quarta-feira, 15 de maio de 2013

Farsa do jornal O Globo  sobre o                       assentamento 'Itamarati', no                            
Mato Grosso do Sul                                                
Por  José Coutinho Júnior, no sítio do MST:                

No último dia 5 de maio , o jornal O Globo publicou uma matéria intitulada “De antigo império da soja à maior favela rural no interior do Brasil”. O repórter visitou o assentamento Itamarati, no Mato Grosso do Sul, e, de acordo com a matéria, o local é a prova concreta de que 'a Reforma Agrária no Brasil fracassou'.

De acordo com O Globo, a maioria dos assentados, carentes de assistência técnica e meios para produzir, arrenda seus lotes para grandes fazendeiros: “sem financiamentos ou assistência técnica, os pequenos agricultores não conseguem sobreviver da lida no campo. Até traficantes de drogas arrendam terras por lá. Tem fazendeiro que arrenda até 15 lotes”.

O Globo também alega que os “silos e armazéns de grãos estão apodrecendo”, e que “a prefeitura de Ponta Porã aguarda até o dia em que o Incra conceda a área para o município. Ali, quer que nasça uma nova cidade”.

Estive no assentamento Itamarati no ano passado para fazer uma matéria sobre a produção local para uma revista especial que o MST irá lançar, e posso afirmar que a reportagem do jornal O Globo não corresponde à realidade.

“A maior favela rural do Brasil”, como afirma o título da reportagem, conta com duas formas de trabalhar a produção agrícola: áreas individuais e coletivas. Nos lotes individuais, de até 10 hectares, as famílias produzem frutas e vegetais, como acerola, laranja, mandioca e criam animais. Essa produção é voltada ao consumo interno e venda em pequena escala.

Já as 66 áreas coletivas têm por volta de 120 hectares e um pivô de irrigação compartilhado, capaz de concentrar a produção em larga escala, de onde se extraem os alimentos para a comercialização. Há plantação de milho, soja, amendoim, feijão e pastagem para o gado.

A produção em larga escala passa, então, para as cooperativas, criadas pelos assentados para desenvolver o assentamento. Dados da Cooperativa dos Agricultores Familiares do Itamarati (Cooperafi), responsável pela produção de leite e grãos do assentamento, apontam que a produção de leite no Itamarati chega a 500 mil litros por mês; soja, milho e feijão atingem um milhão, 800 mil e 200 mil sacas por safra, respectivamente.
                

Os silos e armazéns de grãos estão longe de apodrecer. Pelo contrário, a Cooperafi revitalizou o maquinário que já existia na fazenda e se encontrava deteriorado, e hoje o Itamarati, com dez silos ativos, armazena 70 mil sacas de grãos em cada um, além de contar com um silo maior capaz de comportar 1,5 milhão de sacas.

Este silo maior se encontra desativado, mas Jacob Alberto Bamberg, presidente da Cooperafi, afirma que ele terá pelo menos 25% de sua capacidade reformados ainda este semestre.

O Itamarati conta com uma segunda cooperativa, chamada Cooperativa Agroindustrial Ceres (Coopaceres). Ela é responsável pela produção de sementes: na safra do ano passado, 180 produtores do assentamento receberam sementes e produziram 500 toneladas de feijão. Parte dessa produção e das sementes foi exportada para a Venezuela, que comprará mais mil toneladas na próxima safra.

O arrendamento de lotes e a falta de assistência técnica por parte do governo são problemas de fato enfrentados pelo Itamarati. No entanto, à medida que as iniciativas das duas cooperativas se solidificam, esses problemas começam a ser superados.

A Cooperafi contratou técnicos que atualmente vivem no assentamento, especializados na recuperação do solo, além de uma veterinária, também residente lá. Além disso, há planos de construção de um laticínio para agregar mais valor ao leite, de frigoríficos e de cisternas para o período das secas.

O assentamento Itamarati surgiu de uma ocupação em 2002. Nos dois primeiros anos de assentamento, porém, os agricultores perderam muito dinheiro por conta de uma seca.

Segundo Olívia de Moraes, diretora do colégio Carlos Pereira, “nos dois primeiros anos de assentamento as pessoas foram convencidas por agrônomos da região de que estas terras eram uma mina de ouro, e que todos ficariam ricos rápido. A maioria dos produtores investiu nas lavouras, mas como tivemos um período de seca, eles perderam tudo. Muitos inclusive deixaram o assentamento por conta desses primeiros anos”.

Some-se a isso o fato de que a produção de leite na região era alvo de um cartel das empresas leiteiras, que obrigavam os produtores a vender o litro de leite a R$ 0,30 centavos, e muitos produtores deixaram seus lotes ou passaram a arrendá-los por não ver uma saída.

Somente após o surgimento das cooperativas (a Coopaceres surgiu em 2006 e a Cooperafi, em 2010), é que a situação começou a melhorar para os assentados: hoje, o litro do leite, graças à Cooperafi, é vendido a R$0,78 centavos.

As sementes de feijão produzidas pela Coopaceres começam a se difundir, aumentando a produção do grão no assentamento, oferecendo mais uma alternativa economicamente viável aos produtores. Assim, mais produtores deixam de arrendar para voltar a produzir, pois notam que isso é economicamente viável agora.

A reportagem de O Globo é mais uma tentativa de descreditar a Reforma Agrária frente à opinião pública, por meio da manipulação dos fatos. Estranho é que na mesma página o jornal publica uma matéria sobre os resultados positivos da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul, mas não cita uma única vez que a cooperativa em questão é organizada pelo MST. É uma pena que a nossa grande imprensa seja capaz de um jornalismo tão ruim e tendencioso.

MAIS...sobre a Cooperativa de Produtores do Assentamento 'Itamarati', para desmontar o cinismo do jornal O Globo...no site 'www.itamaratinews.com.br:                                                                       


O pequeno produtor tem que se associar a uma cooperativa receber treinamentos adequados com o objetivo de melhorar a qualidade do leite – (Foto: Diogo Neto).

A Cooperativa dos Agricultores Familiares da Itamarati (Cooperafi) informa a todos pequenos produtores, sócios e não sócios do Assentamento Itamarati, que a partir de maio deste ano, estará realizando junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o controle de qualidade. Muitos pequenos produtores estão preocupados com o preço do produto, não dando importância a qualidade do produto.
A partir de 2014, o produtor que não produzir dentro das normas para produção de leite, impostas pela Instrução Normativa 62 (IN-62), provavelmente estará fora do mercado consumidor.
Atualmente a grande maioria das empresas trabalha com leite padrão, e muitos produtores estão produzindo leite abaixo do padrão. O pequeno produtor tem que se associar a uma cooperativa receber treinamentos adequados com o objetivo de melhorar a qualidade do leite.
Quando a ordenha é feita corretamente, a quantidade de bactérias presentes no leite diminui, a produtividade aumenta. Por um leite com mais qualidade, o laticínio remunera melhor o produtor pelo litro de leite. Um dos grandes limitadores da produção de leite é a mastite. Essa doença diminui a produção dos animais e pode estar presente no rebanho sem apresentar sinais clínicos.  Leite padrão exigido hoje
Teor de gordura padrão: 3.31 a 3.45;
Teor de proteína padrão: 2.90 a 3.10;
Contagem de Células Somáticas – (CCS): 301 a 400 mil;
Contagem de Bactérias – (CBT): 101 a 600 mil.
Muitos pequenos produtores do Assentamento Itamarati superam estes dados, porém pela falta das amostras individuais, não há condições de selecionar quais produtores estão dentro do padrão. Quando forem iniciadas as coletas para amostras individuais, os produtores que estiverem fora do padrão, serão orientados para que possam se adequar as normas da (IN-62).
Preço praticado pela Conseleite/MS:  Fevereiro/2013: R$ 0,6949
Preço pago pela Cooperafi                 Fevereiro/2013: R$ 0,6900
Taxa de resfriamento               Fevereiro/2013: R$ 0,0300
Total pago pela Cooperafi                   Fevereiro/2013: R$ 0,7200
As amostras individuais não serão implantadas com o objetivo de punição, e sim melhorar a qualidade do leite e conseguir melhores preços, e servirá também para detectar produto alterado com água, bicabornato, etc., como já tem acontecidos em algumas vezes.
Última atualização (Qui, 11 de Abril de 2013 12:57)
O Campus Ponta Porã do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) irá oferecer gratuitamente, pelo 'Programa Mulheres Mil', o curso básico de cultivo e beneficiamento de plantas aromáticas, condimentares e medicinais.
São oferecidas 100 vagas a mulheres de baixa renda. Além de ter 18 anos, no mínimo, a candidata precisa comprovar que mora no assentamento rural Itamarati.
As inscrições são gratuitas e estarão abertas nos dias 25 de 26 de março, das 8h às 12h e das 13h às 15h, na Casa Digital (AESCA), Vila da Sede no Assentamento Itamarati II.
As candidatas deverão apresentar, no ato da inscrição, originais e cópias do RG, CPF e do comprovante de residência atualizado, além do questionário socioeconômico respondido (disponível na internet).
A seleção será feita por meio da análise do questionário socioeconômico e entrevista. Mulheres inseridas em programas sociais terão prioridade. A previsão é o que o resultado da seleção seja divulgado no dia 28 de março.
As aulas deverão começar no dia 9 de abril. Os encontros serão terças e quintas-feiras, das 13h30 às 16h30, no assentamento Itamarati e no Campus Ponta Porã do IFMS.
Última atualização (Sex, 22 de Março de 2013 19:39)

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