Em Brasília, é (mais) chique protestar contra o governo do PT...
Agência Estado
Os quatrocentos
'manifestantes bem que tentaram, na tarde deste sábado em Brasília,
assanhar a PM do DF, no entorno do estádio Mané Garrincha. Tentaram
e, em parte, conseguiram, quando arremeteram para pular as catracas por onde
passariam os pagantes do jogo Brasil-Japão, cujo acesso decidiram impedir, não fosse a repressão policial.
-Estamos protestando
contra a corrupção, a falta de Saúde e Educação... O discurso ensaiado,
foi a senha de garotos de classe média, em sua maioria filhos de
servidores públicos e estudantes de escolas federais, obviamente estimulados
por professores, cujos sindicatos, no país inteiro, são vinculados à orientação
do PSTU e outros partidos da chamada ultraesquerda, dita 'revolucionária', cuja
utópica bandeira(pelo menos nos marcos em curso) é a instauração de um
governo 'sob controle(exclusivamente) dos trabalhadores', versão surreal e tupiniquim da clássica 'ditadura do proletariado', preconizada por Marx e Engels na Europa, meados da Revolução Industrial.
Egressos do PT, em cuja
sigla se abrigavam desde os anos 1980, através de 'tendências' as mais
díspares(trotskistas, anarquistas e outros segmentos à extrema 'sinistra'
ou à 'gauche', conforme a origem de ideólogos seculares cujos pensamentos
adotaram como forma de aspiração ao poder político, os ultraesquerdistas
preservam o fascínio através da mensagem do 'novo' e radicalmente 'diferente',
em primeiro plano, aos mais jovens.
Não deixa de ser surpreendentemente salutar
que eles(das últimas gerações), nesta época de loas a desenfreado encanto
consumista do 'deus mercado' e autismo adquirido com a massacrante
interferência das modernas tecnologias de operacionalidade individual,
direcionem suas atenções para o debate político.
Entretanto, os fluidos apaixonantes da adolescência, nessa fase de construção e
escolhas, são facilmente canalizados para os extremos do 'bola ou búlica', em
que não há espaço para negociações. Afinal, a juventude, em seu frenesi
de aflorada sexualidade, não vislumbra uma alternativa ponderada e
estratégica que, na prática, entre erros e acertos, norteia nossos atos
vida afora.
Com efeito, em todas as
épocas, a juventude sempre se propôs resistir à ordem 'vigente', a partir
dos embolorados editos familiares, até as mais comezinhas regras de sua
amplificada interação social. Ao não lhes oferecermos opções conceituais,
salvo as 'nossas' empedernidas, de origem dogmática, como resposta às
inseguranças e questionamentos do 'novo tempo', os jovens partem, sem
concessões, à base do 'tudo ou nada'. E querem que saiamos da frente, caso contrário nos atropelam, em nome de objetivos geralmente ao largo de sua incipiente percepção.
Lucas Vidigal - Ag. Estado
Intercomunicando-se por seus ipod, ipad, smartfones e demais parafernália midiática conectando redes chamadas 'sociais', a juventude brasiliense-classe média partiu para bagunçar o coreto na abertura da Copa das Confederações, com o espírito redivivo de um Jânio Quadros do século XXI, cuja vassoura 'moralizadora', 53 anos atrás, foi usada, nas entrelinhas de seu polêmico criador, com propósitos nada democráticos, um ensaio abortado da ditadura que viria quatro anos depois, 'manu militari'.
Todavia, no caso específico de Brasília, predomina uma permissiva oligarquia de raízes burocráticas, cujos potenciais e inquietos sucessores são instados a defendê-la, numa cruzada de 'faz-de-conta' em que simulam pugnar pelo primado da 'moral e dos bons costumes'. À vera, os jovens-classe média, em sua boa fé e exacerbada sede de justiça(inclusive pelas próprias mãos), executam o 'serviço sujo' que os mais velhos de lá não têm coragem de fazer. Ainda que alguns dos afoitos rebentos saiam chamuscados e acabem presos(ou 'apreendidos', se menores) por vandalismo e outros delitos, nada que um bom advogado não tire de letra por alguns milhares de reais.
Afinal, é muito mais chique provocar a polícia e seus históricos hábitos de virulência, na Capital da República, garantindo, aos olhos do mundo, extraordinária repercussão planetária de preciosos minutos na TV, preferentemente com cabeças de jovens sangrando, vítimas do cassetete repressor. E, por ser em Brasília, tudo, sem dúvida, culpa direta do governo do PT. Isto é, da Dilma. E como Lula foi o grande cabo eleitoral da Rousseff em 2010, o mentor das bordoadas, com base na trágica 'teoria do domínio do fato', que o Supremo utilizou no julgamento do 'mensalão', passa a ser o ex-presidente. Só pode ter sido ele, conforme subtendido na reportagem do Jornal Nacional... (AMgóes)
André Coelho - Ag.O Globo
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