quinta-feira, 26 de junho de 2014

E temos Copa: deu até no ‘New York Times’ 

The New York Times estampou reportagem sobre a Copa chamando a atenção sobre as previsões apocalípticas lançadas pela mídia brasileira.

José Carlos Peliano (*) 
FIFA
A velha e carcomida mídia brasileira poderia ficar sem mais essa. Estilhaçou outra vez sua imagem na imprensa internacional. Tentou se camuflar de árvore e hoje não passa de um espantalho nos outdoors da cara de pau. Na sua campanha sistemática, antiética e despudorada contra o governo federal tentou enlameá-lo e culpá-lo mais uma vez empurrando a realização da Copa para o ralo e quebrou a cara no espelho.


Desnecessário listar e alinhavar as investidas que a velha mídia utilizou para desfigurar os acontecimentos e eventos que antecederam a abertura e os primeiros dias da Copa no país. Não deram trégua os jornalões da vida brasileira escritos, falados e televisados.

Vale lembrar, porém, que a primeira e monumental burrada foi de início ir contra as manifestações de junho do ano passado. A velha mídia sem exceção culpava diuturnamente os manifestantes como vândalos, irresponsáveis e marginais. A elite branca apoiava enfurecida.

Não é que poucas semanas após perceberam que entraram pelo caminho errado, o mote teria de ser outro. Deram um giro de 180 graus e passaram a engrossar a fileira dos descontentes, desavisados e mal informados. A bandeira era que o governo federal deixava de atender as necessidades básicas da população brasileira e do país investindo somas retumbantes na preparação da Copa de 2014.

As manifestações se diluíram no tempo e continuaram em surtos esporádicos aqui e ali. Mas a manifestação da velha mídia se manteve, ampliou e vendeu uma imagem profundamente depreciativa e arrasada do país aqui mesmo e no exterior. O lema passou a ser, como todos sabemos, não vai haver Copa!

Fizeram de tudo e por tudo para que o lema tivesse efeito e se mostrasse realidade. Tudo virou problema, dificuldade, irresponsabilidade, despreparo e corrupção. Infiltraram-se até pelos gastos sociais vendendo a mentira deslavada de que se gastava mais na Copa do que na educação e saúde. Infelizmente muita gente séria e informada embarcou nessa canoa furada.

Até que chega junho de 2014 e a Copa começa. Davi mais uma vez enfrenta Golias e o derruba com estilingue tupiniquim. A farsa é exposta. Como começa a Copa num país que não se aprontara minimamente adequado para tal? A velha mídia descarada, no entanto, não se dá por vencida, retira apenas a camuflagem e passa a noticiar efusiva o espetáculo do futebol. O mesmo que ela mesma ameaçava de não ter palco garantido.

Mas a farsa não passou desapercebida pela imprensa internacional. Jornais de vários cantos do mundo exaltaram a realização da Copa no Brasil, incluindo as mídias sociais. Passada a primeira semana e quase ao fim a etapa classificatória, os elogios vêm especialmente pela grandeza do evento e adequada organização.

A opinião de um estrangeiro é importante para avaliar o que se viu e se vê aqui no país em relação a Copa. Impressões isentas de alguém de fora, do ramo, capacitado e bem informado ajudam a classificar como vem sendo o transcorrer do maior certame do futebol mundial.

O americano The New York Times semana passada estampou reportagem do jornalista Sam Borden sobre a realização da Copa sem deixar de chamar a atenção sobre a maldição lançada pela velha mídia nacional que acabou por se transformar em pequenos problemas localizados, segundo ele “soluços”. 

Previsões apocalípticas de que alguns estádios não estariam totalmente prontos a tempo ou que certamente outros não estariam acabados mesmo. Violentos protestos nas ruas iriam ameaçar torcedores e conturbar praticamente tudo. Greves em aeroportos e metrôs perturbariam a vida de milhares de visitantes.

Essas entre outras previsões de juízo final (literalmente ,“doomsday”), segundo o jornalista, eram preocupações constantes lançadas pela mídia brasileira nos dias anteriores à Copa do Mundo no Brasil.

Passada a primeira semana, no entanto, Borden escreve categoricamente que a situação no maior país da América do Sul é dificilmente desoladora. Para os fãs que se interessam por muitos gols, resultados surpreendentes e futebol com estilo, o torneio tem sido até agora de um sucesso inacreditável. Os jogos encantam os olhos e vêm sendo perfeitos para a transmissão televisiva.

A qualidade técnica dos gramados nos novos estádios foi destacada por um engenheiro inglês ao elogiar a permeabilidade alcançada, especialmente em Manaus e Natal que passam por um pesado período de chuvas.

Os pequenos problemas, os 'soluços', ficaram por conta de defeitos elétricos localizados, estádios com alguns reparos a fazer e cadeiras incorretamente numeradas. Nenhum deles foi totalmente comprometedor. Coisas  reparadas a cada dia.

Outros soluços como melhoria da segurança em volta dos estádios e uso de fogos de artifício prejudicaram alguns torcedores e a organização do evento tem tomado providências para serem os controles mais rigorosos antecipando dificuldades.

Soluços, no entanto, ocorreram, cita o jornalista, por exemplo, nos Jogos de Socchi na Rússia este ano, quando faltaram hotéis para todos os visitantes ou estavam incompletos para uso. Nos Jogos de Verão de Atenas em 2004 ocorreram greves e problemas de infraestrutura. No Park Olímpico de Londres em 2012 havia uma área ainda em construção logo na abertura da cerimônia(Do AMgóes - Estive em Londres 4 meses depois das Olimpíadas, em  2012. Parte do centro histórico(bimilenar) da capital do Reino Unido ainda era um canteiro de obras para modernização de sua infraestrutura, cuja conclusão demandou mais tempo, além dos Jogos).
É cedo ainda para ser feita uma avaliação completa do torneio. Afinal ainda faltam praticamente três semanas. Como dizem que a primeira impressão é a que fica, entretanto, é possível e bastante provável que a Copa continue transcorrendo em clima amistoso saudável mesmo com o calor reclamado por algumas seleções europeias. Mas afinal lá também no verão a temperatura circula entre 30 e 40 graus. E muitas vezes à sombra...

(*) José Carlos Peliano é economista.


Nenhum comentário: