(Fernando Brito)
Certos atos têm mais importância por serem praticados do que pela forma com que são praticados.
A entrevista do Diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, ao ESTADÃO é um desses.
O policial poderia, se desejasse uma entrevista sem dados e destinada a “não dizer”, ficar calado, como normalmente ficam os policiais.
Se falou, foi para dar sinais.
Esperto, Daiello trabalhou com uma “neutralidade" formal que – ninguém chega a diretor da PF sendo ingênuo – permite o objetivo de sinalizar a seus subordinados o “liberou geral” para que sejam efetuados atos cada vez mais ousados de investidas contra o governo eleito da República.
Diante de uma pergunta sobre o que aconteceria se investigações chegassem ao ex-presidente Lula ou à presidenta Dilma, poderia ter dito o que até os promotores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro têm dito: que ambos não estão sendo investigados. Mas preferiu uma mentira polida – “nós investigamos fatos, aonde os fatos vão chegar é consequência da investigação” – e um retumbante (e oco, claro) “doa a quem doer”.
É o suficiente para sinalizar o “liberou geral” para ao exercício da “meganhagem” atrás dos “grandes prêmios”.
Depois, outras frases de “valor absoluto”: “A PF, por sua doutrina, é imune a qualquer tipo de pressão. Não nos interessa quem está sendo investigado, mas fazer uma investigação competente, com provas robustas...”
O que, é claro, não valeu para Daniel Dantas, não é?
Nem para tudo o que se relatou no “Privataria Tucana”…
E a escuta clandestina, comprovada pelo encontro de equipamentos, encoberta por uma sindicância fajuta e apontada, em depoimento, por um agente e um delegado da própria PF, é tratada com impressionante calma: “Toda e qualquer conduta duvidosa é apurada de imediato pela Corregedoria. Estamos apurando se o fato existiu e se foi ilícito administrativo ou penal.”.
Poderia ter dito: “estamos identificando as responsabilidades e, caso se confirme uma ação ilegal dentro da sede Polícia Federal, os eventuais responsáveis serão afastados e punidos“. Dispensava-se até o “doa a quem doer”, doutor…e não reclame se isso for interpretado como um “calma, não vai dar nada”. Porque, afinal, já não deu, na primeira sindicância, não é?
Mas é ao Ministro da Justiça, certamente, a quem o Dr. Daiello, reserva o maior – talvez por merecimento – o maior papel de bobo.
“O ministro da Justiça não é seu chefe?
O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei.
Então, o que tanto o senhor conversa com o ministro da Justiça? O senhor vive no ministério…
Assuntos correlatos à PF, fronteira, tráfico de drogas, equipamentos novos…
E investigação do PT, das campanhas da presidente?
O ministro tem conhecimento de uma investigação no dia em que a operação é desencadeada, logo após as buscas e prisões. O diretor-geral, nesse momento, informa ao ministro o que está acontecendo, mas só nesse momento.”
Jura, 'doutor'?
Antes só ficam sabendo a Veja, a Globo, os repórteres escolhidos para os vazamentos, essa turma… Coisa que o 'doutor-diretor' da PF não menciona porque, afinal, não existe, não é?
Entrevistas que não dizem nada, em geral, querem dizer muita coisa.
(Fernando Brito)
Certos atos têm mais importância por serem praticados do que pela forma com que são praticados.
A entrevista do Diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello, ao ESTADÃO é um desses.
O policial poderia, se desejasse uma entrevista sem dados e destinada a “não dizer”, ficar calado, como normalmente ficam os policiais.
Se falou, foi para dar sinais.
Esperto, Daiello trabalhou com uma “neutralidade" formal que – ninguém chega a diretor da PF sendo ingênuo – permite o objetivo de sinalizar a seus subordinados o “liberou geral” para que sejam efetuados atos cada vez mais ousados de investidas contra o governo eleito da República.
Diante de uma pergunta sobre o que aconteceria se investigações chegassem ao ex-presidente Lula ou à presidenta Dilma, poderia ter dito o que até os promotores da Lava Jato e o juiz Sérgio Moro têm dito: que ambos não estão sendo investigados. Mas preferiu uma mentira polida – “nós investigamos fatos, aonde os fatos vão chegar é consequência da investigação” – e um retumbante (e oco, claro) “doa a quem doer”.
É o suficiente para sinalizar o “liberou geral” para ao exercício da “meganhagem” atrás dos “grandes prêmios”.
Depois, outras frases de “valor absoluto”: “A PF, por sua doutrina, é imune a qualquer tipo de pressão. Não nos interessa quem está sendo investigado, mas fazer uma investigação competente, com provas robustas...”
O que, é claro, não valeu para Daniel Dantas, não é?
Nem para tudo o que se relatou no “Privataria Tucana”…
E a escuta clandestina, comprovada pelo encontro de equipamentos, encoberta por uma sindicância fajuta e apontada, em depoimento, por um agente e um delegado da própria PF, é tratada com impressionante calma: “Toda e qualquer conduta duvidosa é apurada de imediato pela Corregedoria. Estamos apurando se o fato existiu e se foi ilícito administrativo ou penal.”.
Poderia ter dito: “estamos identificando as responsabilidades e, caso se confirme uma ação ilegal dentro da sede Polícia Federal, os eventuais responsáveis serão afastados e punidos“. Dispensava-se até o “doa a quem doer”, doutor…e não reclame se isso for interpretado como um “calma, não vai dar nada”. Porque, afinal, já não deu, na primeira sindicância, não é?
Mas é ao Ministro da Justiça, certamente, a quem o Dr. Daiello, reserva o maior – talvez por merecimento – o maior papel de bobo.
“O ministro da Justiça não é seu chefe?
O ministro da Justiça é o responsável pela PF, mas na esfera administrativa. As ações da PF na esfera de investigação são feitas no limite da lei.
Então, o que tanto o senhor conversa com o ministro da Justiça? O senhor vive no ministério…
Assuntos correlatos à PF, fronteira, tráfico de drogas, equipamentos novos…
E investigação do PT, das campanhas da presidente?
O ministro tem conhecimento de uma investigação no dia em que a operação é desencadeada, logo após as buscas e prisões. O diretor-geral, nesse momento, informa ao ministro o que está acontecendo, mas só nesse momento.”
Jura, 'doutor'?
Antes só ficam sabendo a Veja, a Globo, os repórteres escolhidos para os vazamentos, essa turma… Coisa que o 'doutor-diretor' da PF não menciona porque, afinal, não existe, não é?
Entrevistas que não dizem nada, em geral, querem dizer muita coisa.
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