quinta-feira, 5 de junho de 2014

É hora de abrir espaço 

para o novo

Gilberto Marignoni
Sem sangue novo, a academia se fechou em torno de teses antigas, superadas pelos tempos e pelos fatos.
Agora, tem-se uma nova geração de professores arejando o pensamento acadêmico e empenhando-se diria furiosamente em entender os novos tempos. Neste momento, estão sendo cinzelados os futuros Gilberto Freyre, Sérgio Buarque, Caio Prado do Brasil do terceiro milênio.
     
   Gilberto Freyre                                                                  Sérgio Buarque de Holanda                                 Caio Prado Júnior         



Mas não é apenas nas Universidades que houve estratificação. Nas entidades de classe, nas lideranças empresariais e jurídicas e, principalmente, nos partidos políticos, houve uma enrijecimento amplo e generalizado.

Nos anos 80 nasceu uma nova geração política forjada na luta contra a ditadura. A imagem pública de todos eles  – das lideranças do PT ao PSDB – foi forjada pelos grupos de mídia, depois que entenderam a importância das diretas.
Fernando Haddad
Nos últimos anos, o PT conseguiu lançar alguns nomes novos – Dilma Rousseff, Fernando Haddad e, agora, Alexandre Padilha – por conta do poder de mando (carismático) de Lula, não de um modelo eficiente de democracia interna. Mas houve uma perda de representatividade geral, seja no movimento estudantil, seja no bojo das novas organizações sociais.
Gabriel Chalita
Por seu turno, o PSDB tornou-se um partido autofágico, fuzilando novas lideranças e impedindo a renovação dos seus quadros. Em São Paulo, a aliança pesada entre José Serra, os grupos de mídia e procuradores estaduais promoveu a queima de Gabriel Chalita e Gilberto Kassab – alvo de vazamentos de supostas denúncias, que jamais foram comprovadas, mas que bastou para queimar parte do seu cacife político.
Em 20 anos, o PSDB de São Paulo revelou apenas Mário Covas – o grande nome e José Serra e o inacreditável Geraldo Alckmin(que embarcou de carona no mito Covas), talvez intelectual e gerencialmente mais frágil governador da história de São Paulo. Em Minas, nem isso. No Paraná, muito menos.
O Judiciário padece de pobreza igual. Nos últimos anos, as únicas novas referências surgiram recentemente, os Ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, além da envergadura moral de Ricardo Lewandowski.
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São momentos de transição, de travessia. Há um novo pujante batendo à porta, uma rapaziada com todo gás querendo abrir espaço, novas formas de comunicação quebrando as barreiras, uma insatisfação geral pressionando todos os poderes.
A maior contribuição que Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos, dariam ao país seria começar a apostar pesadamente no novo, no âmbito dos seus partidos, dos governos que influenciam, dos movimentos que comandam.

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