetrio Valentini, Emir Sader, Ennio Candotti,
Fabio Konder Comparato, Franklin Martins, Jether Ramalho,
José Noronha, Ivone Gebara, João Pedro Stédile, José Jofilly,
José Luiz Fiori, José Paulo Sepúlveda Pertence, Ladislau Dowbor,
Leonardo Boff, Ligia Bahia, Lucia Ribeiro, Luiz Alberto Gomez de Souza,
Luiz Pinguelli Rosa, Magali do Nascimento Cunha,
Marcelo Timotheo da Costa, Marco Antonio Raupp, Maria Clara Bingemer,
Maria da Conceição Tavares, Maria Helena Arrochelas
Maria José Sousa dos Santos, Marilena Chauí, Marilene Correa,
Otavio Alves Velho, Paulo José, Reinaldo Guimarães, Ricardo Bielschowsky,
Roberto Amaral, Samuel Pinheiro Guimarães, Sergio Mascarenhas,
Sergio Rezende, Silvio Tendler, Sonia Fleury, Waldir Pires.
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