sexta-feira, 13 de junho de 2014

Não me abalo, já enfrentei situações que chegaram ao limite físico', diz Dilma       

                       
Dilma Rousseff acena ao público durante inauguração da
 primeira fase de corredor de ônibus em Brasília
A presidenta Dilma Rousseff (PT) se manifestou pela primeira vez na manhã desta sexta-feira (13) sobre as vaias e xingamentos recebidos por parte do público presente para a abertura da Copa do Mundo, nessa quinta (12), na Arena Corinthians, em Itaquera, zona leste de São Paulo. Durante a inauguração da primeira etapa do Expresso DF, corredor de ônibus que tem como objetivo dinamizar o transporte público do Distrito Federal, ela relembrou as dificuldades enfrentadas durante a ditadura civil-militar (1964-1985), quando passou três anos detida pela polícia política do regime, tendo, inclusive, sido alvo de tortura, para minimizar os efeitos sobre a manifestação dos paulistas no estádio.
"Não vou me deixar perturbar, não vou me deixar, portanto, atemorizar por xingamentos que não podem ser sequer escutados pelas crianças e famílias. Na minha vida pessoal, quero lembrar que enfrentei situações do mais alto grau de dificuldade. Situações que chegaram ao limite físico. O que suportei ao longo da vida não foram agressões verbais, foram físicas. Suportei agressões que considero quase insuportáveis e nada me tirou do meu rumo", reafirmou a presidenta.
Dilma foi a primeira chefe de estado de um país-sede da Copa do Mundo a não discursar na abertura do evento, precaução tomada justamente pela histórica indisposição paulista e, principalmente, paulistana, em relação aos governos do PT e à própria seleção, constantemente vaiada quando se apresenta na cidade.
Nesta quinta, nas duas entradas para os torcedores da Arena Corinthians, já havia sinalização de que o clima nas arquibancadas seria hostil: jovens mulheres distribuíam uma "cartilha" contra a corrupção que, quando desdobrada, se transformava em cartaz com os dizeres "fora corruPTos", com a estrela do PT no meio da palavra. Os cartazes disfarçados burlavam a regra da Fifa, que proíbe cartazes com mensagens políticas durante os jogos da Copa do Mundo.
Os preços de até R$ 990 pelas cadeiras mais caras e de R$ 160 para o setor mais barato (mas com a menor quantidade de assentos disponíveis) apontam ainda para uma grande elitização da maioria do público presente à abertura da Copa, outro fator que piora a receptividade à presidenta: de acordo com a pesquisa Vox Populi de abril deste ano, a parcela da população que tem renda de mais de cinco salários mínimos é a que mais desaprova o governo Dilma (42% consideram o governo ruim/péssimo) em contraste com a população de renda inferior a dois salários mínimos, onde o índice de aprovação é o maior (40% consideram o governo bom/ótimo).

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