sexta-feira, 1 de maio de 2015


Deus castiga, Reinaldo, 



Deus castiga….               


Fernando Brito                      

  
              castiga
O artigo sordidamente apelativo de Reinaldo Azevedo, que provocou(AQUI) a indignação deste blog há dois dias, não apenas afirmando que Luiz Edson Fachin seria defensor da poligamia que, pior ainda, sugerindo que ele próprio a praticasse ganhou um castigo daqueles que se poderiam dizer que são divinos.
Claro que no sentido do dito popular, não no religioso.
É que o autor do livro que Fachin prefacia e que serve de pasto para a asinina argumentação de Azevedo, Marcos Alves da Silva, doutor em Direito Civil, ao resolver responder, assina o texto – publicado no Diário do Centro do Mundo – dizendo o que é: professor de Direito Civil (o livro é sua tese de Doutorado) e – ah, Reinaldo, que rata… – pastor presbiteriano.
O velho ateu aqui, a quem o tempo cada vez mais leva a agnóstico, deu boas gargalhadas com a involuntária bofetada moral que Marcos Alves dá ao lamentável rottweiler, que estudo, como se sabe Teologia na Libelu.
Aquele tapa estalado que merece a canalhice fez-se ouvir pacifica e inesperadamente, como convém para desmoralizar quem a pratica.

A razão não adere ao erro total

Marcos Alves da Silva, professor de Direito e pastor presbiteriano
“Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia; para que também não te faças semelhante a ele. Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus próprios olhos.”  Provérbios 26:4-5
O sábio poeta hebreu dá um conselho ambíguo. Devemos ou não responder ao tolo? Há na resposta um risco intrínseco. A arena de debate do tolo situa-se no campo da irracionalidade, da ignorância, da vaidade e, por vezes, do ódio. Posta-se o tolo em sítio distante da razoabilidade, do bom senso, da ponderação. Então, o conselho: não desça a essa arena jamais. Logo, não responda ao tolo segundo a sua estultícia. Mas, em aparente contradição, ensina o sábio: não deixe o tolo sem resposta para que não passe por sábio.
Considerado esse paradoxo, é que externo publicamente meu mais veemente repúdio ao que o Sr. Reinaldo Azevedo escreveu em sua lastimável coluna, no blog da Revista Veja, intitulado “Esta vai para o Senado”.
O senhor Reinaldo Azevedo que, nada lê muito além de orelhas de livros, busca ávido entre escritos jurídicos algum texto que lhe sirva de pretexto para atacar a indicação do professor Luiz Edson Fachin ao Supremo Tribunal Federal.
Este pretenso jornalista valeu-se de um livro de minha autoria, resultado de tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, para tentar agredir e infamar a imagem do professor Fachin.
Somente quem não leu o livro, como Reinaldo Azevedo, é que pode fazer a absurda assertiva de que há, na tese, uma defesa da poligamia e, concomitantemente, um ataque à família formada pelo casamento. O autor não subscreve esse disparate e, muito menos, o ilustre professor que prefaciou o livro.
O “blogueiro” da revista Veja promoveu distorção rasteira e fraudulenta de um complexo tema, que remonta às raízes da formação do Brasil e guarda estreita relação com a dominação masculina.
Trata-se de um ataque desleal, covarde, oportunista. O que lastimo profundamente é que uma pessoa como essa, que tem coragem de lançar mão de tão sórdida mentira, seja albergado por uma Revista que se pretende formadora de opinião. Lamento que tantos desavisados leiam estas postagens de textos desqualificados, tomando-os como expressão de verdade.
Ah! Se conhecessem quem é Luiz Edson Fachin e o que a sua obra e atuação jurídica significam para o Direito, no Brasil. É lamentável que sua indicação ao Supremo Tribunal Federal tenha ocorrido neste momento em que a irracionalidade, patrocinada por alguns veículos de comunicação de massa, vem tomando vulto e se verifica um notável esvaziamento do verdadeiro debate político.
Evoco, contudo, as sábias palavras de Dom Hélder Câmara, que sempre me serviram de alento quando vejo avolumar a barbárie, a brutalidade e, às vezes, a bestialidade. Ensinava o sábio Bispo de Olinda: “A razão não adere ao erro total”. Tenho viva esperança de que o Senado Federal não há de deixar-se conduzir pela fúria dos tolos. A luz da razão há de prevalecer.

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