quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Por que FHC disse o que disse

de Joaquim Barbosa                P          

aulo Nogueira           

 Acertou, mas pela razão errada
Acertou, mas pela razão errada
Duas coisas.
Primeira: FHC tem toda razão quando diz que Joaquim Barbosa é despreparado para a presidência.
Na verdade, JB é despreparado para quase tudo, a começar pela presidência do STF, onde ele se revelou uma tragédia nacional com sua truculência, mesquinharia e falta de cultura.
Foi, como todos sabem, a pior invenção de Lula. O poste que não deu certo. O poste que trouxe não luz, mas escuridão.
Segunda: FHC está falando isso porque, caso fosse candidato, JB roubaria votos exatamente do PSDB.
Ele é o anti-PT. Petistas o abominam, e, na minha opinião de jornalista apartidário e independente, com justificadas razões.
Imagino que os petistas preferissem votar em Serra a votar em JB, se fossem estas as duas alternativas.
Uma candidatura já cambaleante, como a de Aécio, simplesmente se desfaria caso JB entrasse na disputa.
Espertamente, FHC deixa uma portinha aberta: diz que seria outra história se JB fosse candidato a vice, ou a senador.
Para o PSDB, seria uma boa alternativa ter JB como vice de Aécio. Não que isso possa mudar o desfecho previsivelmente melancólico das eleições de 2014 para os tucanos, mas talvez trouxesse algum alento a uma campanha que parece morta antes de chegar ao berço.
Mas, se é bom para o PSDB ter JB como vice, para ele, JB, é uma lástima. Vice, no Brasil, não é nada. Ainda mais quando você é vice de um candidato miseravelmente derrotado, como deve ser o caso de Aécio.
Para JB, é melhor ficar onde está, pelo menos por enquanto. Sua vaidade será satisfeita por uma mídia que estará ávida por atacar o PT, e nisso ele é útil.
Suas pretensões ficarão deslocadas para o futuro, talvez 2018.
Collor 2, como dizem alguns, ele não é. Collor 1 foi um produto da mídia, é certo, que o transformou no “Caçador de Marajás”.
Mas Collor era desconhecido dos brasileiros. Foi fácil construir uma imagem empolgante, tanto mais porque ele tinha boa aparência e falava fácil até em inglês.
JB é um produto bem mais difícil de enfiar nos eleitores. Acima de tudo, já é amplamente conhecido, e é rejeitado por uma fatia expressiva dos eleitores – os chamados progressistas.
Fora isso, ele se comunica bisonhamente, ao contrário de Collor. Tem uma fala empolada, sofrida, manca.
Faça uma compilação das frases ditas por JB no Mensalão, ao vivo, e você deparará com um monte de asneiras sem sentido e ilógicas.
FHC tem razão.
Mas ele disse o que disse de JB por interesse próprio, e não por interesse público.
Paulo Nogueira
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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