Como era previsível, a mídia vocaliza o urro dolorido do entreguismo com o fato de ter ficado exclusivamente com a Petrobras o maior campo de petróleo já descoberto neste século.
A Folha e O Globo abrem suas baterias contra a operação.
Procuram avidamente “razões eleitorais” para algo que está previsto há cinco anos, desde que foi formulada a Lei de Partilha do Petróleo e a que permitiu a capitalização da Petrobras pelo mecanismo de “cessão onerosa”.
Ali, em 2009, foram previstas a dispensa de licitação para a adjudicação de áreas petrolíferas para a Petrobras e a revisão dos valores do contrato de cessão onerosa, justamente, no prazo de cinco anos, que vence em dois meses.
Todo o “mercado” sabia que essa adjudicação seria feita, até porque o processo de negociação entre a União e a Petrobras começou em dezembro do ano passado.
Assim como sabia – talvez não com exatidão – das proporções descomunais das reservas destas áreas.
Mas achavam que “faltaria gás” ao Governo e à empresa para materializar o acordo.
Ao governo, pela fragilidade política criada em sua relação com a Petrobras (daí a insistência no “sem licitação”, totalmente previsto em lei).
À Petrobras, por uma suposta incapacidade de levantar recursos para o programa exploratório de uma província petrolífera que, praticamente, equivale – em volume – a tudo o que a empresa acumulou em 60 anos de existência.
É, de fato, um desafio de gigantescas proporções, mas é inquestionável que, do ponto de vista técnico, a vantagem econômica em contratar a empresa que fez toda a prospecção remota e perfuratória da área. O custo de exploração, por conhecimento e escala, tende obviamente a ser bem menor, o que aumenta a parcela a ser partilhada com a União, nesta modalidade de contrato.
E, também, porque a garantia dos cinco bilhões de barris do contrato de cessão já assegurava um cronograma de investimentos que, agora, vai integrar o processo exploratório de reservas que podem chegar a quatro vezes mais do que estava previsto.
Ainda assim, é um investimento pesadíssimo para qualquer empresa do mundo e mais pesado ainda para uma, como a Petrobras, que tem a preocupação em gerar uma cadeia produtiva local com sua atividade.
Só a indústria naval brasileira terá, praticamente, de dobrar de tamanho em uma década.
Quem queria saber porque houve o leilão de Libra e porque a Petrobras moderou seu apetite em ficar com uma participação maior naquele campo tem aí a resposta.
O pessoal que se opôs ao leilão de boa-fé, aliás, deve estar coçando a cabeça. Desta conta, claro, excluo quem não entende nada do ramo e quem se disfarça de radical para ser “quinta-coluna”.
O contrato entre a União e a Petrobras, na prática, impediu o cumprimento tardio da promessa feita por José Serra a Patrícia Pradal, executiva da Chevron, de que tudo voltaria a ser como com FHC.
Claro que os trocadores de ações no curto prazo chiam da possível redução dos dividendos da Petrobras na bolsa por conta da ampliação de seus programas de investimentos e, muito provavelmente, com um novo processo de capitalização no próximo governo, mas estes são apenas a espuma do turbilhão.
A ferida funda e dolorosa, mesmo, é que num gesto silencioso, o Brasil fez como que gritar que “o petróleo é nosso” em relação a jazidas que, repito, provavelmente equivalem a tudo o que tínhamos de reservas de petróleo até hoje, não considerado o potencial de Libra.
Estão, mais que nunca, loucos por dar um tiro no coração de quem fez isso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário